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Aretuza Lovi quer passar sua verdade no disco de estreia 'Mercadinho'

Aretuza Lovi quer passar sua verdade no disco de estreia "Mercadinho"

Cantora, que começou a carreira em 2012, se tornou inspiração para o movimento LGBT

Publicado em 27 de julho de 2018 às 19:43

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Aretuza Lovi é a primeira drag queen a lançar um CD físico no Brasil. (Reprodução/Instagram @aretuzalovi)

Seis anos depois de embarcar no mundo da arte, Aretuza Lovi lançou o primeiro CD de sua carreira no último dia 13 de julho. A drag comemora a conquista e, também, o poder de transformar vidas por meio da música, se tornando exemplo no meio LGBT. Agora, a jovem de 28 anos realiza turnê  - que, inclusive, já passou por Vitória - com apresentações que vão brindar a representatividade e respeito a cada nota.

Em entrevista ao Gazeta Online, Aretuza ainda lembra da recente apresentação no Espírito Santo, no último dia 21 de julho. Ela ficou surpresa com a receptividade dos capixabas e diz que Vitória tem uma energia especial. "Fico muito feliz com o carinho dos fãs e muitas mensagens que eu recebo me deixam emocionada", declara.

Agora, é com o CD que ela retribui esse carinho: "É um sonho! Fiquei mais forte depois de todos esses anos, vi quem estava ao meu lado... E, agora, vou ver minha música tocando e deixando uma marca por aí". A cantora destacou que algumas das canções têm um quê de crítica, enquanto comemora ser uma artista que coleciona amizades no meio em que atua. Confira o bate-papo.

É o primeiro álbum da carreira. Como foi o processo até chegar nele?

Já tinha lançado dois EPs, independentes, e agora é o primeiro álbum. Estou muito feliz, muito feliz de olhar para trás e ver que tudo o que eu passei valeu a pena e foi muito válido. A gente tem que absorver todas as dificuldades pelas quais passa e transformá-las em pensamentos positivos. Temos que passar por essas coisas. Eu fiquei mais forte, vi quem realmente estava do meu lado e hoje posso dizer: "Estou em uma grande gravadora, vou vender nas lojas, nas plataformas digitais. Vou ver minhas músicas tocando e deixar uma marca como artista"

Você sente que já ajudou pessoas com a música?

Recebo, diariamente, muitos depoimentos de gente que está com depressão e diz que me escuta para ficar melhor, psicólogos falando que pacientes chegam e pedem que no tratamento sejam introduzidas músicas minhas... Teve uma criança que entrou em contato comigo e estava doente. Ela me mandava vídeos e compartilhou um pouco da sua história comigo porque gostava do meu trabalho. Já recebi gravações de idosos fazendo aula de dança com músicas minhas, também. Isso para mim que é gratificante. E quanto às crianças, fico ainda mais feliz, porque elas são os seres mais puros e verdadeiros. Se elas estão gostando, eu adoro

E no álbum você quis trazer artistas convidados, também. Como foi a seleção?

Eles são mais que artistas. São amigos queridos que têm uma história comigo que vai além do que podem imaginar. Como a Pabllo Vittar, a Gloria Groove, a Valesca (Popozuda) e a Iza, que tem um peso muito grande na minha história. Nós (Iza e eu) somos dos mesmos produtores e temos uma troca. Busquei pessoas que têm histórias comigo.

E você participou da produção, chegou a escrever alguma música...?

Participei de tudo (risos). Da produção, dei muitas ideias, afinal de contas é o meu trabalho, é o meu sonho. Tem que ficar a minha cara e eu quero passar a minha verdade. Eu tenho um dedo em algumas músicas, mas eu tenho três produtores e três compositores que são maravilhosos e trabalham comigo. Ajudei a compor algumas coisas, também. A Gloria (Groove), por exemplo, também compôs para esse disco.

O nome, "Mercadinho", tem algum motivo especial?

Sim. Quando eu lancei "Catuaba", que foi onde passei a ficar mais conhecida, tinha uma frase que Gloria (Groove) escreveu, que era: "Aretuza, já passei no mercadinho". E aí, as pessoas passaram a brincar muito com isso, então pensei que lançar o álbum com esse nome poderia ser uma boa brincadeira.

E as músicas têm alguma mensagem que você quer passar?

Cada música tem uma história diferente. Tem uma que fala em como a gente vive em um mundo capitalista, que as pessoas só querem ter dinheiro para comprar, só querem ser amigas de gente que tem esse dinheiro... E a música mostra que você se basta, sua felicidade basta. Tem outra, chamada "Amor Mutante", que fala de como a sociedade ainda é preconceituosa com os casais LGBTs, por exemplo. Se um trans sair com sua namorada na rua, os dois serão julgados. Por que isso? Então é um amor mutante... Eu sempre tento buscar nas músicas a minha rotina.

Aretuza Lovi é a primeira drag queen a lançar um CD físico no Brasil. (Reprodução/Instagram @aretuzalovi)

E como você se enxerga, hoje, como artista?

A gente vive tão imerso à nossa arte e eu entro de cabeça e alma em tudo o que eu faço. Eu até comento com meus amigos que eu não tenho noção do meu alcance. Todos falam que sou muito conhecida, que eu tenho um peso enorme... Mas, de fato, eu sou a mesma pessoa. Eu luto para quebrar barreiras, luto para não sofrer preconceito e me espanto sempre que alguém chora perto de mim dizendo que é meu fã, ou quando alguém entra no meu camarim e diz que eu mudei a vida dela... Mas é muito emocionante ao mesmo tempo,

Nós tivemos um episódio recente com Nego do Borel, em que ele foi muito criticado pelo movimento LGBT depois de lançar "Me Solta", seu novo clipe. Como você se sentiu, como drag e como artista?

Eu prefiro não falar dele, somos da mesma gravadora. Mas digo que hoje a gente vive em um meio que é de muita problematização. Lógico que são muitas coisas envolvidas... Mas eu continuo lutando pela minha causa. Meu papel como artista é dar voz às pessoas que não podem falar.

E agora você tem novos trabalhos à vista... Vai sair em turnê...?

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O disco lançou agora, nesta semana já lançamos um dos clipes... Estamos, agora, montando a turnê por várias cidades do Brasil e eu pretendo voltar ao Espírito Santo. Eu amo o carinho de Vitória.

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