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Setor produtivo faz críticas à proposta do governo de liberar FGTS

Setor produtivo faz críticas à proposta do governo de liberar FGTS

Empresários veem nas reformas, como a da Previdência, solução para o crescimento

Publicado em 31 de maio de 2019 às 02:23

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Saque do FGTS: medida é vista como paliativa e até prejudicial por alguns setores. (Arquivo)

Apesar de o governo federal afirmar que o saque do FGTS é uma solução para injetar dinheiro na economia, o setor produtivo e a entidade representante dos trabalhadores criticam a medida. Segundo eles, a ação será apenas paliativa. Para resolver o problema do país é preciso que a agenda de reformas seja aprovada.

Um dos setores mais receosos com a liberação do Fundo de Garantia é o da construção civil. O presidente do Sindicato da Construção Civil (Sinduscon), Paulo Baraona, explica que boa parte das moradias sociais dependem do dinheiro do fundo para saírem do papel.

“A Caixa Econômica sempre destinou o recurso do FGTS para essas casa e, conforme as pessoas vão comprando e pagando, esse valor retorna para o banco. Isso acaba injetando dinheiro na economia e criando empregos”, comenta.

Já o presidente da Federação das Indústrias do Espírito Santo (Findes), Léo de Castro, lembra que o governo já caminha para o seu sexto mês e a preocupação das pessoas com o desemprego ainda não mudou. Além disso, aponta que apenas liberar o recurso não vai resolver.

“Nós precisamos é de emergência. Mas não queremos pronto-socorro. Não quero liberação de Fundo de Garantia ou de creditozinho, não é isso. Nós queremos atendimento médico completo. Quero especialista, quero técnico, quero uma raia limpa para o Brasil se desenvolver. E o Brasil tem esse potencial”, defende.

As federações e sindicatos apontam que, para a economia nacional melhorar, é preciso que o governo federal acabe com a instabilidade política em que está inserido. Esse será o primeiro passo para conseguir fazer com que a pauta das reformas, principalmente a da Previdência e a tributária, sejam aprovadas.

Para o presidente do Sindicato dos Comerciários (SindiComerciários), Rodrigo Rocha, além disso é preciso que o governo construa mecanismos que estimulem a indústria nacional e com isso gere empregos.

Já o presidente da Federação do Comércio (Fecomércio), José Lino Sepulcri, argumenta que a liberação dos créditos é fundamental para fazer a economia girar. “Qualquer iniciativa de fazer circular qualquer tipo de fundo que pertence à população brasileira é positiva. Mas precisamos das reformas para fazer a situação do país melhorar de vez. Além disso é preciso melhorar o ambiente de negócios”, argumenta. (Com informações de Giordany Bozzato)

ANÁLISES

DESACELERAÇÃO NACIONAL

Preocupa o fraco desempenho da economia. A queda de 0,2% na variação do PIB confirma pessimismo das projeções econômicas do início de ano. Já há muitos especialistas que apostam em crescimento inferior a 1% em 2019.

As contas nacionais devem ser traduzidas como um termômetro para indicar o ritmo de aquecimento da economia. Os números publicados indicam que o crescimento vem sendo insuficiente para gerar oportunidade para quem está ingressando no mercado de trabalho, ou mesmo para quem está tentando recuperar uma vaga perdida.

Os efeitos são de agravamento no desemprego. A desocupação, que havia reduzido no final do ano passado, voltou a se elevar nos primeiros meses deste ano e já alcança 12,6%, patamar não muito diferente do topo da crise (13,7%). O risco para economia capixaba é que a desaceleração nacional coincide com quedas na indústria de extração mineral, que é tão importante por aqui. Sinal de que é preciso avançar na diversificação econômica.

Eduardo Araújo, economista

ECONOMIA VAI SOFRER

A divulgação do dado referente à variação do Produto Interno Bruto (PIB) no primeiro trimestre do ano demonstra que a economia brasileira está estagnada. Já é o segundo trimestre consecutivo que praticamente ficamos com crescimento zero, frustrando as expectativas positivas que existiam no início do ano.

Isto demonstra que quanto mais tempo demorar a sair a reforma da Previdência, mais a economia vai sofrer, pois todos projetos de investimento estão engavetados esperando que fique clara a viabilidade fiscal (ou não) do Estado brasileiro.

O governo federal, mais do que nunca, fica de mãos atadas enquanto não se decidir sobre a Previdência. Assim a ideia de liberação do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS) também fica condicionada à aprovação da Previdência. Portanto, para que o Brasil volte a ter perspectiva de crescer, este nó deve ser desatado.

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Fernando Galdi, doutor em Contabilidade e professor da Fucape

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