
O PCdoB é um partido muito pequeno no Espírito Santo. Atualmente, só tem um prefeito no Estado, o de Baixo Guandu, Neto Barros. Não tem por hábito lançar candidatos próprios a prefeituras, sobretudo em municípios da Grande Vitória. O partido participou de várias das últimas administrações da Capital, mas nunca com protagonismo. Desta vez, porém, o ex-vereador Namy Chequer assegura: ele será candidato a prefeito de Vitória. É um 13º nome numa disputa em que, declaradamente, 12 outros partidos já apresentam candidato próprio.
“Eu sou o pré-candidato a prefeito e temos uma boa chapa para vereador(a). O PCdoB é a única força política de Vitória que participou de seis alianças vitoriosas para a prefeitura. O MDB venceu apenas uma, o PT e o PSDB venceram três cada um e o PPS venceu duas. Foram nove disputas”, conta Namy, desde a redemocratização do país, nos anos 1980.
“Agora, vamos com candidatura própria. Vitória sempre elegeu prefeitos de centro-esquerda. Até mesmo aqueles que depois foram para a direita, enquanto candidatos se apresentaram como centro-esquerda. Todos. O povo daqui não vota em aventureiros. Nunca elegeu um deles, desde que foram restabelecidas as eleições diretas em 1985.”
Para o ex-vereador e também jornalista, o eleitorado de Vitória é muito rigoroso e criterioso, o que o leva a só escolher bons administradores. “É por isso que só tivemos bons prefeitos. Uns mais, outros menos, mas todos bons. Até na época do regime militar, os escolhidos foram bons: Carlito [Von Schilgen], Chrisógono [Teixeira da Cruz], Setembrino [Pelissari], Berredo [de Menezes], todos de excelente nível. O povo de Vitória tem muito a perder pela cidade linda que tem. Daí o cuidado na escolha. Achamos no PCdoB que minha experiência e conhecimento da cidade vão fazer a diferença.”
Namy se apresenta para a disputa como representante do Centro de Vitória, destacando um “jejum histórico”: “Desde 1963, quando Solon Borges era o prefeito, Vitória nunca mais teve um prefeito morador do Centro, hoje tão decaído. Nossa candidatura vai colocar o Centro no centro do debate”.
O jornalista foi vereador por cinco mandatos, de maneira intervalada, entre 1989 e 2016. No primeiro mandato do atual prefeito, Luciano Rezende (Cidadania), foi líder do prefeito na Câmara no primeiro biênio (2013/2014) e presidente da Casa no segundo (2015/2016).
DISPUTA PELA PERIFERIA EM VITÓRIA
No último sábado (4), ao analisarmos a pré-candidatura do ex-prefeito João Coser (PT) à Prefeitura de Vitória, afirmamos que o candidato da situação, Fabrício Gandini (Cidadania), enfrenta alguma dificuldade de “entrada” em bairros de mais baixa renda de Vitória, assim como alguns adversários perfilados à direita, como o também deputado estadual Lorenzo Pazolini (Republicanos).
Sobre Pazolini, contudo, é preciso fazer uma reconsideração no que toca a essa suposta dificuldade de entrada que estendemos a ele. Em sua primeira eleição, disputada em 2018, justamente para deputado estadual, o delegado de polícia licenciado foi o candidato a esse cargo mais votado em 22 dos 49 bairros de Vitória considerados, sendo quase todos eles de periferia. No geral, foi o 3º candidato a estadual mais votado na cidade.
Campeão de votos para o cargo no Estado e também na Capital, Sergio Majeski (PSB) dominou os bairros de classe média alta, tendo vencido em 15 deles.
Já Gandini teve votação mais bem distribuída. Venceu em somente três bairros, mas sobrou em Jardim Camburi e, no cômputo total, ficou em 2º lugar na cidade, à frente de Pazolini.
GANDINI E PAZOLINI PALMO A PALMO
Bom destacar, a propósito, que Gandini e Pazolini, adversários certos nas urnas em novembro, tiveram votação muito próxima para deputado em 2018, entre os eleitores de Vitória. O pré-candidato da situação à prefeitura teve 10.382 votos, enquanto o da oposição somou 9.995.
MARIM DESISTE DE REELEIÇÃO
Enquanto isso, em Barra de São Francisco, região Noroeste do Estado, o prefeito Alencar Marim, que trocou o PT pelo PSB no início deste ano, anuncia que não será candidato à reeleição. Um dos motivos alegados por ele foi bastante original, dando uma concepção bem específica ao popular “questões familiares”.
MARIDO AJUIZADO
Marim é pai de três crianças, dois gêmeos de 10 anos e uma menina de 8. Segundo o prefeito, durante o próximo mandato, seus três filhos, hoje crianças, já serão adolescentes. Comas exigências do cargo, ele poderia se dedicar muito pouco aos filhos. Concluiu, então, que seria muito difícil para sua esposa a tarefa de cuidar praticamente sozinha de três adolescentes. Se um já é complicado…
Olha, como prefeito não sei, mas ganhou o selo de Super Pai e Marido Ajuizado.
SEM ACORDO COM ENIVALDO, NO MOMENTO
Voltando à seriedade, em resposta à coluna, o prefeito afirmou que ainda não escolheu quem vai apoiar. A princípio, ele não está no mesmo grupo do deputado estadual Enivaldo dos Anjos (PSD), pré-candidato da cidade já governada por ele nos idos dos anos 1980.
HADDAD ELOGIA PAULO HARTUNG
Entrevistado do programa “Roda Vida”, da TV Cultura, na última segunda-feira (6), o ex-prefeito de São Paulo e ex-ministro da Educação Fernando Haddad (PT) fez menção elogiosa aos resultados dos governos de Paulo Hartung (sem partido) na área da educação.
Haddad discorria sobre o Fundeb (criado em 2007, no início do segundo governo Lula, quando ele estava à frente do MEC). Destacou que o governo decidiu, naquele momento, fortalecer o financiamento da educação pública em oito dos nove Estados do Nordeste, mais Pará e Amazonas, para melhorar a qualidade do ensino nessas unidades federativas, então muito abaixo das demais. Esse objetivo foi atingido em tais Estados. Mas Haddad destacou outros dois em que também se registrou evolução nos indicadores de qualidade de ensino, segundo ele, “sem dinheiro novo”: Goiás e Espírito Santo.
JUNTOS MESMO?
Tanto Haddad como Hartung estão entre os signatários do manifesto seminal do movimento Estamos Juntos, que prega a defesa da democracia no país e pode redundar (ou não) na formação de uma “frente progressista” contra o governo Bolsonaro.
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