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No Dia do Músico, a diferença que eles fazem no Espírito Santo

No Dia do Músico, a diferença que eles fazem no Espírito Santo

Cena musical capixaba evoluiu e hoje só precisava de aparelhos culturais mais robustos para abrigar projetos que integram jovens e idosos na música

Publicado em 21 de novembro de 2018 às 20:36

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No dia 22 de novembro é celebrado o Dia do Músico. No Espírito Santo, a data tem um significado importante, que vem acompanhado de conquistas realizadas por milhares de capixabas que alçam voos nas artes - inclusive musicais. Profissionais ou não, o Estado também contabiliza dezenas de músicos que se orgulham da profissão e elabora, cada vez mais, projetos que possam integrar as várias camadas da sociedade por meio da cultura. 

Dia do Músico: grupo da Fames em apresentação no Festival de Blues e Cervejas Artesanais Capixabas, em Vila Velha, em novembro de 2018; ações nas ruas faz parte de projeto para expandir formação musical. (Fames/Divulgação)

Desde meados dos anos 2000 o Espírito Santo pode se orgulhar de viver uma onda de evolução nas produções culturais, sobretudo na música. Em projetos sociais organizados por entidades capixabas, milhares de jovens acabam recebendo formação musical que os faz, no futuro, se tornar repetidor da importância desse ensino. Se não bastasse, todo esse conhecimento em torno das partituras reflete em ações empreendedoras de músicos que conseguem, por meio da economia criativa, dar continuidade ao trabalho de inclusão. Além disso, a chegada da internet também fez toda a diferença para que a atuação desses profissionais se tornasse mais ampla e democrática.

Em 2007 a Faculdade de Música do Espírito Santo (Fames) passou a ter diversas formações de orquestra que trabalham em prol da divulgação das próprias feitorias. Lá, estima-se que além dos mil alunos internos, outros seis mil jovens acabem sendo contemplados com os projetos sociais que a instituição adota. Para o maestro Marcelo Madureira, as orquestras jovens e bandas sinfônicas são a representação de que há uma nova geração empenhada em fazer a diferença.

Dia do Músico: O maestro da Fames Marcelo Madureira (segundo da esquerda para a direita) com Alan Pinheiro, Izabel Santos e Fabiola Costabeber. (Reprodução/Facebook Marcelo Madureira)

"Nós temos alunos que depois montam escolas, que implantam projetos sociais em escolas, que passam a trabalhar com a gente... Então conseguimos observar que esse sistema só traz benefícios", declara. Ele enxerga os projetos como uma vitrine para outras experiências que podem ser até expandidas do Espírito Santo para outros estados. "Acho que em termos de produção nós, os capixabas, somos muito felizes. Só faltam aparelhos culturais que tenham estrutura para acompanhar o desenvolvimento", relata ele, querendo dizer que os músicos fizeram sua parte distribuindo a arte, mas nem sempre conseguem apresentá-la como queriam.

Marcelo, durante a entrevista ao Gazeta Online, chega a citar o Cais das Artes, obra que começou em 2010 pelo Governo do Estado e ainda não foi finalizada, como um lugar que abraçaria a música capixaba. "Lá seria ideal. O projeto mostra que toda a estrutura que ele possui iria abraçar a arte, inclusive o que diz respeito à música", acredita. Ainda assim, avalia que o cenário musical do Estado é bastante satisfatório.

"Dos aparelhos que dispomos, como o Teatro Glória, o Carlos Gomes e o Sônia Cabral, conseguimos ocupar todos e sempre com casa cheia. A Fames, neste ano, fez apresentação fechada para mais de 40 mil pessoas em um evento e disso só se tem a agradecer", comemora.

MÚSICA NA VIDEOCONFERÊNCIA

"Não dá para, em pleno 2018, a gente negar a tecnologia", dispara a professora de música Sônia Saadi, que junto da filha Silvânia Saadi coordena uma escola na Praia do Canto, em Vitória. Desde o ano passado, Silvânia dá aulas por videoconferências para alunos que moram em outros estados e, até, países. "O meu próprio professor mora, agora, em Portugal. Mas ele me dá aulas pelo vídeo e trocamos as partituras e gravações da aula por e-mail. Isso hoje em dia já é uma realidade e, como em todos os setores, a música avançou para o ambiente digital", declara Silvânia.

Dia do Músico: Silvânia e Sônia Saadi Barros, filha e mãe, são professoras de música e brindam a data comemorando o trabalho que fazem no Espírito Santo. (Gad Monteiro/All Live)

Ela avalia que, além de músicos profissionais, várias pessoas que seguem outras carreiras às vezes têm vontade de se realizar dominando algum instrumento e que atualmente é nisso que ela se dedica. Anualmente, Silvânia também realiza uma audição com todos seus alunos em um cerimonial, onde eles se apresentam com alguma música ou número artístico que tenham desenvolvido ao longo do ano. "Acho que é essencial. Além de ser uma forma de apresentar o trabalho para outras pessoas e fazer mais gente ter contato com a cultura, o aluno, que é médico, advogado, arquiteto, empresário, mostra essa nova habilidade para os amigos e família", pondera.

Nesse ponto, Silvânia destaca que o público da terceira idade é do que mais pode tirar proveito dessa experiência, além, é claro, das crianças. "Tenho alunas que têm até 90 anos. É muito realizador para elas, da terceira idade, conquistarem esse espaço na música. Assim como a criança de três anos se sentirá gratificada quando conseguir completar uma canção", exemplifica. 

De acordo com ela, essa disseminação da música faz parte do propósito de todos os professores e que é justamente nesse ponto que todos se realizam: "Não tem preço ver alguém de três ou de 90 anos que tem aulas com você se apresentar com uma música que você conseguiu fazer ele aprender".

Para o maestro, essas ações são extremamente importantes porque, justamente como pontuam Sônia e Silvânia, ajudam no acesso de mais pessoas à arte. "Nós temos dados que mostram que quanto mais gente vê alguém tocando, por exemplo, mais pessoas querem também se projetar naquela posição de aprender algum instrumento", afirma.

Dia do Músico: Grupo da Fames faz apresentação em escola da rede estadual; projeto da instituição contempla ensinar música e apresentar números para estudantes de colégios públicos. (Fames/Divulgação)

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Marcelo aponta ainda que quando a música entra para agregar em uma pessoa que desempenha outra carreira ela pode interferir ainda mais nas relações interpessoais. "Tenho vários amigos que seguiram outro ramo, mas que tocam algum instrumento e, por isso, fazem questão de que os filhos e sobrinhos aprendam alguma coisa. Eles, que já tocam, entendem e vivem a importância da música no desenvolvimento pessoal", revela.

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