Canteiros de obras indicam que economia está se reconstruindo

Juros baixos, maior oferta de financiamento, desemprego em queda e inflação controlada formaram a base sólida para a retomada do setor. Para alimentar a cadeia de crescimento, Brasil deve seguir a trilha das reformas e modernizar parcerias público-privadas

Publicado em 17/12/2019 às 04h00
Atualizado em 17/12/2019 às 04h01
Vista aérea de prédios na Enseada do Suá, Vitória. Crédito: Luciney Araújo
Vista aérea de prédios na Enseada do Suá, Vitória. Crédito: Luciney Araújo

A construção civil vive uma relação simbiótica com a economia do país. Quando uma cresce, a outra segue o mesmo caminho. Em primeiro lugar, porque é um setor com uma grande capacidade de absorver mão de obra, catapultando as taxas de emprego e renda. Em segundo, porque é o motor de uma imensa cadeia de crescimento, da fábrica de tinta à padaria do bairro. Neste Brasil de 2019, canteiros de obras que começaram a surgir são provas concretas de que construção civil e economia estão se reconstruindo.

A crise em que o Brasil se afundou em 2014 levou o mercado imobiliário ao seu pior momento na história, com engavetamento de projetos e demissões em massa. Dos áureos tempos de 35 mil imóveis lançados por ano, antes da recessão, o Espírito Santo caiu para o patamar dos 11 mil unidades. Mais da metade dos trabalhadores do setor no Estado, que chegou a contratar 60 mil pessoas, foi dispensada no momento mais tenso da recessão.

Mas este ano foi um ponto de inflexão. Os motivos, é claro, são econômicos. Juros baixos, maior oferta de financiamento, desemprego em queda e inflação controlada formaram a base sólida para a retomada. Para 2020, as expectativas são ainda melhores. Apenas no Espírito Santo, projeta-se o lançamento de duas mil novas unidades a mais do que neste ano, que vão alavancar cinco mil novas vagas de emprego. Em todo o Brasil, estudo da FGV aponta que, até 2025, o país demandará a construção de 14 milhões de novas moradias.

Os números positivos do setor indicam que a confiança das construtoras e da população nos rumos do país voltou a crescer, uma vez que a retomada foi bastante puxada por imóveis particulares, como apartamentos e lojas. Mas um dos grandes vilões do segmento foram os cortes de investimento público em infraestrutura. Com arrecadação em baixa e orçamento engolido por gastos com pessoal, os Executivos congelaram aportes em pontes, estradas, hospitais, escolas. Quando os primeiros reflexos da reforma da Previdência começarem a ser sentidos nos caixas dos governos, será também a construção civil que dará os primeiros sinais.

Para alimentar a cadeia de crescimento, o Brasil deve seguir a trilha das reformas, especialmente a administrativa, para destravar ainda mais recursos para investimentos. Como essas mudanças não surtem efeito imediato, o governo federal tem acertado em amadurecer as legislações e os mecanismos de gestão para envolver a iniciativa privada nos projetos de grande porte, como o fortalecimento do Programa de Parcerias de Investimento (PPI).

Ao mesmo em que as parcerias público-privadas ativam o círculo virtuoso da construção civil na economia, também contornam o déficit público e resolvem gargalos de infraestrutura e serviços do país, que emperram o desenvolvimento e a promoção do bem-estar da população. As perspectivas são excelentes. O alerta que fica é para que o mesmo empenho dos governos seja visto em menos burocracia e mais rigor em projetos executivos, para que a construção de um Brasil mais forte não seja embargada por obras paralisadas.

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