Publicado em 31 de março de 2023 às 15:37
O novo arcabouço fiscal divulgado nesta quinta-feira (30), pelo Ministério da Fazenda pode ajudar estabilizar a trajetória da dívida pública, mas ainda deixa dúvidas em aberto, sobretudo em relação a mecanismos para controle de gastos, avaliam especialistas ouvidos pelo Estadão. >
Isso porque a regra estabelece não só um teto, mas também um piso mínimo para as despesas — um crescimento de 0,6% ao ano acima da inflação. "Nos momentos em que a arrecadação crescer menos ou cair, a gente não vai conseguir cortar despesas, até mesmo para cumprir o mínimo de despesa que está no arcabouço", avalia a economista-chefe do Credit Suisse no Brasil, Solange Srour. >
Solange Srour
Economista-chefe do Credit Suisse no Brasil
Já o economista-chefe da Warren Rena, Felipe Salto, avalia que esse piso funciona como uma espécie de "proteção" para momentos de retração econômica. "O novo arcabouço fiscal prevê que a despesa crescerá a 70% da taxa de crescimento da arrecadação, mas limitada a no máximo 2,5% e mínimo 0,6%. Esse intervalo evitará que se gaste muito em tempos de vacas gordas e que falte o fundamental em períodos de baixa do ciclo", afirma Salto, ex-secretário da Fazenda e Planejamento de São Paulo. >
Ele exalta a combinação de um mecanismo de controle de gastos com metas de resultado primário e afirma que a regra apresentada deverá melhorar a trajetória projetada para a dívida pública.>
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A diretora da Instituição Fiscal Independente, Vilma da Conceição Pinto, diz que é positiva a projeção do governo de zerar o rombo das contas públicas em 2024 e gerar superávit primário de 0,5% do PIB em 2024 e 1% do PIB em 2026 — último ano do governo Lula —, mas avalia que é preciso sinalizar com quais mecanismos esse resultado será alcançado. 'Só será sustentável se esse superávit for realizado por meio de medidas de caráter estrutural", afirma.>
Salto pondera que as metas de resultado primário fixadas são ambiciosas e dependeriam de um forte aumento da arrecadação. >
Felipe Salto
Economista-chefe da Warren RenaVilma pontua que, apesar de a nova âncora trazer mais flexibilidade para a gestão das contas públicas em relação ao teto de gastos - regra que limita o crescimento das despesas à variação da inflação -, a vinculação das despesas ao crescimento da arrecadação pode gerar o incentivo de busca por receitas não recorrentes. >
Vilma da Conceição Pinto
Diretora da IFIO pesquisador do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas (Ibre/FGV) Fabio Giambiagi avalia que faltou detalhamento na divulgação do arcabouço fiscal. >
Fabio Giambiagi
Pesquisador do Ibre/FGVEle sugere que, em abril, com a divulgação da Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO), o governo divulgue um quadro detalhado, de 2023 a 2026, de qual é cenário básico com o qual as autoridades trabalham para o comportamento das receitas e despesas.>
"Na receita, decompondo em IPI, IR, IOF, Cofins, PIS-Pasep, CSLL, receitas de exploração de recursos naturais, dividendos e concessões. E, no lado das despesas, mostrando a evolução das principais rubricas: pessoal, INSS, FAT, LOAS, Fundeb, subsídios, sentenças judiciais, Bolsa Família, saúde e educação e outras despesas", diz. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.>
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