Seria saudável para o Brasil coroar com a Petrobras o rol de privatizações, para impulsionar o PIB. Seu valor de mercado é algo próximo a R$ 300 bilhões, sendo a maior parte de ações do governo. Mas a necessidade de sua venda não é questão fiscal. Se fosse, talvez bastasse leiloar a participação do BNDES na empresa, avaliada em R$ 46 bilhões. O objetivo central é melhorar o setor de combustíveis e atrair investimentos, fortalecendo a economia.
Deixar a Petrobras como estatal implica riscos onerosos e desgastantes, como intervencionismo, aparelhamento político, controle de preços, corrupção, etc. São fatores que inibem investimentos em muitas áreas da economia. E atingem à própria Petrobras em termos de receita, lucratividade, endividamento e valor de mercado. A interferência mais recente foi feita por Bolsonaro, em abril, impedindo aumento dos combustíveis. Isso custou à empresa a perda de R$ 32,4 bilhões na bolsa de valores.
O desenho da transferência da Petrobras teve origem no governo Temer, em 2016. Desde a gestão de Pedro Parente a estatal vem passando pelo que se chama de privatização indireta, com a venda de ativos. Recentemente, a empresa leiloou malhas de distribuição de gás, e terminou o segundo trimestre com lucro de R$ 18,9 bilhões. A perspectiva é de que esse insumo fique mais barato, beneficiando principalmente a população de baixa renda.
É importante que a Petrobras continue a se desfazer de ativos que não compõem o seu foco principal, que é extrair petróleo. A diminuição do gigantismo facilitará a privatização da empresa.
A intenção é vender oito das 13 refinarias estatais, responsáveis por quase 100% do refino país. É indispensável quebrar esse monopólio. Preços conforme a concorrência tendem a anular ação como a dos caminhoneiros que parou o país no ano passado.
A Petrobras tem uma imagem muito especial no sentimento dos brasileiros. É necessária estratégia competente do governo para vencer os desafios da privatização. Um dos mais significativos é de natureza política. Terão de ser vencidas muitas resistências, sejam por desinformação, ideologia ou oportunismo obscuro. É indispensável convencer a sociedade de que ela será a maior beneficiada. Exatamente como ocorreu em relação à reforma da Previdência, antes demonizada. A grande arma para a vitória é a comunicação.
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