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Estudante de Direito a um passo de escapar da prisão por assassinato da namorada

Nova prova entregue à Justiça estadual pode mudar rumo de processo sobre crime ocorrido no Centro de Vitória em maio de 2023, quando jovem matou a facadas a namorada

Vitória
Publicado em 28/02/2024 às 05h00
Estudante de Direito, Matheus Stein Pinheiro,acusado de matar namorada no ES pode não ser punido por crime
Matheus Stein Pinheiro foi denunciado pelo assassinato de Ana Carolina Rocha Kurth. Crédito: Arte: Geraldo Neto/reprodução redes sociais

Oito meses após ser denunciado à Justiça estadual como o autor da morte da namorada, Matheus Stein Pinheiro, de 24 anos, pode não sentar no banco dos réus. Uma nova prova aponta que ele é portador de uma doença mental que o torna inimputável, ou seja, não poderia ser julgado pelo crime ou punido pelo Estado com a prisão.

Matheus foi denunciado pelo assassinato de Ana Carolina Rocha Kurth, 24 anos, morta com mais de 40 facadas, dez delas no rosto, segundo informações da polícia. O crime aconteceu no dia 15 de maio do ano passado, em um apartamento no Centro de Vitória, onde o casal de namorados residia. O corpo foi encontrado pelo sogro da jovem.

O advogado de defesa do acusado, Homero Mafra, explica que o laudo médico revela que Matheus não tinha consciência de seus atos no momento do crime. “Ele não conseguia perceber o caráter ilícito de seus atos na época dos fatos”.

Ministério Público do Espírito Santo (MPES) contestou a perícia médica, argumentando que há detalhes técnicos que não foram esclarecedores e solicitou ainda a realização de novos exames.

O chamado incidente de sanidade mental foi instaurado em julho do ano passado, pela Justiça estadual, após ser solicitado por Mafra. O resultado, liberado no final de 2023, revela que o jovem possui “transtorno mental e comportamental devido ao uso de múltiplas drogas - psicose residual”. O problema foi identificado na classificação internacional de doenças com o “CID 10 F19.7”

“Para nós não é uma novidade. Desde o início sabíamos que ele é uma pessoa doente em função do uso de drogas e de outras substâncias psicoativas. Não poderá ser julgado, não poderá ser condenado à prisão. O juízo deve absolvê-lo e aplicar uma medida de segurança, como uma internação em um hospital psiquiátrico”, diz Mafra.

Acrescenta que confia no laudo médico. “Foi realizado por um agente do Estado. Vamos aguardar a decisão da Justiça”.

Família não aceita laudo

Para o assistente de acusação, o advogado Rivelino do Amaral, que atua ao lado do MPES representando no processo a família da jovem morta, Ana Carolina Rocha Kurth, o novo documento, considerado determinante no processo, levanta dúvidas em relação a diversos pontos e à conduta de Matheus.

“O acusado exercia plenamente as suas atividades no dia a dia, fazia faculdade, namorava, morava com a jovem morta, tinha uma vida social, cursava  Direito. De uma hora para outra ele é declarado incapaz, sem capacidade mental de entender, por exemplo, o caráter ilícito de um crime? Acredito que a realização de uma nova perícia é salutar. Vamos aguardar a decisão da Justiça”, assinala Amaral.

Caberá à juíza Lívia Regina Savergnini Bissoli Lage, da Primeira Vara Criminal de Vitória, responsável pelo Tribunal do Júri, decidir se deverá ser realizada ou não uma nova perícia médica e quais os rumos do processo. Por enquanto, Matheus permanece preso.

O perito médico que realizou o exame foi designado pela Justiça estadual. Sua análise é acompanhada por médicos indicados pela defesa e pela acusação. O relatório dos três é considerado, mas tem mais peso o documento do perito judicial.

Após o crime, Matheus tomou banho, trocou de roupa, deixou o apartamento e foi para Conceição da Barra, no Norte do Estado, de ônibus. Dois dias depois foi preso pela Polícia Civil. Ele não nega a autoria do assassinato, segundo a defesa. Ele foi denunciado pelo MPES, que pediu para que o acusado respondesse por feminicídio, o que foi aceito pela Justiça em junho do ano passado, porém, diante dos novos fatos,ele pode nem vir a ser julgado.

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