> >
Novo arcabouço: governo exclui dividendos e concessões do cálculo de receitas

Novo arcabouço: governo exclui dividendos e concessões do cálculo de receitas

Royalties com exploração de petróleo também serão excluídos; medida pode reduzir projeção de arrecadação e de despesa

Publicado em 18 de abril de 2023 às 12:02

Ícone - Tempo de Leitura 2min de leitura

BRASÍLIA, DF - O governo bateu o martelo sobre como vai ser calculada a receita que determinará o crescimento das despesas nos próximos anos. O texto sendo enviado ao Congresso nesta semana deixará quatro itens fora das contas, de acordo com o relatado à reportagem.

O governo vai tirar toda a arrecadação com concessões e permissões, dividendos e participações pagos por estatais, e ganhos com a exploração de recursos naturais (o que compreende principalmente royalties com petróleo) — além da conta com transferências constitucionais feitas a estados e municípios.

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, dá entrevista coletiva,para detalhar as primeiras medidas econômicas do governo.
Fernando Haddad, ministro da Fazenda. (Valter Campanato/Agência Brasil)

O formato final era aguardado por analistas por afetar diretamente os cenários para o resultado primário e o endividamento público nos próximos anos.

Isso porque a arrecadação vai ditar quanto os gastos crescerão em termos reais, na proposta do governo. Se a arrecadação crescer menos, os gastos também crescem menos.

Os gastos avançarão em termos reais o correspondente a 50% ou 70% da evolução real das receitas verificadas no ano anterior (e sempre tendo como resultado final para eles um crescimento real final de 0,6% a 2,5%).

Na visão do governo, a retirada dessas receitas é necessária para que não seja gerado um crescimento permanente das despesas ao longo dos anos baseado em receitas não-recorrentes (isto é, que não se repetem nos demais exercícios).

A retirada, no entanto, pode levar a uma maior limitação das despesas. Até fevereiro, por exemplo, a receita líquida total acumulada em 12 meses teve avanço real de 4,2% contra um ano antes. Já a que desconta concessões, dividendos e royalties, de 0,2%.

Felipe Salto, economista-chefe da corretora Warren Rena e ex-diretor executivo da IFI (Instituição Fiscal Independente, órgão do Senado que monitora as contas públicas), calcula que haverá uma queda real nas receitas de 0,7% até meados do ano já considerando os itens excluídos pelo governo.

Como mostrou a Folha de S.Paulo, as regras podem deixar a expansão de gastos mais restrita do que a imaginada pelo governo — que chegou a sinalizar um avanço real de 2,5% nas despesas em 2024.

Diante das menores receitas, analistas vêm calculando que a expansão vai ser apenas o equivalente ao piso do arcabouço –de 0,6%.

No governo, no entanto, é repetida a informação de que a expansão de receitas do ano que vem não vai ficar na menor possível e que vai ser feito o possível para ser elevado esse percentual — embora ainda não se detalhe como.

Receitas primárias que embasam a expansão da despesa vão descontar: 

  • Receitas primárias de concessões e permissões 
  • Receitas primárias de dividendos e participações 
  • Receitas primárias de exploração de recursos naturais 
  • Transferências legais e constitucionais a estados e municípios

Este vídeo pode te interessar

Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rapido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem

Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta

A Gazeta integra o

The Trust Project
Saiba mais