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Produção de cerâmica e instrumentos leva arte e renda à população no entorno da BR-101

Produção de cerâmica e instrumentos leva arte e renda à população no entorno da BR-101

Escola de Cerâmica e projeto social Música e Luteria, apoiados pela Eco101, vêm dando sentido à vida de crianças, adolescentes e idosos

Publicado em 12 de dezembro de 2023 às 17:44

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Peças de cerâmica produzidas pelos alunos da Escola de Cerâmica Kanzeon
Peças de cerâmica produzidas pelos alunos da Escola de Cerâmica Kanzeon têm alta qualidade como diferencial. (Jessica Coutinho)
  • Curso de Residência

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Jessica Coutinho
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Às margens da BR-101, mãos com as marcas de várias idades moldam sonhos por meio de técnicas tradicionais e até milenares. Em Ibiraçu, idosos convertem arte em renda e autoestima criando peças de cerâmica. Mais adiante, em João Neiva, município vizinho, crianças e adolescentes transformam a madeira em instrumentos musicais, abrindo novas possibilidades para o futuro. Os percursos desses dois projetos, voltados para grupos de faixas etárias tão opostas, têm como ponto de encontro o desafio de transformar vidas em suas mais diferentes fases.

Na jornada para conhecer essas duas ações, a primeira parada é o quilômetro 217 da rodovia federal, onde funciona a Escola Oficina de Cerâmica Kanzeon. O endereço já é bastante conhecido dos capixabas e turistas: a área onde está instalado o “O Grande Buda de Ibiraçu”. A estrutura conta com um ateliê responsável por acolher mais de 75 pessoas, entre homens e mulheres, em situação de vulnerabilidade social. A missão é ensinar a gerar renda por meio da técnica japonesa de produzir cerâmica.

Idealizado pelo Mosteiro Zen, o projeto levou 12 anos para sair do papel, tornando-se realidade em 30 de setembro de 2019, e tem como uma das empresas apoiadoras a Eco101, responsável por gerir mais de 400 quilômetros de via em solo capixaba e a apoiar as comunidades no entorno da BR.

Dona Alda foi uma das primeiras alunas do projeto
Dona Alda foi uma das primeiras alunas do projeto. (Jessica Coutinho)

Uma das pessoas que tiveram a vida restaurada pelo projeto foi Alda Dias de Souza, de 78 anos, que fez parte da primeira turma e se mantém atuante na iniciativa até hoje

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Meu marido morreu em 2018, e eu fiquei sem chão. Tenho um filho solteiro apenas. Ele trabalha numa firma e viaja muito. Então, fui me sentindo sozinha. Quando aconteceu isso, a costura não me preenchia mais. Quando eu procurei o médico, ele falou que eu estava com início de depressão. Falei com ele que na minha vida não tem espaço para depressão. Foi quando fui chamada para o curso.

Alda Dias de Souza
Aposentada que atua na Escola de Cerâmica
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Cinco anos depois desse ponto de partida, a moradora do bairro Guatemala, em Ibiraçu, compartilha que o vínculo formado entre o pessoal da escola é similar ao de uma família. “Cheguei aqui e continuo aqui e só vou sair quando eles não me quiserem mais.”

Ela também enfatiza a relevância da ação para gerar fonte de renda extra para as famílias, uma vez que a maioria sobrevive da sazonal colheita do café. “Nossa cidade é pequena, não tem emprego para todo mundo, e a colheita de café na nossa região dura três, quatro meses ao ano. Passando disso, as pessoas ficam em casa”, explica.

Ateliê da Escola de Cerâmica Kanzeon em Ibiraçu vende peças diferenciadas
Ateliê da Escola de Cerâmica Kanzeon em Ibiraçu vende peças diferenciadas. (Jessica Coutinho)

Dona Alda prepara diferentes peças no ateliê. A cerâmica japonesa exige um processo específico de execução. A argila precisa ser aquecida em fornos de alta temperatura, entre 1.200 a 1.300 ºC. Depois de finalizados, os itens vão para um showroom, onde ficam disponíveis para a compra. No espaço, há produtos com preços que vão de R$ 40 a R$ 300.

