Publicado em 10 de julho de 2020 às 21:11
Líderes do Senado deram início a uma articulação para cobrar do governo Jair Bolsonaro uma proposta de negociação para que o Congresso não derrube o veto à desoneração da folha de pagamento. >
Os congressistas querem manter o benefício fiscal às empresas. A desoneração, que atinge 17 setores até o fim de 2021, foi barrada por Bolsonaro.>
Lideranças da oposição e de apoio ao governo admitem que, caso o veto seja colocado em apreciação pelo Congresso, será derrubado.>
As negociações são realizadas diretamente pelos presidentes do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), e da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), com o ministro da Economia, Paulo Guedes.>
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Para senadores, Guedes já manifestou que o governo tem interesse de manter a desoneração, mas a grande dificuldade no momento seria encontrar as formas de compensação. Por esse motivo, ainda não apresentou proposta aos congressistas.>
"Neste aspecto, tem unanimidade. O governo e o Congresso querem a desoneração", disse a senadora Simone Tebet (MDB-MS), presidente da CCJ (Comissão de Constituição e Justiça).>
"Agora é achar a forma e convencer o governo que, desta vez, não pode colocar o carro na frente dos bois. Não dá para aproveitar esse momento para reestruturar a desoneração criando um novo tributo", afirmou.>
A derrubada iminente do veto alertou o governo. Tanto no Senado quanto na Câmara há votos.>
A fim de evitar uma derrota no Congresso, o governo busca uma alternativa que deve ser apresentada aos congressistas nas próximas semanas. A taxação de lucros e dividendos é tida como uma possibilidade.>
"Eu tenho a esperança de que essa negociação vai evoluir, mas o governo precisa da receita compensatória. É uma questão de sensatez. Temos voto para derrubar o veto e, se derrubar, será um desastre econômico", disse o senador Esperidião Amin (PP-SC).>
Atualmente, a desoneração abrange, por exemplo, empresas do ramo de informática, com desenvolvimento de sistemas, processamento de dados e criação de jogos eletrônicos, call center e empresas de comunicação (mídia).>
Nesta quinta-feira (9), entidades da indústria enviaram ofício a Maia e a líderes partidários da Câmara em que criticaram o veto de Bolsonaro.>
O documento é assinado por 36 associações, federações e sindicatos, que defendem o adiamento da medida como forma de preservar cadeias de produção que atingem cerca de 6 milhões de empregos formais diretos.>
"O impacto da reoneração da folha em meio à atual crise seria insuportável para esses setores e acarretaria consequências drásticas para seus trabalhadores, empresas, consumidores e para o próprio Estado", diz o ofício, no qual as entidades pedem a "urgente reversão" do veto pelo Congresso.>
Segundo a indústria, a desoneração busca evitar um elevado aumento de custo do emprego formal em setores que fazem uso intensivo de mão de obra no fim do ano, "quando é absolutamente improvável que a economia e as empresas estejam plenamente recuperadas e capazes de suportar tal mudança".>
Ao fazer referência ao veto, a indústria lembrou que cabe ao Congresso "usar de suas prerrogativas para reverter o veto e ajudar na preservação destes estratégicos setores e seus empregos diretos e indiretos".>
As entidades rebateram as justificativas usadas pelo Planalto para vetar o dispositivo e pedem aos líderes e a Maia apoio para que Alcolumbre, que também é presidente do Congresso, paute o veto.>
Assinam o texto entidades como Abimaq (máquinas e equipamentos), Abrainc (incorporadoras imobiliárias), Abert (emissoras de rádio e TV), CBIC (indústria de construção) e Abit (indústria têxtil e de confecção).>
Apesar da pressão de entidades e dos parlamentares, o presidente do Senado se manteve em silêncio nos últimos dias. Alcolumbre não esteve presente em nenhuma das três sessões do Senado desta semana.>
Ele também não tem atendido congressistas, que cobram que ele marque logo a sessão para análise dos vetos, ou anuncie o acordo que o governo estará disposto a realizar.>
"A desoneração da folha é importante, e por isso estamos em busca de um acordo com o governo. O problema é que não conseguimos falar com o presidente Davi nos últimos dias. Fica complicado buscar um acordo quando o presidente some", afirmou o líder do MDB, Eduardo Braga (AM).>
O líder do governo no Congresso, Eduardo Gomes (MDB-TO), afirmou que o caminho sinalizado pela equipe econômica será oferecer uma medida mais ampla de corte de impostos sobre a folha, sem distinção de segmentos da economia.>
Segundo ele, o Executivo já estuda a possibilidade de encaminhar ao Congresso um novo projeto com a desoneração.>
Guedes disse nas últimas semanas a líderes e representantes empresariais ser favorável ao tema, mas que o trecho em discussão nesta semana poderia ser contestado legalmente.>
O ministro pretende lançar um programa com objetivo declarado de gerar empregos prevendo a desoneração de impostos sobre salários e outras flexibilizações em regras trabalhistas. Ele chega a mencionar o corte total de tributos sobre a folha em um regime emergencial para o pós-Covid.>
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