Publicado em 8 de abril de 2021 às 15:53
- Atualizado há 5 anos
A Bahia Mineração (Bamin) foi a única a fazer proposta pela trecho inicial da Fiol (Ferrovia de Integração Oeste-Leste) no segundo dia da Infra Week, série de três leilões de infraestrutura na B3, a Bolsa de São Paulo. A mineradora ofereceu R$ 32,73 milhões, apenas R$ 30 mil acima do preço mínimo. >
"Estamos fazendo história encurtando a distância entre o presente e o futuro para o desenvolvimento da Bahia e do país", disse Eduardo Ledsham, presidente da Bamin.>
Apesar do lance baixo, o ministro da Infraestrutura, Tarcísio de Freitas, comemorou porque a oferta viabilizará os próximos trechos da Fiol. O segundo já está em obras, conduzidas pela Valec, a estatal ferroviária. Segundo ele, o Exército conduz o projeto. A malha completa deverá ter cerca de 2,6 mil km e, quando estiver concluída, ligará o porto de Ilhéus (BA) à Ferrovia Norte-Sul, que cruza o país de norte a sul.>
"Muito em breve, essa ferrovia vai capturar a carga do agronegócio do oeste baiano. Será um projeto transformador para a Bahia", disse Tarcísio.>
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O ministro, novamente, creditou ao presidente Jair Bolsonaro o sucesso dos projetos concedidos até o momento. "A agência [a Agência Nacional de Transportes Terrestres é o poder concedente] vem contribuindo para que Bolsonaro coloque o país literalmente nos trilhos", disse Tarcísio.>
O lance não se compara ao apetite de investidores pelas concessões de aeroportos leiloadas nesta quarta-feira (7) na abertura da Infra Week em que a CCR sagrou-se como a grande vencedora por oferecer R$ 2,9 bilhões em outorgas por dois blocos de aeroportos no Sul e no Centro-Oeste.>
Ao todo, o governo arrecadou R$ 3,3 bilhões, sem contar os investimentos contratados de R$ 10 bilhões por 30 anos de concessão.>
A proposta da Bamin garante força ao projeto do Ministério da Infraestrutura de construir uma cruz ferroviária no país formada pelo entroncamento da Ferrovia Norte-Sul, a espinha dorsal, com a Fico (Ferrovia de Integração Centro-Oeste) e a Fiol (Ferrovia de Integração Oeste-Leste).>
A Fico será totalmente construída pela Vale como contrapartida da renovação de suas concessões ferroviárias e, dessa forma, despertou o interesse para os demais trechos da Fiol.>
O projeto completo da ferrovia vem sendo estudado há muitos anos e, segundo o ministério, dificilmente se tornaria realidade se dependesse de recursos públicos. Somente a conclusão da obra do trecho que está sendo leiloado (cerca de 20% do projeto) exigirá R$ 1,6 bilhão do vencedor.>
Por isso, o projeto foi dividido em três partes. No leilão desta quinta-feira (8), o Ministério da Infraestrutura, por meio da ANTT (Agência Nacional de Transportes Terrestres) concedeu o primeiro trecho de 537 km, entre as cidades de Ilhéus e Caetité (BA).>
O vencedor do leilão terá de concluir as obras da via férrea –hoje 80% da malha está pronta– investindo, no total, R$ 3,3 bilhões ao longo de 35 anos de concessão. A expectativa do governo é que o projeto gere 55 mil empregos diretos e indiretos.>
Se tudo correr de acordo com o cronograma do ministério, o primeiro trecho da Fiol entrará em operação em 2025 transportando, inicialmente, cerca de 18 milhões de toneladas de carga entre grãos e o minério de ferro produzido na região de Caetité.>
De acordo com as projeções do governo, esse volume deverá mais que dobrar em dez anos, passando para 50 milhões de toneladas, em 2035. A região também exporta alimentos processados, cimento, combustíveis, soja, manufaturados e petroquímicos.>
A operação inicial já deve contar com pelo menos 16 locomotivas e mais de 1.400 vagões - pelo menos, 1.100 destinados apenas para o escoamento de minério de ferro. Em 2035, serão 34 locomotivas e 2.600 vagões.>
A estruturação do projeto está sendo sendo feita em parceria com o Banco Mundial, que também estuda a viabilidade de outra malha ferroviária, a Fico (Ferrovia de Integração do Centro Oeste), que se seguirá a partir do entroncamento da Fiol com a Norte-Sul passando pelo polo produtor da soja, no Mato Grosso.>
Segundo o secretário nacional de Transportes Terrestres do Ministério da Infraestrutura, Marcello Costa, as ferrovias voltarão a ser o foco de investimentos no setor e ganharão mais espaço na matriz logística do país.>
O ministério prepara o lançamento de um novo plano nacional de logística em 2021, que terá entre suas metas ampliar a participação do modal ferroviário, responsável hoje por apenas 15% da carga total transportada no país.>
O objetivo é dobrar essa fatia até 2050, prazo de análise do novo plano logístico. Para isso, conta com a atração de investidores estrangeiros para tocar os novos projetos.>
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