Pesquisa eleitoral é coisa séria: trabalho nas ruas deve ser respeitado

Independentemente se o candidato liderou ou não pesquisas anteriores, é inaceitável que pesquisadores sejam hostilizados enquanto realizam levantamentos sobre as intenções de voto

Publicado em 16/09/2022 às 01h00
Pesquisa
Pesquisa eleitoral. Crédito: Pixabay

O nível elevado da tensão nas eleições deste ano tem provocado reações destemperadas e injustificáveis de eleitores diante do trabalho de entrevistadores do Datafolha. De acordo com reportagem da Folha de S.Paulo, somente na última terça-feira (13), foram contabilizados 10 episódios em cidades de São Paulo, Minas Gerais, Alagoas, Maranhão, Goiás, Pará, Rio Grande do Sul e Santa Catarina.

As hostilidades registradas nesta semana mostram pessoas que desejam interferir no processo de sondagem, exigindo serem entrevistadas, mas em agosto chegou a haver perseguição a uma entrevistadora em Belo Horizonte. A diretoria do instituto independente de pesquisa, que pertence ao Grupo Folha e reúne 470 pesquisadores, afirma que o cenário piorou após o 7 de Setembro.

De acordo com as informações do Datafolha, a maior parte das intimidações foi feita por pessoas que se declaram eleitoras de Jair Bolsonaro, mas um dos registros desta semana envolveu, no interior de São Paulo, uma mulher que disse ser apoiadora de Lula e perseguiu a pesquisadora por ela ter se negado a entrevistá-la. 

O treinamento dos pesquisadores, no caso do Datafolha, é padronizado: quem se oferece para participar do levantamento deve ser obrigatoriamente descartado, para garantir a aleatoriedade da amostra.

As pesquisas eleitorais, para serem legitimadas, precisam apresentar ao Tribunal Superior Eleitoral a metodologia, o  plano amostral e o sistema interno de controle, conferência e fiscalização. A transparência estatística é uma exigência legal para validar essas sondagens. São uma ferramenta de opinião pública estruturada pelo método científico,  não se trata de achismo. 

Portanto, os pesquisadores nas ruas devem seguir as regras metodológicas estabelecidas por cada instituto. No caso específico do Datafolha, a realização das entrevistas é feita em pontos específicos. No caso de mudança, é preciso uma autorização da equipe de planejamento. O instituto também utiliza cotas proporcionais de sexo e idade baseada em dados do IBGE e do TSE.

É um trabalho sério, com metas e regras preestabelecidas, que não pode sofrer interferência de pessoas alheias ao processo. É essa organização que ajuda a evitar fraudes. E vale lembrar: as pesquisas podem ser contestadas na Justiça Eleitoral. Tudo dentro do jogo democrático. O que não pode, de maneira alguma, é esse trabalho de sondagem, garantindo pela lei, ser inviabilizado por quem deseja tumultuar o processo eleitoral. Os candidatos devem se manifestar publicamente contra esses comportamentos, para servirem de exemplo aos eleitores.

Na Lei das Eleições (Lei nº 9.504/1997), o artigo 33 só valida as pesquisas que estejam até cinco dias antes da divulgação no Sistema de Registro de Pesquisas Eleitorais (PesqEle) da Justiça Eleitoral. Esse é o caminho mais seguro para saber a validade das pesquisas eleitorais que circulam pelas redes.

O Datafolha é apenas um dos institutos sérios que estão realizando esses levantamentos que permitem à sociedade um retrato do momento na corrida eleitoral. Tudo pode mudar com as circunstâncias da campanha, pesquisas não existem para definir nada, mas para mostrar cenários. E os eleitores com maturidade conseguem entender a dinâmica das sondagens e a importância de ser ouvido quando for solicitado.

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