Rodrigo Rato, ex-diretor-gerente do Fundo Monetário Internacional (FMI), se entregou às autoridades espanholas nesta quinta-feira (25), após não ter conseguido apelar da condenação de 2017 por fraude ao pagar despesas pessoais com cartões de crédito corporativos colocados à sua disposição quando dirigia a Caja Madrid e o Bankia, criado em 2011 a partir da fusão de sete bancos de poupança em dificuldades.
Rato, de 69 anos, foi julgado com outros 64 ex-dirigentes e membros dos conselhos administrativos do banco Caja Madrid e do Bankia, e condenado a quatro anos e meio de prisão. Eles foram acusados de desviar um total de 12,5 milhões (US$ 14 milhões), entre 2003 e 2012, utilizando ilegalmente cartões de crédito da empresa para pagar despesas pessoais, como viagens, refeições em restaurantes, compras de supermercados e gasolina, bem como saques em dinheiro, sem declarar às autoridades fiscais. Rato estava livre desde então sob fiança até a apelação.
A prisão marca outro capítulo no caso do Bankia e de sua má gestão. O caso provocou um grande escândalo na Espanha, em plena crise econômica. Rato, ex-ministro da Fazenda da Espanha e que já foi visto como um potencial primeiro-ministro, é o mais proeminente espanhol a entrar na prisão desde que o país mergulhou em um resgate bancário europeu de mais de 40 bilhões de euros devido ao quase colapso do banco, que foi salvo da falência por muito pouco em 2012
O antecessor de Rato como presidente do banco, Miguel Blesa, também foi condenado no ano passado à prisão por usar indevidamente os fundos da empresa. Cinco meses depois, Blesa se suicidou.
Nesta semana, o tribunal nacional da Espanha rejeitou o apelo de Rato para suspender o mandato de prisão, enquanto ele tenta apresentar um recurso final perante o tribunal constitucional. Em vez disso, o tribunal nacional definiu esta quinta-feira, 25 de outubro, como o prazo para Rodrigo Rato se apresentar na prisão por conta própria.
Rato e outros ex-executivos do Bankia ainda estão aguardando uma decisão em outro caso mais amplo, centrado na má administração do conglomerado bancário. Nesse caso, eles são acusados de deturpar a solidez financeira do banco enquanto preparavam uma oferta pública de ações (IPO), em 2011.
O Bankia passou a relatar um prejuízo de 19,2 bilhões, em 2012, então o maior da história corporativa da Espanha. Separadamente, o Rato também foi investigado por sonegação fiscal relacionada à compra de propriedades, incluindo a de um hotel em Berlim.
Rato foi ministro da Fazenda no governo conservador de José María Aznar, que ocupou o cargo de 1996 a 2004. Em seguida, assumiu o cargo de diretor-gerente do FMI 2004 a 2007, conquistando o cargo graças à sua reputação de arquiteto do boom da construção civil na Espanha. Após seu retorno a Madri, Rato assumiu a presidência de Blesa como presidente do conselho da Caja Madrid, em 2010. Ele ajudou a liderar uma fusão de sete bancos para formar o Bankia após o estouro da bolha de construção da Espanha, em 2008. Mas ele renunciou ao cargo de presidente-executivo em 2012, pouco antes de o Estado nacionalizar o banco e negociar o aporte de capital para resgatá-lo e e a bancos menores em dificuldades na Espanha.
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