Administrador de Empresas (UERJ), pós-graduado em Engenharia Econômica (UERJ), certificado CFP® e Ancord. 21 anos de carreira no mercado financeiro, com passagens pelo atendimento Private, Alta Renda, Gestora de Recursos, Tesouraria e Educadoria Corporativa. Desde 2018, sócio da Pedra Azul Investimentos, escritório de assessoria de investimentos sediado em Vitória-ES.

Por que o resultado da prévia da inflação de novembro acende um alerta

Divulgação do IPCA-15 trouxe mais dúvidas do que certezas, e a trajetória da inflação nos próximos meses ainda é uma incógnita

Postos de gasolina
Posto de gasolina: desoneração dos combustíveis freou inflação antes, mas não se repetirá. Crédito: Carlos Alberto Silva

O IPCA-15 divulgado neste último dia 24 foi de 0,53% para o mês de novembro. No caso do IPCA-15, que tem 15 dias de diferença na apuração e divulgação em relação ao IPCA, este foi o primeiro mês de aceleração mais acentuada da inflação, após o impacto da desoneração dos combustíveis. A inflação acumulada em 12 meses foi de 6,17%, e no ano de 2022 já conta com 5,13%.

À primeira vista, o índice estaria mais comportado, em um patamar próximo à meta de inflação do Banco Central. No entanto, não podemos desconsiderar que a desoneração de impostos dos combustíveis teve um papel fundamental para contenção do índice, e este é um evento que não se repetirá. O impacto não é apenas no preço da gasolina e do diesel, mas a diminuição do custo dos transportes é disseminada por toda a economia, trazendo redução de preços para diversos produtos e serviços.

Se desconsiderarmos este fator dos combustíveis, nossa inflação ainda estaria perigosamente mais próxima dos 10% ao ano. E cabe lembrar que em 2021 o IPCA ficou em salgados 10,06%, portanto esse fenômeno inflacionário já se mostra bastante persistente.

Mesmo que a inflação tenha subido, desde a pandemia, por conta da influência de preços externos e da alta do dólar, hoje o que vemos é a contaminação e disseminação em diversos itens que compõem o IPCA. No caso do IPCA-15 de novembro, os grupos Vestuário (1,48%), Alimentação e bebidas (0,54%), Artigos de Residência (0,54%) e Saúde e Cuidados Pessoais (0,91%) lideraram as altas, com números bastante pressionados. São setores ligados ao consumo e que atingem diretamente a renda das famílias, demonstrando como a demanda segue aquecida sem contrapartida na produtividade da economia, um cenário inflacionário clássico.

Como o Banco Central aumentou a Selic para 13,75%, o efeito da alteração na taxa demora para ser percebido na economia. Os fatores externos, como o preço do dólar e das commodities, bem como a elevada inflação nos países desenvolvidos, também não ajudam.

Neste cenário, a preocupação dos analistas é de que a inércia inflacionária se instale de forma mais persistente e dificulte o trabalho do Banco Central em trazer o IPCA para a meta. Por isso também é importante que seja mantida a responsabilidade fiscal, já que a não observância de parâmetros confiáveis e previsíveis de manutenção da saúde das contas públicas e da dívida do Governo em patamar administrável pode colocar mais lenha na fogueira. E com inflação, principalmente no Brasil, não se brinca.

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