Publicado em 25 de novembro de 2020 às 16:27
Uma queda na chamada margem financeira, o resultado com operações e intermediações financeiras, fez a Caixa Econômica Federal registra queda no resultado do terceiro trimestre deste ano. >
A margem financeira caiu 48% no terceiro trimestre deste ano em relação a igual período de 2019, para R$ 9,879 bilhões. A margem financeira é a principal receita do banco, tida principalmente com operações de crédito e intermediações financeiras. Em relação aos três meses anteriores, a margem subiu 2,7%.>
A redução da margem foi um dos principais responsáveis pela nova queda de 37,6% do lucro líquido do período em relação ao terceiro trimestre de 2019, para R$ R$ 2,636 bilhões. Em relação ao trimestre anterior, o lucro teve alta de 1,7%.>
O lucro contábil, que considera receitas e despesas não recorrentes do banco, foi de R$ 1,890 bilhão de julho a setembro -uma queda de 76,5% em relação a igual período de 2019. Em relação ao trimestre anterior, o lucro caiu 26,1%.>
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Segundo o presidente da Caixa, Pedro Guimarães, a queda da margem financeira em relação ao ano passado foi impulsionada pelas dificuldades trazidas pela pandemia de coronavírus.>
"Ainda temos um número sensível de pessoas trabalhando remotamente. Isso significa que não há o mesmo número de pessoas focadas em realizar vendas, principalmente porque a prioridade tem sido o auxílio emergencial. Além disso, temos provisões importantes de crédito que também explicam esse impacto", afirmou em conferência para falar dos resultados do banco.>
As reservas contra calotes da Caixa totalizaram no período R$ 2,742 bilhões, uma queda 6,5% em relação a igual período de 2019. As provisões do resultado contábil, no entanto, ficaram em R$ 3,670 bilhões -o que representa um aumento de 25,2% na mesma comparação.>
"Desse total, R$ 1,3 bilhão veio como provisão extra em prol das operações de crédito e do acordo coletivo. Os resultados têm sido melhores do que o esperado, mas vamos continuar [fazendo provisões] mesmo com a queda contínua da inadimplência", afirmou Guimarães.>
O presidente da Caixa, disse, ainda, que apesar de não ser possível antecipar detalhadamente o que tem acontecido no quarto trimestre, a expectativa é de que não haja mais provisões adicionais neste ano. "Também não vemos necessidade de reverter as provisões já feitas. Queremos dar tempo ao tempo", afirmou.>
A carteira de crédito ampla do banco atingiu R$ 756,5 bilhões no terceiro trimestre deste ano, um aumento de 10,7% em comparação ao mesmo intervalo de 2019.>
A carteira de pessoas jurídicas foi a que mais cresceu no período, com alta de 52,7%, para R$ 61,4 bilhões. O resultado conta com os empréstimos cedidos no âmbito do Pronampe (Programa Nacional de Apoio às Microempresas e Empresas de Pequeno Porte), de R$ 12,1 bilhões.>
No âmbito do FGI (Fundo Garantidor de Investimentos) e do Fampe (Fundo de Aval para as Micro e Pequenas Empresas) foram cedidos R$ 11,1 bilhões e R$ 2,3 bilhões, respectivamente.>
As concessões de crédito para habitação, principal negócio da Caixa, atingiram R$ 498,7 bilhões no terceiro trimestre, um avanço de 9,3% em relação a iguais três meses de 2019. A linha representa 65,9% da carteira total.>
O crédito para pessoas físicas subiu 5,2% na mesma base de comparação, para R$ 85,7 bilhões, enquanto as concessões voltadas para saneamento e infraestrutura registraram alta de 6,1%, para R$ 86,7 bilhões, e o crédito rural subiu 32,9%, para R$ 6,9 bilhões na mesma relação.>
O índice de inadimplência total acima de 90 dias da Caixa ficou em 1,87%, uma redução de 0,51% p.p. (ponto percentual) em relação ao terceiro trimestre de 2019.>