Concebido originalmente como meio de profissionalização e geração de renda para a comunidade, o projeto proporciona muitos outros benefícios, como amparar o processo de envelhecimento, sublinha o Monge Kendo Bitti.

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É um projeto que tem que ser pensado e construído no longo prazo, porque não é só geração de renda, não é só capacitação profissional. É também o resgate da autoestima, da utilidade. Quando a gente vai envelhecendo, vai perdendo a autonomia, a independência, o senso de utilidade. Aqui a gente ressignifica isso. Mostra o outro lado da moeda: que esse processo de envelhecimento vem acompanhado de muitas coisas positivas. Na terceira idade, a gente tem, sim, a capacidade de se descobrir e se reinventar.

Monge Kendo Bitti
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A Eco101 foi a primeira organização a ser mantenedora da escola de cerâmica, lembra Polliany Siqueira, diretora-executiva da Associação Amigos da Justiça, um dos parceiros que auxiliaram na criação da instituição.

“A empresa abraçou essa causa e aí foi possível formarmos a primeira turma. Dessa primeira turma, a gente tem mulheres como a Dona Alda. Elas não tinham renda nenhuma, e hoje têm”, conta.

Madeira transformada em música

Alunos do projeto de luteria do Instituto Preservarte
Alunos do projeto de luteria do Instituto Preservarte. (Divulgação)

O município de João Neiva é o lar de outro projeto social apoiado pela Eco101, o “Música e Luteria”. Idealizada pelo Instituto Preservarte, a iniciativa ensina crianças e adolescentes a arte e o ofício de criar, reparar e ajustar instrumentos musicais de corda, como violinos e ukuleles.

Com a música como base, o projeto, lançado em 2017, semeia nas crianças e adolescentes, entre 8 e 17 anos, valores para o futuro como respeito, disciplina, harmonia e trabalho em equipe.

“A gente está criando valores que não são só ligados à música, são valores também vinculados à cidadania”, defende a presidente do Instituto Preservarte, Ana Casara.

Projeto ensina jovens a arte de produzir instrumentos esculpidos na madeira
Projeto ensina jovens a arte de produzir instrumentos esculpidos na madeira. (Divulgação)

Em 2022, os alunos passaram a produzir violinos, porém, por se tratar de um processo que exige muita prática e atenção aos detalhes, os instrumentistas ainda estão em fase de aperfeiçoamento. “Mesmo assim, os jovens construíram alguns violinos, mas era em parceria. Então, um fazia uma parte, outro fazia outra, o professor ajudava. Esses três anos são o tempo necessário para o aluno fazer um violino inteiro”, completa.

Nos primeiros anos do “Música e Luteria”, o foco era a produção de ukuleles. As turmas criaram cerca de 70 desses instrumentos. Tanto os violinos quanto os ukuleles, e até alguns móveis do instituto, foram construídos de cedro. Há mais de cinco anos, a Eco101 doou uma madeira suprimida durante as obras de reforma de ampliação da BR 101 para a confecção de instrumentos. E o material vem rendendo.

“A gente ainda tem cedro para alguns anos. Poderemos desenvolver ainda muitos projetos com essa árvore. A empresa deu uma destinação nobre para essa árvore. Ela continuará vivendo na mão de muitos músicos, agora em forma de instrumentos”, observa Ana Casara.

ESG na pista

Segundo o coordenador de sustentabilidade da Eco101, Thiago Cardoso, a empresa apoia esses projetos sociais por acreditar que seu papel vai muito além de administrar a rodovia.

“Nós nos destacamos como uma referência em iniciativas ESG [sigla em inglês para ambiental, social e governança] no Espírito Santo, porque acreditamos que estradas conectam pessoas e oportunidades. Ao apoiar iniciativas como a Escola de Cerâmica e o ‘Música e Luteria’, estamos impulsionando, nas comunidades, a geração de renda, o enriquecimento da vida cultural e o bem-estar social. Por meio de ações concretas, a Eco101 reafirma seu compromisso em construir uma sociedade mais equitativa e resiliente”, enfatiza Cardoso.

*Carla Nigro e Jessica Coutinho são alunas do 26º Curso de Residência em Jornalismo da Rede Gazeta.  Este conteúdo teve a supervisão da editora do programa, Andréia Pegoretti.

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