Integração e informação tiram bandidos da invisibilidade

Tecnologia contribui para consolidar um aparato de inteligência essencial para que a polícia passe a se adiantar, com capacidade investigativa ampliada e cada vez mais eficiente

Publicado em 16/07/2019 às 23h09
Policial civil durante investigação. Crédito: Polícia Civil
Policial civil durante investigação. Crédito: Polícia Civil

Sem informação, não há como combater o crime. A falta de dados disponíveis acaba aliada da impunidade, não só por deixar autoridades policiais de mãos atadas e olhos vendados, mas também por colocá-las sempre um passo atrás dos criminosos, abrindo espaço para manipulações orquestradas sem muito esforço, como no caso de Valdemir Pereira Machado, o Bibil, que conseguiu enganar a polícia apresentando pelo menos quatro nomes diferentes nas ocasiões em que foi preso, a última delas em março. Algo que faz lembrar Tom Hanks inutilmente no encalço de Leonardo DiCaprio em “Prenda-me Se For Capaz”, mas sem depender tanto da inteligência do malfeitor: basta ele conhecer minimamente as falhas do sistema.

 

E, no Espírito Santo, essa lacuna ficou escancarada até a semana passada, quando um acordo de cooperação entre a Secretaria de Estado da Segurança Pública (Sesp) e a Polícia Federal foi enfim reativado. Desde 2014, o convênio para a inserção de impressões digitais de criminosos do Estado no Afis Criminal, sistema automatizado de identificação da Polícia Federal, estava suspenso, permitindo que 3,5 mil bandidos permanecessem fora do alcance da Polícia Civil.

Mesmo sem o convênio, os Boletins de Identificação Criminal (BICs) que contêm informações e dados biométricos dos presos ainda continuaram a ser cadastrados informalmente até dezembro de 2017, quando o acesso ao link do Sistema Nacional de Informações Criminais (Sinic) e Afis foi suspenso. É inaceitável que a segurança pública tenha sido tratada de forma tão amadora.

É o tipo de deslize que não pode ocorrer, principalmente em um Estado que ainda encontra tantos obstáculos para reduzir a violência. Sem o cadastro de criminosos, fica fácil “renascer” com nova identidade e continuar cometendo delitos. É uma invisibilidade mais que bem-vinda por quem deseja se profissionalizar no mundo do crime.

A tecnologia, com esse acordo, poderá estar mais presente na infraestrutura das forças de segurança locais. Por isso é tão importante que não fique só no papel. São recursos que contribuem para consolidar um aparato de inteligência essencial para que a polícia passe a se adiantar, com capacidade investigativa ampliada e cada vez mais eficiente.

 

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