Muito se engana quem pensa que plantio de pêssego só tem no Sul do Brasil. Neste ano, o Espírito Santo deve produzir 314 toneladas do fruto, volume quase 30% superior ao do ano passado. Segundo produtores, o fruto é uma alternativa para diversificar a produção e o cultivo orgânico dele é uma aposta para melhorar ainda mais os preços.
No ano passado, o Espírito Santo colheu 244 toneladas dessa fruta delicada e saborosa. De acordo com o Boletim da Conjuntura Agropecuária do Incaper, a área de plantio para este ano também aumentou. Em 2018, haviam 33 hectares de plantio, já neste ano a área aumentou para 43 hectares.
Apesar de muito conhecida, o pêssego ainda é pouco explorado pelos agricultores do Estado. Três municípios da Região das Montanhas capixabas concentram a produção estadual, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). São eles: Venda Nova do imigrante, Domingos Martins e Santa Maria do Jetibá.
De acordo com o pesquisador do Incaper, José Salazar Zanuncio, o pessegueiro gosta de clima mais temperado e, por isso, se adapta muito bem a essa região. Ele é uma alternativa interessante para a Região das Montanhas capixabas. Principalmente para quem trabalha no agroturismo e na venda direta nas feiras.
O agricultor António João Ribeiro Branco, 57 anos, chegou em São Maria do Jetibá em 2013. Da sua terra natal, Alvados, em Portugal, trouxe a cultura da fruticultura orgânica.
Na região do Garrafão, em Santa Maria, ele e a família cultivam 600 pessegueiros em uma área de um hectar. Já tínhamos maçãs e uva. Em 2015, pensamos em inserir o pêssego dentro do nosso cultivo, porque vimos que ele se adaptaria bem às condições climáticas da região. Estamos a 1,1 mil metros acima do nível do mar e com um clima mais ameno, conta.
Depois que plantou as mudas, demorou cerca de dois anos para que a produção começasse. No ano passado, a colheita foi pequena porque sofremos com o granizo que maltratou os frutos. Mas, no ano anterior (2017), colhemos quatro toneladas, conta.
Segundo ele, a expectativa é que, de setembro a dezembro deste ano, sejam colhidas seis toneladas do fruto. Consigo comercializar toda a produção. Por ser orgânica, ela é diferenciada. Tradicionalmente, o pêssego tem uma carga de agrotóxico muito grande. Além disso, a produção capixaba ainda é muito pequena. Nós conseguimos vender, no ano passado, a R$ 12 o quilo, conta.
MANEJO
Os pessegueiros são de simples manejo, segundo o pesquisador do Incaper. Como não é muito exigente com a água, não requer irrigação em tempo integral. No caso da Região das Montanhas, a água já garante uma produtividade média boa para o produtor. Mas o agricultor pode, depois da poda da planta, irrigar para aumentar a capacidade de produção, comenta Salazar Zanuncio.
De acordo com o especialista, mesmo assim, é fundamental ficar atento a dois itens: poda e doenças. Depois que a árvore frutifica e os frutos são recolhidos, a planta passa por um período de hibernação. Nesse momento, o produtor precisa realizar a poda de condução e limpeza dos galhos improdutivos. Após o inverno, vai florescer e frutificar, explica. Já no caso das doenças, é importante monitorar a mosca branca, as cochonilhas do tronco e a grapholita (um lagarta).
SAIBA MAIS
Pessegueiros
Plantio
Durante o inverno, nos meses de junho e julho, e no verão, entre os meses de dezembro e de janeiro. Em um hectare cabem mais de 400 plantas.
Solo e clima
O pessegueiro gosta de solos férteis, profundos e bem drenados. Já o clima tem que ser ameno, com maior quantidade de horas de frio abaixo de 13 graus durante o período de inverno.
Poda da árvore
A poda deve ser feita no período de repouso, em junho nas regiões mais quentes e, em locais mais frios, no final de junho e início de julho.
Colheita
A colheita do pêssego deve ser feita assim que a pele do fruto começar a mudar da cor verde para amarelo-claro. Ela ocorre desde agosto, em regiões mais quentes e com variedades precoces; e até dezembro em locais mais frios e cultivos mais tardios.
Fonte: Globo Rural
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