Publicado em 3 de agosto de 2022 às 09:01
BRASÍLIA - O governo federal planeja enviar ao Congresso neste mês uma proposta de Orçamento para 2023 com uma reserva para reajuste de servidores. A ideia em estudo é considerar para o valor a inflação do ano que vem.>
Segundo cálculos frequentemente mencionados pelo governo, cada 1 ponto percentual de reajuste linear para todos os servidores federais significa um aumento aproximado de R$ 3 bilhões nas despesas da União. Como a inflação de 2023 está projetada pelo mercado em 5,33%, isso pode representar uma expansão aproximada de R$ 16 bilhões nas despesas do ano que vem.>
Caso a ideia de reajuste com a inflação de 2023 vá adiante, ficaria sem compensação a falta de reajustes para o funcionalismo nos últimos anos. Os aumentos ficaram impedidos principalmente por travas legais criadas por governo e Congresso com o objetivo de compensar a elevação de gasto e endividamento da União em meio à crise da Covid-19.>
As discussões continuam e ainda não está descartado que algumas carreiras possam ganhar mais do que outras, privilégio sinalizado neste ano por Bolsonaro (para agradar policiais, por exemplo) e que acabou não indo adiante. Planos de reajustes maiores para algumas categorias geram ressalvas dentro do governo pela possível reação das demais.>
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As novas discussões sobre reajustes de servidores acontecem às vésperas da campanha eleitoral. Os valores a serem pagos disputam espaço no Orçamento com outras despesas, como o Auxílio Brasil e o potencial aumento definitivo do programa para R$ 600 a partir de 2023 (atualmente, as regras só exigem que os R$ 600 valham até dezembro deste ano e a previsão é que o valor baixe para R$ 400 a partir de janeiro).>
A briga por espaço no Orçamento acontece porque o governo tem cada vez menos margem no teto de gastos (regra constitucional que impede o crescimento das despesas federais para além da inflação). Qualquer nova despesa dificulta ainda mais deixar os números dentro do limite.>
As discussões voltam depois de muitas idas e vindas sobre o tema em 2022. O governo havia reservado R$ 1,7 bilhão para reajustes de carreiras e aumentos de salários no funcionalismo federal no Orçamento deste ano, mas o montante era insuficiente para um reajuste amplo para os servidores.>
Em meio ao diagnóstico de que um aumento pequeno para todos poderia prejudicar a imagem de Bolsonaro em vez de beneficiar, o governo passou a estudar alternativas. Na mesa, estavam desde o reajuste para apenas algumas categorias até um aumento apenas do vale-alimentação (que não gerava aumento para servidores aposentados).>
Após muitas declarações sobre o tema, no entanto, Bolsonaro confirmou em junho que não haverá reajuste para servidores neste ano.>
"Lamentavelmente, não tem reajuste pra servidor. Nós estamos tentando agora, que tem que vencer legislação eleitoral, dobrar, no mínimo, o valor do auxílio-alimentação", disse a jornalistas em frente ao Palácio do Planalto em junho. Ele não detalhou, contudo, quanto custaria o incremento do benefício.>
"Tinha bronca de próprios outros servidores de outros setores, setor público [falando] 'ah, vou ameaçar parar'. Vários representantes. Então não pude prosseguir com a [reestruturação] da Polícia Rodoviária Federal, nem com a da Depen", disse na ocasião.>
Categorias da elite do funcionalismo público vinham ameaçando fazer greves, seja para conseguir também serem contempladas no aumento, seja por considerarem os 5% estudados pelo governo insuficientes.>
"Você imagine aí parando aí o Banco Central, parando a CGU, parando a Receita, parando os fiscais sanitários. Agora, se alguém apontar onde eu posso usar recursos, eu dou reajuste agora, em 20%, 30%, 40% para todo mundo. Para o ano que vem é possível, estamos preparando", afirmou na época.>
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