Publicado em 2 de abril de 2020 às 09:30
Os impactos econômicos das medidas de contenção da pandemia de covid-19 levaram FIIs, os fundos de investimento imobiliário, a suspenderem a distribuição mensal de dividendos.>
É o caso do XP Malls, o FII mais negociado no mercado. No dia 18 de março, quando o governador de São Paulo João Doria (PSDB) determinou o fechamento de shoppings na Grande São Paulo, o fundo comunicou a suspensão da distribuição mensal de rendimentos, citando a "baixa previsibilidade quanto aos impactos que estas medidas causarão no resultado do Fundo nos próximos meses".>
O fundo gerido pela XP Investimentos e administrado pelo BTG Pactual detém participação em 12 shoppings, incluindo o Cidade São Paulo e o Cidade Jardim.>
Os fundos de shopping têm, além do aluguel mínimo fixo das lojas, um percentual sobre o estacionamento e sobre vendas, que é acordado entre as partes. Com a determinação da maior parte dos estados brasileiros de manter fechados o comércio de rua, bares e restaurantes, academias e shoppings como medida para frear a circulação de pessoas e conter o avanço do coronavírus, a receita dos fundos deve ter uma forte queda em abril.>
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"Ninguém imaginava que os shoppings iriam fechar. Isso foi um susto maluco. Por prudência, os fundos, especialmente os menores, vão segurar os dividendos e pagar só no fim do semestre", diz Marcos Baroni, especialista de fundos da Suno Reasearch.>
Obrigatoriamente, os fundos devem distribuir 95% do seu lucro líquido semestral aos cotistas ao fim do semestre, mas a praxe do mercado para atrair investidores é fazer a distribuição mês a mês. Caso não haja lucro, não há dividendos.>
Além da redução nas vendas, a retração econômica em consequência da pandemia pode levar a um aumento de inadimplência, afetando todo o setor de FII, apontam especialistas.>
"Não tem como ser muito diferente, a crise vai afetar todo mundo. Deve haver muita inadimplência em contrato de aluguel. É um efeito forte, mas temporário", diz Eduardo Malheiros, sócio da Habitat Capital Partners Asset Management.>
No segmento de galpões logísticos, o impacto deve ser menor aponta Baroni. "Pode ser que empresas peçam desconto ou adiamento no pagamento de galpões, mas o risco de insolvência é baixo".>
O especialista também aponta que a maior parte dos fundos imobiliários têm muito dinheiro em caixa, o que os deve proteger neste momento de crise.>
"Vemos cotistas preocupados e o fundo tem R$ 100 milhões em caixa. Essa é a realidade da maioria dos fundos do Brasil. Eles sobrevivem anos sem renda", diz Baroni.>
Investidores, contudo, se desfizeram dos papéis diante do cenário negativo, o que fez o preço das cotas despencar. O Ifix (Índice de Fundos de Investimentos Imobiliários da B3), que reúne os fundos mais negociados, acumula queda de 23% neste ano. Em 2019, se valorizou 36%.>
"O movimento foi muito exagerado. Por ter muito investidor novo, o mercado entrou em pânico e os fundos caíram como se o isolamento fosse durar anos ou a recuperação fosse muito ruim", diz Malheiros.>
Os FIIs foram um dos produtos de renda variável que mais atraiu investidores pessoa física em 2019. A quantidade de investidores mais que dobrou nos últimos 12 meses e chegou a 762 mil em fevereiro, dos quais mais de 70% são pessoas físicas, de acordo com dados da B3. >
Segundo Malheiros, a distribuição de dividendos de FIIs é, em média, de 0,5% a 0,7% da cota ao mês, algo que deve fazer falta para a pessoa física. "Muitos contam com essa renda", diz. >
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