Vacinação em queda: O que faz mal à saúde é a ignorância

A vacinação preventiva é um marco civilizatório, transformou o bem-estar social e a qualidade de vida. Doenças terríveis como a varíola saíram de circulação pelo empenho de cientistas e governantes e o envolvimento da população

Publicado em 21/11/2019 às 04h00
Atualizado em 21/11/2019 às 04h01
Dia D de mobilização da Campanha Nacional de Vacinação contra a Poliomielite e Sarampo. . Crédito: Marcelo Camargo/Agência Brasil
Dia D de mobilização da Campanha Nacional de Vacinação contra a Poliomielite e Sarampo. . Crédito: Marcelo Camargo/Agência Brasil

O Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) alerta para uma epidemia que pode afetar a saúde de crianças e adultos em todo o mundo: a desinformação. A queda da cobertura vacinal, que não atinge a meta estabelecida pelo governo desde 2016, coincide com a disseminação mundial da desconfiança, cujo ápice se deu com a associação, sem base científica, entre a vacinação contra o sarampo e os casos de autismo. Pesquisas já desmentiram qualquer relação entre os dois fatores, mas em tempos de fake news essas inverdades acabam imunizadas e com uma sobrevida prolongada.

O caso da poliomielite é emblemático. Erradicada no Brasil desde 1990, a doença sem cura foi combatida com a vacinação, uma vitória que se deveu a uma campanha massiva de conscientização. Para tanto, o Ministério da Saúde e a Unicef apostaram em novas estratégias de mobilização: em 1986, promoveram um concurso para dar nome a um mascote que motivasse a imunização. O escolhido está até hoje na boca do povo: Zé Gotinha. A vacina em si, por outro lado, não tem atingido quem deveria.

A meta do governo contra a pólio é vacinar anualmente 95% das crianças de 1 a 5 anos de idade. Em 2016, o Estado conseguiu envolver apenas 89,5% do público-alvo. E o pior é que de lá para cá o índice continuou despencando, até chegar a 84,2%, em 2019. A possibilidade de ressurgimento da doença é mais real do que se imagina. O retorno do sarampo é um exemplo incontestável de que a vacinação é um comprometimento social.

A vacinação preventiva é um marco civilizatório, transformou o bem-estar social e a qualidade de vida. Doenças terríveis como a varíola saíram de circulação pelo empenho de cientistas e governantes e o envolvimento da população. Conspiracionistas sempre existiram, mas ganharam mais força com o poder de viralização da internet. A Organização Mundial de Saúde elencou a “hesitação em se vacinar” como uma das dez maiores ameaças globais à saúde em 2019.

Contestar a imunização é, portanto, uma irresponsabilidade. A medicina acumula vitórias, nunca se viveu tanto e tão bem, graças aos avanços científicos. O que realmente faz mal à saúde é a ignorância.

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