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Publicado em 19 de maio de 2021 às 15:16
Chamada por Carlos Drummond de Andrade de “revolucionária romântica”, por seu amor pelo marxismo e modernismo literário, a vida e a carreira da poetisa capixaba Haydée Nicolussi (1905/1970), nascida em Alfredo Chaves, é destaque do Projeto de Extensão "Gente do Benevente: Memória, Cultura e Meio Ambiente", desenvolvido pelo Departamento de Línguas e Letras da Universidade Federal do Espírito Santo. >
Coordenada pela professora Júlia Almeida, a iniciativa, batizada de "Haydée Presente: Rememórias", contará com 14 vídeos, de um minuto cada, destacando a história de vida e os poemas da autora, que escreveu textos em veículos como "A Gazeta", "O Cruzeiro" e a saudosa revista "Vida Capichaba", além de ter publicado um livro, "Festa na Sombra" (1943), com sucesso de crítica. >
A escritora, perseguida e presa pela ditadura militar, foi mencionada na obra de Graciliano Ramos, "Memórias do Cárcere" (1976), como na biografia de Olga Benário, publicada por Fernando Morais em 1985. >
"Haydée Nicolussi viveu na ambiência de duas guerras mundiais, entre dois períodos autoritários da vida nacional, entre 1930 e 1945. Ao sofrer as consequências da perseguição política, contou esse mundo terrível através da poesia e da escrita, não abrindo mão, mesmo com todas as dificuldades de publicar seus livros, de ser uma escritora que pensa o mundo em que vive e o traduz para imagens poéticas. Seu único livro, “Festa na Sombra”, nos inspira pensar a resistência pela arte", acredita Júlia Almeida. >
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Como citado no início do texto, "Haydée Presente: Rememórias" é um "braço" do Projeto de Extensão "Gente do Benevente", que nasceu do contato com a vida cultural de Matilde, em Alfredo Chaves, e do desejo de registrar e fomentar suas festas populares, como o carnaval e a Folia de Reis.>
"Em 2019, fiz uma pesquisa sobre a escritora e vi a necessidade de desenvolver uma ação para divulgar sua obra. Em 2020, graças à turma de alunos da disciplina Seminário de Extensão, conseguimos avançar e fazer o site Poeta e Revolucionária, além dos perfis no Instagram e Facebook, que começou a dar uma visibilidade maior para o projeto e para a escritora, que é o nosso objetivo", descreve Júlia, afirmando que os vídeos dedicados à poetisa serão divulgados nas redes sociais. Já estão disponíveis os especiais "Infância"; "Evocação"; "Sobre Escrever Literatura"; e "Vila Velha, Cidade Presepe".>
"No final de 2020, a Prefeitura Alfredo Chaves propôs um edital de projetos culturais, que tinha, entre eles, a realização de um vídeo sobre um personagem da cidade. Com a nossa proposta aprovada, em fevereiro iniciei o roteiro, com a participação das alunas de graduação de Letras Amanda Rangel Menon e Sasha Ingrid Muniz. Tem sido gratificante pesquisar fotos, textos e gravar os poemas em vídeo", descreve, com emoção, a professora universitária, informando que o material também será usado pelos alunos da Escola Felipe Modolo, em Matilde. >
Os vídeos-documentários são apenas uma parte das homenagens à poetisa alfredense. Em parceria com o escritor e professor Francisco Aurélio Ribeiro - que, em 2007, publicou "Ainda Resta uma Esperança. Haydée Nicolussi: Vida e Obra" -, Júlia Almeida pretende criar uma exposição permanente sobre a autora no Salão Haydée Nicolussi, localizado na Estação Ferroviária de Matilde.>
"A ideia de 'povoar' o espaço com a memória e a obra de Haydée é um sonho que venho perseguindo. Conseguimos uma estante com a prefeitura municipal para fazer um espaço de leitura e Francisco Aurélio nos cedeu vários objetos da escritora (como diploma, fotos e cartazes) para a exposição. No momento, estou organizando os suportes para o material, já que lá é um prédio tombado, e espero que, até o final do ano, com uma melhora no cenário da pandemia, a gente possa abrir para visitação no verão", complementa. >
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