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Caixa quer provar modelo de negócio digital para vender ações nos EUA

Caixa quer provar modelo de negócio digital para vender ações nos EUA

Com um pouco mais de 100 milhões de contas abertas no ano passado, o banco tem afirmado que metade dos clientes do aplicativo Caixa Tem já podem ser considerados recorrentes, ou seja, voltam ao banco para o uso de mais algum serviço.

Publicado em 11 de fevereiro de 2021 às 11:30- Atualizado há 3 anos

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Aplicativo Caixa Tem por ele é possível receber crédito do auxílio emergencial, BEm e FGTS
Caixa Tem faz parte do braço digital da Caixa. (Siumara Gonçalves)

O fim do pagamento do auxílio emergencial no fim do ano passado colocou à prova a estratégia da Caixa Econômica Federal de tornar rentável seu banco digital, criado a partir do Caixa Tem - aplicativo usado para distribuir esse benefício para milhões de brasileiros. O objetivo do banco é abrir o capital da unidade nos Estados Unidos, na Nasdaq.

Com um pouco mais de 100 milhões de contas abertas no ano passado, o banco público tem afirmado que metade dos clientes do aplicativo já podem ser considerados recorrentes, ou seja, voltam ao banco para o uso de mais algum serviço.

Enquanto espera a aprovação do Banco Central para segregar a operação, passo necessário para a oferta inicial de ações (IPO, na sigla em inglês), a Caixa busca reforçar esses números.

Para isso, o banco público prepara a inclusão na base de seu aplicativo de seus três milhões de clientes via Casa Verde e Amarela (ex-Minha Casa Minha Vida) e, ainda, de 19 milhões de famílias do Bolsa Família (considerando as que ainda estão na fila para o benefício). A ideia é que todos os benefícios sociais sejam distribuídos pelo Caixa Tem.

Segundo uma fonte próxima ao banco, o pagamento, feito pelo governo, de uma taxa por essas operações proverá a rentabilidade do serviço. A Caixa assumirá ainda a gestão e o pagamento do DPVAT, seguro destinado a indenizar vítimas de acidentes de trânsito. E quem for receber o recurso terá de ter uma conta digital no Caixa Tem - gerando um fluxo de 600 mil pessoas por ano.

Na prática, a Caixa quer focar em produtos para a baixa renda, com a ajuda da sua grande escala (que ganhou proporção ainda maior na pandemia), atender de forma rentável esse público que, por muito tempo, esteve à margem do sistema bancário nacional.

O aplicativo já oferece seguros e passará a ofertar microcrédito, produto visto com grande potencial. Uma sinalização positiva, segundo fontes próximas ao banco, tem sido a de que clientes que vieram via Caixa Tem, por conta do auxílio, já estão aderindo pelo app à chave do Pix, sistema de pagamentos instantâneo do Banco Central. O número que tem circulado internamente é de que metade dos 32 milhões de CPFs que fizeram o registro da chave do PIX foram cadastrados pelo Caixa Tem.

Outra frente da Caixa, também na mira de outros bancos digitais, é criar um ecossistema por meio de um marketplace, incorporando varejistas ao aplicativo, fazendo com que o cliente passe mais dentro do app, o que aumenta a rentabilidade do negócio.

No Banco Central, a primeira aprovação do banco digital já foi dada, segundo fontes, mas o processo ainda demanda outras etapas. A Caixa ainda não contratou bancos de investimento para estruturar a abertura de capital. O IPO de outra divisão, da Caixa Seguridade, sua holding de seguros, deve ocorrer primeiro. A operação, que pode movimentar R$ 15 bilhões, era esperada para o ano passado, mas foi postergada por conta de volatilidade.

BAIXA RENDA

O consultor Bruno Diniz, líder na América Latina pela Financial Data and Technology Association (FDATA) e cofundador da consultoria especializada em inovação para o mercado financeiro Spiralem, afirma que o desafio de ter uma operação lucrativa voltada para o cliente de baixa renda já foi experimentado por players estrangeiros, como o Chime, nos Estados Unidos.

"Por aqui algumas instituições locais, como o Banco Pan e o Neon, resolveram abraçar. Primeiro é importante ter em mente que antigamente a própria base de custos de um banco tradicional tornava mais difícil a 'rentabilização' de clientes de baixa renda", afirma o especialista. "Essa realidade começou a mudar com a chegada de provedores de serviços que possuem uma estrutura mais enxuta, sem agências e com sistemas mais modernos e baratos."

O diretor sênior de instituições financeiras da Fitch na América Latina, Claudio Gallina, frisa que o aumento de competição dos bancos tradicionais com as fintechs é uma realidade, mas os bancos conseguiram, na pandemia, ajustar suas operações e seguem em busca de mais eficiência, em meio ao mundo mais digital.

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"Mas a rentabilidade de uma operação voltada para a baixa renda depende muito do crescimento econômico", destaca.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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