Durante a temporada do Oscar deste ano, muito se falou que Vingadores: Guerra Infinita merecia ser indicado no lugar de Pantera Negra, que acabou levando três prêmios para casa. O filme do vilão Thanos realmente desempenha um papel de mais impacto no universo Marvel, mas Pantera Negra tem início, meio e fim, ou seja, apesar de todas as suas conexões, funciona como um filme único, independente de materiais de outros heróis.
Capitã Marvel segue o mesmo caminho e nem poderia ser diferente, o filme, afinal, se passa em 1995, cerca de 10 anos antes de Tony Stark desenvolver sua armadura e se tornar o Homem de Ferro, o ponto zero do Universo Cinematográfico Marvel.
Quando encontramos Carol Danvers (Brie Larson) pela primeira vez no filme, ela não sabe ao certo quem é. Guerreira da força Starforce Kree, ela tem sonhos que parecem ser de outra pessoa e treina com Yon-Rogg (Jude Law) para estar sempre pronta para a guerra contra os Skrull, raça de alienígenas metamorfos.
Em uma missão, ela é capturada pela força skrull e acaba caindo na Terra, onde seu passado a persegue. Seu caminho logo se cruza com o de um agente da Shield chamado Nick Fury (Samuel L. Jackson), que se torna seu parceiro nessa aventura que mistura jornada de autoconhecimento, empoderamento, humor e, claro, muita aventura.
DESLOCADO
Por se tratar de uma origem, Capitã Marvel, o filme, parece deslocado do momento atual do Universo Marvel, que vinha apostando nos filmes com pegada autoral (Thor: Ragnarok e Os Guardiões da Galáxia, por exemplo). Aqui, os diretores Anna Boden e Ryan Fleck precisam introduzir sua protagonista, criar um conflito para ela e fazer o público acreditar que Carol Danvers tem o que é preciso para salvar o mundo em Vingadores: Ultimato, que estreia em 25 de abril (sim, uma cena pós-crédito faz a conexão entre os filmes).
O resultado é um filme irregular, que se sustenta na ótima química entre Brie Larson, Samuel L. Jackson e Ben Mendelsohn (Talos, o líder skrull) e na nostalgia noventista, mas derrapa em sequências de ação confusas e na primeira metade do roteiro, que abusa de referências que nem sempre funcionam.
Vindo dos filmes independentes (como o bom Se Enlouquecer, Não se Apaixone) e de séries como Billions, os diretores se saem melhor no desenvolvimento dos personagens do que nas lutas entre eles. Neste ponto, acompanhar a jornada de Carol Danvers até a revelação total de seus poderes é bem satisfatório.
É justamente após algumas (interessantes) reviravoltas que conhecemos todo o poder da Capitã Marvel (que nunca é chamada assim no filme) e o que ela é capaz de fazer. Nessa descoberta o filme, assim como sua protagonista, também descobre sua força como uma aventura espacial sobre empoderamento. Tudo reforçado pela ótima trilha sonora que tem Hole, No Doubt, Elastica, Nirvana, Garbage... Anos 90.
Brie Larson leva para tela sua luta pelo sem ser panfletária (uma bela sequência deixa isso claro); sua simples presença como primeira protagonista feminina em um filme da Marvel já é capaz de despertar as heroínas em milhares de meninas mundo afora.
Capitã Marvel talvez funcionasse melhor há uns sete anos, ainda na primeira fase da Marvel nos cinemas, mas isso teria esvaziado o fator surpresa da personagem na luta contra Thanos.
Ao fim, mesmo com momentos genéricos e pouco inspirados, o filme não é ruim. Ele não tem a força transformadora de Pantera Negra, mas tampouco é fraco como os dois primeiros Thor. Capitã Marvel foi feito para ser um filme noventista de origem, e cumpre bem o seu papel.
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