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Saiba por que Roberto Campos Neto não continuará à frente do Banco Central

O mandato fixo do atual presidente do Bacen do Brasil termina em dezembro de 2024, mas ele já sinalizou que não aceitaria ser reconduzido

O atual presidente do Bnco Central (Bacen), Roberto Campos Neto, assumiu o cargo em janeiro de 2019, no início do governo anterior. Dois anos depois, foi conduzido para um mandato fixo, de quatro anos, segundo a nova lei de autonomia do Banco Central.

Sendo assim, o mandato do presidente do Bacen inicia exatamente na metade do mandato do presidente da República, que tem a prerrogativa de indicar o nome para sucedê-lo, ainda sujeito ao aval do Senado.

Roberto Campos Neto, presidente do Banco Central
Roberto Campos Neto, presidente do Banco Central. Crédito: Marcelo Camargo/Agência Brasil

O trabalho de Roberto Campos Neto é bem avaliado pelo mercado, apesar de ter ocorrido em um período um tanto complicado. A pandemia, em 2020, trouxe grandes desafios, porque gerou expectativa de recessão, o que se confirmou através de uma queda generalizada no PIB mundial naquele ano. Com isso, o Bacen teve a coragem de trazer a Selic para o mínimo histórico de 2% a.a., algo nunca antes visto no país.

O que não se esperava, inicialmente, era que a inflação fosse acelerar de forma tão incontrolável — e aqui falamos de um fenômeno mundial que persiste até hoje, quatro anos após o início da pandemia. Nesse segundo momento, o Banco Central, liderado por Roberto Campos Neto, teve nova atitude corajosa, mesmo que o remédio seja amargo: subir juros.

Enquanto diversos outros países divergiam em sua política monetária, condescendendo de certa forma com a subida da inflação, por considerar que a alta dos preços era um fenômeno inevitável e de origem externa, o Bacen brasileiro foi fiel aos seus modelos, à condução técnica e ao seu mandato, que é de preservar o valor da moeda e controlar os preços. À despeito do que ocorria no resto o mundo, por aqui o Bacen subiu juros antes. E foi nessa hora que as críticas mais pesadas foram feitas ao presidente e à diretoria do Banco Central, momento em que ele se manteve sereno e firme no que precisava ser feito.

O resultado é que a nossa inflação está bem mais comportada, mesmo que lá no início do problema tenha sido um fenômeno importado da conjuntura mundial pós-pandemia. E, por isso, estamos conseguindo abaixar os juros enquanto outros países mantêm suas taxas em níveis mais altos.

É verdade que, no Brasil, ainda temos juros estratosféricos. Também é verdade que nossa economia ainda carece de muito desenvolvimento, amadurecimento e competitividade para que possamos ter uma inflação menor sem comprometer o desenvolvimento.

Mas não podemos negar que, com as ferramentas que tinha à mão, o trabalho do Banco Central liderado por Roberto Campos Neto foi de muita coragem e competência. Não seria exagerado afirmar que o atual presidente acumulou bastante credibilidade e confiança junto ao mercado, o que é algo fundamental para ajudar a ancorar as expectativas e gerar previsibilidade.

Apesar do trabalho mais vísivel do Banco Central ser a condução da política monetária e a determinação da taxa Selic, existe também todo um trabalho de estruturação, fiscalização, monitoramento e desenvolvimento do mercado, cujo exemplo mais tangível para a população em geral é a criação do PIX.

Infelizmente, tudo indica que o atual presidente não será reconduzido. O governo já deu diversos sinais em contrário, e faz parte do jogo político, já que o atual presidente do Bacen foi indicado pelo governo anterior. O próprio Roberto Campos Neto, que poderia ter mais um mandato, até 2028, já disse que não aceitaria a recondução.

É uma pena. Não só pelo bom trabalho que foi feito nos últimos anos, mas também porque a credibilidade acumulada e a confiança que a atual diretoria passa ao mercado seriam úteis em mais um mandato. Certamente, o atual governo se beneficiaria com a recondução do atual presidente, mas sabe-se que isso hoje seria muito difícil de acontecer.

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