
Na corrida pela Prefeitura da Serra, a seis dias do 2º turno da votação no próximo domingo (29), parece quase impossível uma virada do vereador Fabio (Rede) para cima do favorito, o deputado federal e ex-prefeito Sergio Vidigal (PDT). Possível ainda é, mas hoje soa muito improvável, diante dos números oferecidos pela pesquisa Ibope/Rede Gazeta publicada nesta segunda-feira (23) aqui, em A Gazeta: Vidigal mantém ampla vantagem sobre Fábio, com 56% da intenção estimulada de votos, contra 32% do candidato apoiado pelo prefeito Audifax Barcelos (Rede).
Quando se coloca a lupa sobre os dados mais refinados da pesquisa, encontramos outros que não favorecem muito o candidato da situação, tampouco sinalizam uma perspectiva de reversão do cenário atual.
Um exemplo importante disso: para alcançar e ultrapassar Vidigal, o mínimo esperado é que Fabio, como representante da situação, consiga atrair para si a maior parte dos votos dos eleitores que avaliam positivamente a atual administração do patrono de sua candidatura, o prefeito Audifax.
Mas, no estrato dos que avaliam Audifax como bom ou ótimo, os votos se dividem entre Fabio e Vidigal, com ligeira vantagem numérica, na verdade, para o candidato oposicionista: dentro desse subgrupo que classifica o trabalho do atual prefeito como bom ou ótimo, 48% manifestam preferência por Vidigal, ante 46% de Fabio (a rigor, um empate técnico), na intenção estimulada de voto.
Isso prova, ou melhor, reforça algo que já constatamos aqui: embora Audifax e Vidigal sejam adversários viscerais, parcela considerável dos serranos não os vê exatamente como adversários nem como antagonistas políticos, a menos que haja um confronto direto entre os dois (o que não é propriamente o caso). No coração desses eleitores, há espaço e preferência para ambos, alternadamente.
Outro dado ruim para Fabio, mas bom para Vidigal, é que o segundo obtém larga preferência entre os eleitores mais pobres da cidade, isto é, com renda domiciliar de até um salário mínimo (61%), e entre os menos instruídos, só com ensino fundamental completo (65%).
E, em números absolutos, essas vêm a ser as categorias sociais mais significativas da população serrana, de acordo com o universo de entrevistados indicado na metodologia da pesquisa. Em outras palavras, Vidigal é bem vais votado que Fabio precisamente nos segmentos populacionais mais numerosos, onde existem mais eleitores.
Outro fator que não está concorrendo a favor de Fabio neste momento é que, contrariando a euforia e as expectativas iniciais do grupo de Audifax logo que o candidato conseguiu chegar ao 2º turno (uma vitória pessoal, mas parcial), o representante da situação na Serra não conseguiu angariar apoios políticos nem tão numerosos nem tão significativos.
Ao contrário, em primeira análise, quem atraiu as adesões mais significativas foi Vidigal, por exemplo, com o indicativo de apoio dado pelo PSB, partido do governador Renato Casagrande, e com a declaração de voto do também deputado federal Amaro Neto, que estreia como eleitor da Serra e que, nesta segunda-feira (23), gravou depoimento de apoio ao candidato do PDT, colega dele na bancada capixaba na Câmara Federal, conforme noticiamos aqui.
Perante esse conjunto de elementos, além da nunca desprezível força da máquina municipal e de Audifax, pessoalmente, atuando em favor de Fabio, uma reviravolta na linha de chegada depende muito de eventual vitória estrondosa do vereador da Rede contra Vidigal nos debates finais. Nesse tipo de contenda, porém, mesmo não sendo reconhecido como um exímio debatedor, Vidigal pode levar certa vantagem pela experiência e pelas décadas de treinamento contra um adversário debutante em disputas a cargos do Poder Executivo.
Também ajudará muito o candidato da situação se ele mesmo não seguir se sabotando com “sincericídios” como o cometido em entrevista a jornalistas de A Gazeta, ao dizer que o prefeito Audifax, seu maior apoiador, não realiza a limpeza pública em bairros que são redutos de líderes comunitários adversários da atual gestão.
Diga-se de passagem, cabe um adendo sobre isso: se é verdade o que afirmou o próprio candidato, estamos diante de uma situação nem um pouco republicana, em que serviços públicos de responsabilidade do poder público municipal deixam de ser prestados a contento, em prejuízo dos munícipes daquelas comunidades, segundo critérios de natureza estritamente político-eleitoral e que nada têm a ver com os cidadãos que ali vivem.
LEIA MAIS SOBRE AS ELEIÇÕES NO ES
Se você notou alguma informação incorreta em nosso conteúdo, clique no botão e nos avise, para que possamos corrigi-la o mais rápido possível