Aqui você encontra conteúdos exclusivos sobre segurança, justiça e cidadania, com informações que impactam a vida das pessoas e da cidade

Novo teste de sanidade para jovem que matou namorada no Centro de Vitória

Primeira análise apontou que Matheus Stein Pinheiro tem uma doença mental que o impede de ser julgado pelo crime ou preso. Documento foi contestado pelo Ministério Público

Vitória
Publicado em 29/03/2024 às 05h00
Estudante de Direito, Matheus Stein Pinheiro,acusado de matar namorada no ES pode não ser punido por crime
Matheus Stein Pinheiro foi denunciado pelo assassinato de Ana Carolina Rocha Kurth. Crédito: Arte: Geraldo Neto/reprodução redes sociais

O jovem Matheus Stein Pinheiro, de 24 anos, denunciado por matar a namorada no Centro de Vitória em maio do ano passado, terá que passar por uma nova perícia médica para avaliação de sanidade mental. A Justiça estadual aceitou o recurso contra o laudo existente no processo que aponta que ele tem uma doença mental que o torna inimputável, ou seja, não poderia ser julgado pelo crime ou punido pelo Estado com a prisão.

A informação foi confirmada por Diogo Dadalto, que atua na banca de advogados do escritório de Homero Mafra, e que é responsável pela defesa de Matheus. Apesar de ainda não terem sido notificados oficialmente, explicou que já tomaram conhecimento e que vão recorrer da decisão.

No final de fevereiro, a coluna informou que tinha sido aberto o chamado incidente de sanidade mental, solicitado por Mafra. E que o resultado, liberado no final de 2023, revela que o jovem possui “transtorno mental e comportamental devido ao uso de múltiplas drogas - psicose residual”. O problema foi identificado na classificação internacional de doenças com o “CID 10 F19.7”. Uma condição, segundo a defesa do acusado, que o impediria de ter consciência de seus atos no momento do crime. O laudo foi contestado pelo Ministério Público do Espírito Santo (MPES).

O Juízo da Primeira Vara Criminal de Vitória aceitou os argumentos apontando haver contradições entre as conclusões do perito anterior e o que foi falado por Mateus — como por exemplo, o fato dele cursar graduação em Direito, fazer estágio na Defensoria Pública da União —, e a declaração de que ele era inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito dos fatos.

“A defesa discorda. A perita, que tem a expertise para saber se ele estava insano ou não quando ocorreu o crime, entendeu que mesmo ele realizando atividades que são rotineiras para qualquer pessoa, à época dos fatos ele estava inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito e de se autodeterminar”, assinala Diogo Dadalto.

A nova avaliação terá que ser realizada, ainda segundo a decisão da Justiça, por uma junta médica, composta por três peritos.  A data para o exame ainda não foi marcada porque a defesa de Matheus, assim como o MPES e o assistente de acusação, o advogado Rivelino do Amaral, que representa no processo a família da namorada morta, precisam apresentar os quesitos a serem respondidos pelos médicos.

Crime

Ana Carolina Rocha Kurth, 24 anos, foi morta com mais de 40 facadas, dez delas no rosto, segundo informações da polícia. O crime aconteceu no dia 15 de maio do ano passado, em um apartamento no Centro de Vitória, onde morava com seu namorado, Matheus. O corpo foi encontrado pelo sogro da jovem.

Após o crime, Matheus tomou banho, trocou de roupa, deixou o apartamento e foi para Conceição da Barra, no Norte do Estado, de ônibus. Dois dias depois, foi preso pela Polícia Civil. Ele não nega a autoria do assassinato, segundo a defesa. Ele foi denunciado pelo MPES, que pediu para que o acusado respondesse por feminicídio, o que foi aceito pela Justiça em junho do ano passado.

Em decorrência da condição de insanidade mental, segundo a defesa, Matheus não poderá ser julgado. “Ele não poderá ser condenado à prisão. O juízo deve absolvê-lo e aplicar uma medida de segurança, como uma internação em um hospital psiquiátrico”, informou na ocasião o advogado Homero Mafra.

Prisão mantida

Em outra decisão, o Juízo da Primeira Vara Criminal de Vitória também decidiu manter a prisão de Matheus. No texto é informado que as circunstâncias do crime revelam a gravidade, o modo de agir do denunciado e sua motivação.

“Sendo a vítima morta com mais de 40 golpes de arma branca, em razão de ciúmes por parte do réu. As medidas cautelares alternativas, neste caso, não são suficientes a garantir o deslinde imaculado do processo, sobretudo com vistas a garantir a ordem pública”, foi informado na decisão.

Família não aceita laudo

O assistente de acusação, o advogado Rivelino do Amaral, que atua ao lado do MPES representando no processo a família da jovem morta, Ana Carolina, avalia como importante a realização de uma nova perícia médica, afirmando que o laudo anterior foi inconclusivo e não traz certeza sobre a incapacidade mental de Matheus. “Ele não deixa claro se existia a incapacidade e se ela era por uso de drogas, que não o exclui de responsabilidades”, pondera.

Outro ponto, destaca Rivelino, é que o jovem exercia todas as suas atividades diárias. “Fazia faculdade, namorava, morava com a jovem morta, tinha uma vida social, cursava uma faculdade de Direito. De uma hora para outra ele é declarado incapaz, sem capacidade mental de entender, por exemplo, o caráter ilícito de um crime? Nos causa estranheza. A realização de um novo exame será salutar”, observa.

Em relação à manutenção da prisão, diz que Matheus precisa continuar preso. “Ele representa um risco para a sociedade se estiver solto e pode cometer crimes, inclusive da mesma natureza. Ele tem uma personalidade perigosa e dissimulada”, assinala Rivelino.

A Gazeta integra o

Saiba mais

Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rápido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem.

Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta.

A Gazeta deseja enviar alertas sobre as principais notícias do Espirito Santo.