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Pais e escolas: uma parceria para formar talentos

Pais e escolas: uma parceria para formar talentos

Atuação conjunta da família e da instituição de ensino é essencial para o desenvolvimento integral das crianças

Publicado em 27 de setembro de 2023 às 05:10

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Educação; escola; pais; crianças
A participação dos pais no cotidiano escolar dos filhos é fundamental . (Freepik)

A parceria entre a família e a escola é um dos principais elementos para o desenvolvimento integral das crianças, dos adolescentes e dos jovens. Os pais e a instituição de ensino devem estar em constante sintonia, mas há também desafios a serem enfrentados nesse contexto em que um dos objetivos em comum é formar talentos.

“Sabemos que, quando a sintonia entre família e escola existe de fato, a possibilidade de o processo de aprendizagem ser ampliado é muito grande. Essa aproximação precisa ser estimulada de forma contínua”, avalia a pedagoga Cláudia Petri.

A pesquisa “Educação na perspectiva dos estudantes e suas famílias”, encomendada pelo Itaú Social e realizada em dezembro de 2022, mostra que 80% dos familiares se sentem valiosos e importantes para a escola. Esse é um número muito significativo, diz Cláudia, que é também coordenadora de Soluções Educacionais da entidade.

A pedagoga afirma que é preciso entender que a família se destaca como importante agente educativo, não só para o desenvolvimento de uma maneira ampla, mas também para melhorar o desempenho escolar, o engajamento e a permanência dos alunos na unidade de ensino.

A escola, segundo Cláudia, precisa trabalhar rumo a uma gestão democrática, capaz de incentivar a participação constante da família no ambiente escolar. E essa relação deve ir além dos encontros formais, das reuniões para falar de desempenho dos estudantes.

“A escola precisa conhecer as famílias para conhecer os seus alunos. É importante abrir canais de comunicação e estar à disposição em horários mais acessíveis e demonstrar que a escola está aberta para o diálogo.”

Doutor em Educação e diretor da Escola Municipal de Ensino Fundamental Álvaro de Castro Mattos, em Jardim da Penha, Vitória, Paulo Rodrigues vivencia essa parceria na prática.

Ele conta que, como gestor, busca atuar com o conselho e a comunidade escolar para organizar o espaço estudantil e implementar as ações pedagógicas, disponibilizando uma boa estrutura física, os recursos humanos e materiais necessários para a oferta de uma educação que ajude os estudantes no processo de desenvolvimento e potencialização de suas habilidades.

A coordenadora pedagógica da educação infantil do Colégio Marista, Ana Beatriz Venturim, também reforça a importância dessa atuação conjunta — escola e família.

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A criança necessita das duas instâncias, tanto família quanto escola, para proporcionar o desenvolvimento dela. Acabam sendo duas instituições com uma influência maior no desenvolvimento do ser

Ana Beatriz Venturim
Coordenadora pedagógica da educação infantil do Colégio Marista
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Ana Beatriz pontua que todos sabem que aprender a conviver é importante para o desenvolvimento. "Fortalecer o emocional e o social é necessário. A gente percebe que o emocional tem influência em todas as instâncias porque, quando estou bem, aumentam as possibilidades de eu lidar com os meus desafios de uma forma mais segura", completa.

Para o diretor da Escola Monteiro, Eduardo Costa Gomes, a parceria faz toda a diferença no processo de ensino-aprendizagem.

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A gente costuma dizer que a família e a escola formam uma comunidade com uma crença em projetos que fazem sentido para as duas 

Eduardo Costa Gomes
Diretor da Escola Monteiro
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Na avaliação dele, a família, muito além de fazer o dever de casa, precisa compreender o trabalho da escola, e a escola precisa conhecer a história desses sujeitos que estão na unidade de ensino. Eduardo acrescenta que a integração potencializa o desenvolvimento das crianças e adolescentes.

Competências socioemocionais, um exercício diário

O tema não é recente no universo educacional, porém, a cada ano, se torna mais frequente a discussão sobre a importância de desenvolver competências socioemocionais na garotada.

Mas, afinal, do que se trata essa habilidade? Em resumo, são capacidades individuais que se manifestam nos modos de pensar e de sentir e nos comportamentos ou atitudes para se relacionar consigo mesmo e com os outros, estabelecer objetivos, tomar decisões e enfrentar situações adversas ou novas.