Em relatório divulgado nesta quarta-feira (25), o banco afirmou que não houve alterações no processo de apuração de provisão de risco de crédito, nem na constituição de provisão prudencial.>
"Essas operações são fundamentadas nas características das operações da Caixa, que são concentradas em operações de longo prazo, com garantias reais e com mais de 91,9% das operações classificadas em níveis de riscos entre AA e C [considerados mais baixos]. A Caixa continuará acompanhando as operações de crédito, em especial quanto aos reflexos da pandemia de Covid-19 na economia", disse o banco.>
O presidente da Caixa também afirmou que o resultado do terceiro trimestre deste ano ainda traz uma diferença de aproximadamente R$ 730 milhões, que são referentes à redução da tarifa cobrada do FGTS para administração dos recursos do fundo, que saiu de 1% para 0,5%.>
"No terceiro e no quarto trimestre do ano passado, ainda tínhamos R$ 700 milhões a mais, que não voltaremos a ter por conta da redução da taxa de gestão. Mas na análise normalizada [que ajusta esses números para uma base comparável], temos crescimento", disse Guimarães.>
As receitas com prestação de serviços e tarifas bancárias do banco público atingiram R$ 6,1 bilhões no terceiro trimestre, recuo de 12,4% em relação a igual período de 2019. As despesas de pessoal subiram 7% na mesma base de comparação, para R$ 5,5 bilhões.>
No início deste mês, a Caixa abriu um PDV (plano de demissão voluntária) para 7.200 funcionários. O número responde por 8,5% do quatro de funcionários da Caixa, de aproximadamente 84,3 mil pessoas. Em anos anteriores, a média de adesões desses planos foi de até 2 mil funcionários.>
No terceiro trimestre, as receitas com seguros totalizaram R$ 84,1 milhões, avanço de 78,9% em relação a igual período de 2019. Já as receitas com cartões somaram R$ 751 milhões, um aumento de 5,8% na mesma relação.>
Em setembro, a Caixa desistiu mais uma vez de fazer o IPO (abertura de capital) de sua subsidiária de seguros, citando a atual conjuntura do mercado como motivo para o adiamento. A expectativa era de que o banco levantasse mais de R$ 10 bilhões na oferta secundária -quando o dinheiro arrecadado vai para o acionista vendedor-, vendendo parte de sua participação na Caixa Seguridade.>
Entre os programas de transferência de renda que aconteceram por meio do banco, a estimativa é de um total de pagamentos no valor de R$ 356 bilhões, que alcançaram cerca de 120 milhões de pessoas. O destaque é do auxílio emergencial, que responde por R$ 297,8 bilhões desse total, tendo alcançado 67,8 milhões de pessoas.>
A respeito do Caixa Tem, aplicativo por meio do qual os benefícios sociais estão sendo pagos durante a pandemia do coronavírus, o banco público informou que foram criadas 105 milhões de contas, com a geração de 95,8 milhões de cartões de débito virtual.>
Guimarães já havia informado sua intenção de transformar o aplicativo em banco digital separado e em, posteriormente, fazer sua abertura de capital.>
"Há um consenso, internamente, de que o banco digital é o futuro da Caixa. Estamos com uma tratativa inicial com o conselho de administração e já tivemos algumas conversas com o Banco Central sobre criar esse banco digital. O objetivo é monetizar uma parte [desse banco] logo após sua aprovação, que esperamos que aconteça nos próximos seis meses. Pretendemos realizar essa abertura de capital, mas antes é necessário que haja a aprovação", afirmou.>
A Caixa já teria separado uma equipe de 100 pessoas para cuidar do banco digital que deve também contar com um programa específico de microcrédito, além de listagem no Brasil e nos Estados Unidos. A expectativa é que a chegada da nova plataforma reduza os custos do banco com pessoal, aluguel e numerário.>
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