De Norte a Sul do Espírito Santo, o agronegócio sofre os impactos gerados pela paralisação dos caminhoneiros. A Federação da Agricultura e Pecuária (Faes) estima que os efeitos dos dez dias de greve tenham proporcionado, em toda a cadeia do setor, um prejuízo de R$ 2 bilhões.
Durante a greve, a ração das granjas e criadouros de porcos acabou. Somente em Santa Maria de Jetibá mais de 5 mil aves morreram de fome. Além disso, as produções de laticínios e abatedouros foram paralisadas, as frutas e verduras estragaram e houve desabastecimento de alimentos e combustíveis na Região Metropolitana e no interior do Estado.
Segundo o diretor executivo das Associações dos Avicultores e dos Suinocultores (Aves e Ases), Nélio Handi, as granjas estão todas abastecidas, mas com um estoque curto de ração. Com o término da paralisação, o alimento começou a ser enviado para o destino, mas o mercado não tem a capacidade de absorver a quantidade de comida animal de que o setor precisa.
Ainda de acordo com Handi, estima-se que a quebra de ciclo de produtividade de aves e suínos, gere um impacto que ultrapasse os R$ 40 milhões. Temos também a falta de capital de giro, que existiu durante esse processo, devido aos produtos que não circularam, que deixaram de ser trabalhados, esse montante gira em torno de R$ 50 milhões, disse em entrevista ao jornal do Campo, da TV Gazeta.
Para tentar minimizar os resultados negativos da greve, a Conab liberou 6 mil toneladas de milho que tinha em seus armazéns no Estado. O governo do capixaba solicitou que 3 mil toneladas de farelo de soja que estavam no Porto de Capuaba, em Vila Velha, esperando para serem exportadas fossem liberadas para criadores locais. E, 2 mil toneladas de farelo de soja vieram de Minas Gerais pela ferrovia.
Com certeza se não tivessem conseguido liberar as rodovias e a soja do porto, as aves ainda estariam com fome, desabafou o avicultor Carlos Berger.
Mais prejuízos
Uma cooperativa de leite de Nova Venécia ficou cinco dias com as atividades prejudicadas e antecipou folgas de 25 funcionários. Segundo o gerente industrial da empresa, Ádamo Ozório, o prejuízo já passa de R$ 6 milhões. Já deixamos de produzir cerca de 150 mil litros de iogurte, porque o fornecedor não teve condições de entregar embalagens e insumos.
Já em Cachoeiro de Itapemirim, outra cooperativa teve que descartar 60 mil litros de leite que ficaram retidos em bloqueios dos caminhoneiros e, durante a paralisação, só conseguiu comercializar 25% da produção.
Uma empresa exportadora de mamão precisou doar 600 toneladas da fruta, e teve prejuízo de R$ 2 milhões. (Com informações de Roger Santana, Serli Santos e Érika Carvalho/TV Gazeta)
O QUE A GREVE DOS CAMINHONEIROS GEROU PARA O AGRONEGÓCIO?
Prejuízos
Avicultura e suinocultura
Apenas em um município do Estado, Santa Maria de Jetibá, o prejuízo na avicultura chega a R$ 300 milhões e mais de 5 mil aves morreram de fome no município. Mais de 150 milhões de ovos ficaram parados nas granjas. No Estado, avicultura e suinocultura, juntas, perderam cerca de R$ 50 milhões em capital de giro.
Laticínios
Em Nova Venécia uma cooperativa ficou cinco dias sem funcionar e teve prejuízos superiores a R$ 6 milhões. Outra cooperativa de leite, em Cachoeiro de Itapemirim, teve que descartar quase 60 mil litros de leite. Durante a greve a empresa só conseguiu dar vazão a cerca de 25% da produção. Em todo o Estado, alguns setores dos laticínios tiveram de parar completamente a atividade por falta de matéria-prima, como embalagens.
Frutas
Em apenas uma empresa, o prejuízo gerado com a perda de mamão foi de R$ 2 milhões e cerca de 600 toneladas foram doadas.
Frios e congelados
O prejuízo que o setor de frios e congelados teve foi de R$ 500 milhões. Em dez dias de paralisação, muitos carregamentos de carne não puderam ser realizados.
Comercialização
Na Ceasa, em Cariacica, o prejuízo estimado foi de R$ 10 milhões devido à paralisação dos caminhoneiros.
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