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Publicado em 8 de maio de 2022 às 09:01
Os caminhos que levam à maternidade nem sempre vão passar por uma gestação. Muitas mulheres, por motivos diversos, realizam o desejo de se tornarem mães por meio da adoção. E a vida é transformada pelo amor, pelos novos desafios, pelas conquistas. Essa é a história de Telma Apolinário, Virginia Silva e Eliane Vieira, já com suas crianças, e também de Laís Cristina que, mesmo na segunda gravidez, segue na fila à espera do filho do coração. >
Telma e o marido, João Carlos, entraram na fila da adoção e também na contramão de padrões ao se tornarem pais de Mariana quando ela já tinha quase 9 anos. Essa é uma faixa etária a partir da qual dificilmente as crianças conseguem uma família e só deixam o abrigo quando chegam à maioridade para buscar a própria sorte. >
No Espírito Santo, há hoje 786 crianças abrigadas, das quais 514 têm mais de 6 anos. Do total, 100 estão disponíveis para adoção, segundo dados do painel do Conselho Nacional de Justiça (CNJ).>
O abrigamento é a primeira fase pela qual passa uma criança quando ela não pode ficar sob a responsabilidade de pai e mãe biológicos. Por isso, há uma diferença entre o número de acolhidos para os que estão efetivamente aptos à adoção. >
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O Judiciário tenta, inicialmente, reintegrar essas crianças às famílias, dando prazo para se reestruturarem, mas, se não é possível, os pais são destituídos desse poder para que meninas e meninos fiquem disponíveis para um novo lar. Não há um tempo determinado do abrigamento até a criança ficar disponível.>
Para a administradora Virginia Silva, depois que foi habilitada para a adoção, o primeiro filho chegou em dois meses. Ela conta, em tom de brincadeira, que o tempo de nove meses que a maioria das mulheres tem para preparar a casa e receber o recém-nascido, no seu caso se resumiu em 4 horas a partir do momento que recebeu a ligação da assistente social. >
Gabriel chegou quando tinha 50 dias e, dois anos e meio depois, Virginia recebeu Rafaella, aos oito meses. A adoção de mais de uma criança, como fez a administradora, também não é frequente. >
Para quem deseja adotar, há um procedimento chamado habilitação, em que o candidato se manifesta perante a Justiça sobre a sua intenção. Entre outras etapas, o pretendente deve indicar um perfil do futuro filho, com gênero, cor, condição de saúde. É nessa fase que crianças maiores costumam ficar de fora da lista, assim como aquelas com alguma doença ou com grupo de irmãos.>
Entre as crianças abrigadas, 419 têm pelo menos um irmão na mesma condição. Das 100 disponíveis para adoção, 69 têm irmãos e 30 algum problema de saúde.>
Na avaliação da confeiteira Eliane Vieira, não há que se ter medo ou preconceito. Desde o momento em que a mulher decide ser mãe, não faz diferença se a criança vai ser gerada na própria barriga ou no coração. >
E há muitas famílias dispostas à adoção. Hoje, o Espírito Santo tem 643 pretendentes disponíveis, como o casal Laís Cristina e João Américo Procópio que entrou na fila porque ela recebeu um diagnóstico de que não poderia gerar filhos naturalmente. Até que veio a Alice e, agora, os pais aguardam por Helena. Ainda assim, seguem esperando pelo filho adotivo. >
No Estado, há grupos de apoio para as famílias que planejam ou já adotaram, como o Gerando com o Coração, conduzido por Virginia Silva com outro casal de adotantes. Há, ainda, um trabalho desenvolvido pela Comissão Estadual Judiciária de Adoção (Ceja) que, entre outras ações, promove a campanha Esperando por Você, com crianças e adolescentes prontos a seguir para um novo lar. >
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