Desde 2020, essas competências fazem parte das novas diretrizes propostas pela Base Nacional Comum Curricular (BNCC) e precisam ser trabalhadas no ambiente escolar.

Então, quando o professor coloca os alunos para trabalhar em grupo, onde vão dividir ideias, compartilhar responsabilidades, expressar seus pensamentos e ter uma escuta atenta junto aos colegas, ele está favorecendo habilidades como resolução de conflitos, de comunicação, de colaboração.

“O desenvolvimento dessas habilidades não acontece de forma isolada, mas de maneira interconectada. Pais e escola desempenham papel complementar no cultivo dessas habilidades, desde a primeira infância, criando um ambiente de apoio e aprendizado, que promove um crescimento saudável e bem-sucedido”, afirma Cláudia Petri.

Quando as habilidades socioemocionais falham, pode-se ter, futuramente, um profissional difícil de ser conduzido no trabalho, comenta Eduardo Costa Gomes, diretor da Escola Monteiro. Assim, ao questionar quem cuida dessas competências, Eduardo faz um alerta contra uma ideia que se mostra superada, de que a escola ensina e a família educa, porque há muito mais aspectos a serem considerados.

Habilidades

Desde a primeira infância, famílias e escolas desempenham papéis extremamente importantes no processo de desenvolvimento das crianças, no que diz respeito às habilidades cognitivas e socioemocionais.

Para as habilidades cognitivas, é preciso estimular a linguagem e a comunicação desde cedo, conversando com a criança, lendo livros, contando histórias e proporcionando um ambiente verbalmente rico que ela precisa vivenciar.

 É importante estimular o raciocínio lógico por meio de jogos de quebra-cabeça, brinquedos de construção e atividades que incentivem a resolução de problemas e o pensamento crítico.

 Entre as estratégias para fomentar a imaginação e a criatividade, estão atividades como desenho, pintura, música, teatro e histórias inventadas.

 Em relação às habilidades socioemocionais, é preciso ensinar as crianças a entenderem e a compartilharem sentimentos alheios, cultivando um senso de empatia e compaixão.

 É necessário, ainda, desenvolver a capacidade de controlar as emoções e impulsos, ensinando estratégias de autorregulação, e incentivar o desenvolvimento de habilidades sociais, como respeito, cooperação, comunicação eficaz e resolução de conflitos.

 Para promover habilidades matemáticas, o caminho é introduzir conceitos matemáticos básicos com jogos, contagem, classificação e reconhecimento de padrões.

Também é fundamental desenvolver as habilidades motoras finas com uso das mãos e dedos e, também, as motoras grossas a partir dos movimentos amplos do corpo, por meio de atividades físicas e das brincadeiras de que as crianças tanto gostam.

 Importante, também, promover uma imagem positiva de si mesma, celebrando conquistas e encorajando o desenvolvimento da autoconfiança. É relevante que as crianças enfrentem desafios, erros e fracassos, ajudando-as a aprender a lidar com adversidades e a se recuperarem.

 Cada criança é única e desenvolve-se em seu próprio ritmo. É necessário fornecer um ambiente seguro, estimulante e afetivo para que ela possa florescer em todas essas áreas. A parceria e colaboração entre pais e escolas é fundamental para garantir o seu desenvolvimento e a potencialização abrangente das suas habilidades.

O assunto faz parte da comunidade escolar, que busca preencher essa lacuna. Uma das estratégias, de acordo com Ticiana Santiago de Sá, doutora em Educação e especialista em Psicologia do Desenvolvimento da Aprendizagem, é com atividades lúdicas.

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A criança vai representando papéis através da brincadeira. É o código social que ela tem para entender e recriar a cultura. A brincadeira tem esse potencial de saúde mental e de fortalecimento de vínculos

Ticiana Santiago de Sá
Doutora em Educação e especialista em Psicologia do Desenvolvimento da Aprendizagem
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Ticiana defende que haja atividades compartilhadas, que todos da família se envolvam e que tenham trocas de papéis, que vivenciem momentos simbólicos.

“No jogo, você vê as regras de convívio, você vê experiências sociais, negocia papéis, lida com frustrações, usa a imaginação e a criatividade. Então, ele é um elemento muito importante.”

Outra medida que ajuda muito a desenvolver as habilidades socioemocionais são as atividades artísticas e culturais. Música e artes são recursos expressivos. “Principalmente adolescentes, que usam a arte como forma de criação e de elaboração de afetos, constroem uma ponte mais autêntica”, finaliza Ticiana.

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