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Documentário capixaba mostra a vida de refugiados na Grande Vitória

Documentário capixaba mostra a vida de refugiados na Grande Vitória

"Refúgio", de Shay Peled e Gabriela Santos Alves, está em pré-estreia nesta quinta-feira, dia 9 de maio, às 20h, no Cine Metrópolis (Ufes). A entrada é franca.

Publicado em 8 de maio de 2019 às 15:06

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Cena do documentário capixaba "Refúgio". (Banana Produções/ Divulgação)

Abordar de forma naturalista a dura realidade dos refugiados que saem de seus países - quase sempre em guerra - em busca de dignidade tem rendido um excelente material para os documentaristas.

Recentemente, podemos acompanhar os ótimos “Human Flow - Não Existe Lar se Não Há para Onde Ir”, do chinês Ai Weiwei, sucesso no Festival de Veneza 2017; ou mesmo “Fogo no Mar”, vencedor do Urso de Ouro em Berlim 2016, do mestre italiano Gianfranco Rosi. Isso só para citar os dois mais relevantes de uma safra que tem recebido aplausos da crítica e prêmios internacionais.

Nesta mesma vibe, chega o capixaba “Refúgio”, de Shay Peled e Gabriela Santos Alves, que está em pré-estreia nesta quinta-feira, dia 9 de maio, às 20h, no Cine Metrópolis (Ufes). A entrada é gratuita.

Peled e Gabriela demonstram maturidade e sensibilidade como diretores e acertam ao fazer um painel humanista - e sem rodeios narrativos - do cotidiano de cinco imigrantes refugiados de países do Oriente Médio e da África em sua busca por uma vida melhor na Grande Vitória.

A opção pelos cortes secos e narrativa linear dão a humanidade necessária a um documentário que aborda um tema urgente. Sua simplicidade casa com uma história que exige solidariedade do espectador.

“Refúgio” discute, entre outros pontos pertinentes, questões como o encontro de diferentes culturas e a construção do “pertencimento”, da identidade e da fé longe das raízes originais dessas pessoas.

Uma das diretoras do documentário - que surgiu de um trabalho multidisciplinar dos cursos de Cinema, Música e Direito da Ufes -, Gabriela Santos Alves diz que o projeto nasceu da necessidade de trazer uma pauta positiva sobre os imigrantes.

“No imaginário coletivo, especialmente no momento repressor que estamos vivendo, a maioria dos refugiados é visto como ‘homem-bomba’, o que chega para ocupar o nosso espaço na sociedade. Queremos humanizar o cotidiano deles e mostrar a sua realidade”, adianta.

RELIGIÃO

Cena do documentário capixaba "Refúgio" . (Divulgação)

 

O filme, que não teve auxílio de leis de incentivo cultural, destaca a religiosidade de seus personagens como elemento central do cotidiano de cada um deles. “É uma espécie de construção da identidade dos imigrantes. Muitos se comunicam com o mundo por meio da tríade: religião, comida e núcleo familiar”, acredita a cineasta.

“Refúgio” mostra situações bem díspares. Vemos a vida de Hadi, um professor que veio da Líbia e organiza cultos islâmicos em uma sala da Ufes, e os afazeres de Jouma e sua mulher Irene, casal que saiu do Líbano e veio para o Brasil buscando segurança para sua família, pois são cristãos evangélicos em meio a um país de maioria muçulmana. “A intolerância está em pauta, tando no Brasil como nos países de origem deles”.

Feminista atuante, Gabriela defende a presença da mulher em “Refúgio”. “Mesmo vindo de países muçulmanos, onde os direitos delas são, normalmente, cerceados, o seio da família árabe é diferente. As mulheres são atuantes, responsáveis pela união e estrutura da casa”.

Curiosamente, alguns diálogos do curta-metragem que estão em árabe não contam com legendas em português. A iniciativa, de acordo com a cineasta, casou perfeitamente com a ideia de fazer do documentário um filme universal. “Queríamos mostrar personagens de um universo tão diferente do nosso, que, às vezes, não são compreendidos. Porém, nos identificamos com outras formas de comunicação desse povo, como a culinária, por exemplo”.

Após a sessão desta quinta, o documentário capixaba tem planos ambiciosos para o futuro. “Vamos participar de um festival de Portugal, o Encontros de Cinema de Viana. Além disso, pretendemos exibi-lo em cineclubes, espaços públicos, escolas e sindicatos. Queremos criar um núcleo de discussão sobre as diferenças e a necessidade do respeito, pontos muito importantes no Brasil atual”, finaliza.

SERVIÇO

O que é: Pré-estreia do documentário em curta-metragem "Refúgio", de Shay Peled e Gabriela Santos Alves.

Onde e quando: Nesta quinta-feira, dia 9 de maio, a partir das 20h, no Cine Metrópolis (Ufes). Entrada franca.

 

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