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BC se preocupa com inflação, e não com dívida, diz diretor

BC se preocupa com inflação, e não com dívida, diz diretor

O diretor de Política Econômica do Banco Central, Fábio Kanczuk afirmou que autoridade monetária não deixaria de subir juros por impacto em dívida pública

Publicado em 8 de abril de 2021 às 17:27- Atualizado há 3 anos

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Banco Central em Brasília
Kanczuk diretor do Banco Central afirmou que não deixaria de subir juros por causa do impacto da Selic na dívida pública. (Marcello Casal Jr/Agência Brasil)

O diretor de Política Econômica do Banco Central, Fábio Kanczuk, afirmou nesta quinta-feira (8) que não vê evidências de que o país esteja sob dominância fiscal atualmente, mas ressaltou que não se trata de "um problema" da autoridade monetária.

"Não vejo evidências de dominância fiscal agora, eu realmente não vejo. As variáveis estão se comportando de maneira tradicional. [...] No fim, dominância fiscal não é problema nosso. Se você é um investidor, você quer isso, não quer que o BC sirva à política fiscal", destacou em evento virtual promovido pelo BNY Mellon.

Dominância fiscal é quando a política monetária depende do controle das contas públicas e da dívida para conter a inflação. Nesse cenário, quando o BC eleva a taxa básica de juros, a dívida aumenta a ponto de gerar mais inflação.

Kanczuk afirmou que o BC não deixaria de subir juros por causa do impacto da Selic na dívida pública.

"Consideramos os riscos fiscais o tempo todo. No último relatório de inflação traçamos cenários alternativos em que há questionamentos sobre sustentabilidade fiscal e o prêmio de risco sobe, a taxa de juros neutra cresce, o Real se desvaloriza e a inflação aumenta", detalhou.

"Mas não podemos deixar de subir juros porque temos um problema fiscal, é preciso subir [a taxa básica] porque temos que tomar conta da inflação. Se temos mais inflação, não questionamos se vai gerar mais dívida ou se o custo da dívida vai aumentar porque a Selic está mais alta, não se leva isso em consideração", avaliou.

Como a maior parte da dívida pública é atrelada à taxa básica de juros, quando há elevação, o governo paga mais caro pelo endividamento.

Ele ressaltou que o compromisso principal do BC é controlar a inflação.

"Não é meu papel dizer qual é a melhor política fiscal para o país, estou aqui como Banco Central, não fui eleito. A sociedade por meio do Congresso vai decidir isso. Vamos apenas reagir e ver qual é o impacto na inflação", pontuou.

O diretor disse também ter dúvidas se o país já esteve em dominância fiscal. "Em 2002 eu estava convencido de que havia dominância fiscal, mas agora tenho dúvidas. Não sei se nós já estivemos em dominância fiscal", analisou.

Kanczuk avaliou que o mercado de trabalho reagiu melhor que o esperado à crise e reiterou que o BC não vai tolerar uma inflação mais alta para fomentar o emprego.

"Em termos de inflação, que no fim do dia é o com o que nos importamos, o desemprego não vem sendo uma boa variável para projetar inflação, mas isso pode mudar", afirmou. "Não vamos ter isso como desculpa para não ter a inflação na meta", completou.

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