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Ônibus sem cobrador é modernização inevitável no transporte público

Avanços tecnológicos nos serviços públicos de mobilidade devem, contudo, estar acompanhados de políticas de inclusão

Publicado em 12/08/2019 às 17h41
Atualizado em 23/08/2019 às 00h15
Ônibus do sistema Transcol com ar condicionado. Crédito: Fernando Madeira
Ônibus do sistema Transcol com ar condicionado. Crédito: Fernando Madeira

O tempo não para. Com os avanços tecnológicos se sucedendo com uma velocidade avassaladora, as mudanças são profundas. Não é diferente no mercado de trabalho. A greve dos rodoviários em curso na Grande Vitória, motivada pela automação da cobrança na nova frota do Transcol, é reflexo disso. Mas não há como escapar: a prestação de serviços, públicos ou não, não pode se apegar ao passado diante da modernização que chega para facilitar o cotidiano de todos. É impossível imaginar a vida hoje sem aplicativos de transporte, de alimentação e outras tantas comodidades.

Desde a Revolução Industrial, o trabalhador tem sido incitado a combater a máquina, pela ameaça constante de que esta ocupe definitivamente o seu lugar. De lá para cá, a humanidade viveu momentos semelhantes de contestação à tecnologia. A chegada da luz elétrica fez desaparecer os acendedores de lampião, mas ao mesmo tempo promoveu a possibilidade de uma vivência noturna, até então limitada.

A indústria do entretenimento explodiu e milhões de empregos, até então fora de qualquer horizonte, foram criados. O transporte coletivo sem cobradores é um caminho natural - e aqui não há contradição - num mundo cada vez mais digital. Afinal, até mesmo o dinheiro em cédulas anda saindo de circulação. Como mostrou este jornal na segunda-feira (12), nada escapa da automatização: a própria Justiça já começa a se beneficiar da inteligência artificial, para ganhar agilidade e, assim, ser ainda mais justa. A revolução ocorre sem que se dê conta.

O progresso, contudo, precisa andar ao lado do planejamento estratégico. Não pode ser deslocado de uma política de inclusão dos trabalhadores que venham a perder seu espaço, porque criará outros problemas ainda mais graves. Os que estão na escola também precisam ser preparados para este novo mundo. O alijamento do mercado de trabalho acabará ampliando os abismos sociais. O resultado é mais pobreza e mais violência, estabelecendo-se um círculo vicioso de falta de oportunidades e convulsão social.

Por isso, é tão importante que governos, empresas e lideranças tenham em mente que esse processo de inclusão é imprescindível para que a modernização não seja à custa da formação de párias tecnológicos. Não pode faltar visão estratégica e qualificação, o que só é possível quando se prioriza a educação de qualidade, antenada com as novas dinâmicas produtivas. É um desafio e tanto para um país que já possui um exército de mais de 12 milhões de desempregados. As adaptações devem ser rápidas, porque as mudanças, felizmente, não darão trégua.

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