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Bradesco, BB, Caixa, Santander e Itaú têm 80% do mercado, diz Banco Central

Bradesco, BB, Caixa, Santander e Itaú têm 80% do mercado, diz Banco Central

Os dados foram apresentados hoje pelo BC (Banco Central) no relatório sobre a economia bancária e mostram um recuo marginal da concentração

Publicado em 4 de junho de 2020 às 18:38

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Caixas dos Banco 24 Horas
Contribuiu para essa leve redução a retração de participação dos principais bancos públicos federais. (TecBan/Divulgação)

As cinco maiores instituições financeiras no país (Bradesco, Banco do Brasil, Caixa, Santander e Itaú) concentraram 80,7% das operações de crédito no sistema bancário ao fim de 2019.

Os números mostram que o indicador de concentração ficou em patamares similares ao observado nos anos anteriores, mesmo com críticas à concentração feitas pelo ministro Paulo Guedes (Economia).

Os dados foram apresentados hoje pelo BC (Banco Central) no relatório sobre a economia bancária e mostram um recuo marginal da concentração ao longo dos últimos três anos. Ao fim de 2017, a participação dos cinco maiores era de 83,4%. Em 2018, de 82,2%.

Contribuiu para essa leve redução a retração de participação dos principais bancos públicos federais. Ela foi, em alguma medida, compensada por um avanço das instituições privadas (mas, segundo o BC, não o suficiente para aumentar a concentração total).

João Manoel Pinho de Mello, diretor de Organização do Sistema Financeiro e Resolução, diz que o indicador é importante. Mas afirma que a autarquia vai monitorar cada vez mais outros índices, como aqueles que atestam o nível de competição entre os bancos.

"É perfeitamente possível ter um sistema bancário razoavelmente concentrado e muito competitivo", afirmou. "É por isso que estamos olhando cada vez mais, estamos dando ênfase crescente aos indicadores de competição. Não deixando de lado a concentração, porque é um indicador importante", disse.

O Banco Central costuma defender que certas medidas devem produzir resultados para o aumento da competição. Entre elas, a implantação do chamado open banking (iniciativa que autoriza instituições financeiras a compartilharem entre si dados de clientes), que pode gerar tarifas mais baixas.

Os dados são apresentados em meio a críticas de empresários sobre a dificuldade de acessar crédito durante a pandemia do coronavírus. Levantamento do Sebrae (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas) divulgada no mês passado aponta que 86% dos pequenos negócios que buscaram crédito na crise não conseguiram.

Antes mesmo do estouro da pandemia, Guedes criticava a concentração bancária dizendo que o país é formado por uma população de "trouxas" atendidos por poucos concorrentes. Por isso, ele dizia que haveria mudanças.

"Em vez de termos 200 milhões de trouxas sendo explorados por seis bancos, seis empreiteiras, seis empresas de cabotagem, seis distribuidoras de combustíveis; em vez de sermos isso, vai ser o contrário. Teremos centenas, milhares de empresas", disse no dia 9 de maio em teleconferência com investidores.

Os dados do BC mostram também que o lucro das instituições financeiras bateu novo recorde, de quase R$ 120 bilhões, na série apresentada no relatório (iniciada em 1994).

A rentabilidade dos bancos subiu pelo terceiro ano seguido. O chamado retorno sobre o patrimônio líquido do sistema bancário nacional alcançou 16,5% em dezembro do ano passado, contra 14,8% no fechamento de 2018.

O crescimento da rentabilidade foi principalmente resultado do aumento do crédito e da mudança de composição da carteira, com o aumento das operações com maiores juros (para pessoas físicas e para pequenas e médias empresas).

Para 2020, o BC espera uma redução da rentabilidade principalmente por causa do coronavírus. Paralelamente, deve haver aumento no crédito. A estimativa de alta para o saldo neste ano passou de 4,8% para 7,6% com o coronavírus.

Fabio Kanczuk, diretor de Política Econômica do BC, considera que a demanda por crédito atualmente não é para atender novos investimentos, mas sim para mitigar os efeitos da crise.

Para ele, esse cenário deve começar a ser revertido até o fim do ano, considerando a expectativa oficial de recuperação no terceiro trimestre e a gradual substituição do perfil de crédito para um objetivo mais voltado à expansão da atividade.

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