Publicado em 7 de junho de 2023 às 13:02
RIO DE JANEIRO - A inflação oficial do Brasil, medida pelo IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo), desacelerou para 0,23% em maio, após subir 0,61% em abril.>
Divulgado nesta quarta-feira (7) pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), o resultado ficou abaixo da mediana das projeções do mercado financeiro. Analistas consultados pela agência Bloomberg projetavam alta de 0,33% em maio.>
Com a nova variação, o IPCA atingiu 3,94% no acumulado de 12 meses. É o menor nível desde outubro de 2020 (3,92%). A seguir, entenda o que puxou o resultado de maio para baixo.>
Dos 9 grupos de produtos e serviços pesquisados pelo IBGE, 2 tiveram quedas de preços no mês passado. Foram os seguintes: transportes (-0,57%) e artigos de residência (-0,23%).>
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Dentro dos transportes, houve pelo menos dois destaques da pesquisa, as passagens aéreas e os combustíveis.>
Os preços das passagens caíram 17,73% em maio, após avanço de 11,97% em abril. Segundo o IBGE, o resultado pode ser atribuído à base de comparação alta.>
Os combustíveis, por sua vez, tiveram baixa de 1,82% em maio. Houve queda do óleo diesel (-5,96%), da gasolina (-1,93%) e do gás veicular (-1,01%).>
Conforme o IBGE, a redução pode ser associada ao corte nos preços de combustíveis que entrou em vigor em meados de maio nas refinarias da Petrobras.>
Individualmente, os principais impactos para baixo no IPCA do mês passado vieram justamente das passagens aéreas (-0,11 ponto percentual) e da gasolina (-0,10 ponto percentual).>
Outro fator que ajudou a inflação a desacelerar em maio foi a alta menor dos alimentos. O IPCA do grupo alimentação e bebidas saiu de um avanço de 0,71% em abril para 0,16% no mês passado.>
"Trata-se do grupo com maior peso no índice, o que acaba influenciando bastante no resultado geral", disse André Almeida, analista da pesquisa do IBGE.>
Em alimentação e bebidas, o principal destaque foi a alimentação no domicílio, que passou de alta de 0,73% no mês anterior para estabilidade em maio (0%).>
Houve queda nos preços das frutas (-3,48%), do óleo de soja (-7,11%) e das carnes (-0,74%).>
Segundo analistas, a trégua dos alimentos está associada em parte a melhores condições de oferta. Em 2023, o clima beneficiou a produção de diferentes culturas.>
O IPCA só não desacelerou mais em razão de fatores como a pressão de parte dos preços monitorados. São itens cujos valores dependem de decisões de órgãos públicos.>
Individualmente, as maiores pressões para cima no IPCA vieram da alta dos jogos de azar (12,18%), que subiram após autorização de reajuste médio de 15% no valor das apostas, da taxa de água e esgoto (2,67%) e dos planos de saúde (1,20%).>
Cada um teve impacto de 0,05 ponto percentual na inflação de maio.>
Segundo economistas, a trégua do IPCA reforça a pressão pelo corte da taxa básica de juros do país (Selic).>
O Copom (Comitê de Política Monetária), ligado ao BC (Banco Central), vem mantendo a Selic em 13,75% ao ano como forma de conter a inflação.>
"Para a próxima reunião do Copom, nos dias 20 e 21 de junho, não se espera alteração na Selic, mas aumenta a expectativa por sinalização mais clara de que o ciclo de baixa venha a seguir", disse o economista Alexsandro Nishimura, sócio do escritório de assessoria de investimentos Nomos.>
"Com a desaceleração consistente da inflação, a curva de juros deve começar a precificar totalmente um corte na Selic a partir da reunião de agosto", completou.>
A economista Claudia Moreno, do C6 Bank, destacou que o IPCA de maio veio "melhor do que o esperado".>
A analista também disse que os chamados núcleos de inflação do BC ficaram em linha com o esperado, acumulando uma alta de 6,7% em 12 meses.>
Esse patamar, contudo, ainda é considerado elevado e sinaliza que a "inflação mais estrutural" está "resiliente e caindo em ritmo lento", segundo a economista.>
Os núcleos de inflação excluem elementos voláteis e não recorrentes sobre os preços, como uma seca, por exemplo.>
Representam um fator de relevância para o BC no momento de decidir o patamar da taxa básica de juros. Em outras palavras, procuram captar tendências para os preços.>
O presidente do BC, Roberto Campos Neto, avaliou na segunda-feira (5) que a inflação está melhorando, mas ainda de forma lenta, principalmente no caso dos núcleos.>
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