Thalles Contão é psicólogo clínico, existencialista, marido, pai, filho e humano, demasiadamente humano

O medo da morte como coragem para a vida

"Momentos como os atuais nos mostraram que coisas cotidianas subvalorizadas eram tão importantes que alguns estão a ponto de enlouquecer sem elas"

Publicado em 22/06/2020 às 11h44
Jovem com sinais de depressão. Problema, se não for tratado, pode levar a atitudes extremas como o suicídio
"Não perca nenhuma das oportunidades de viver o que realmente importa". Crédito: Shutterstock

Cotidianamente temos a negação de nossa finitude como uma função psicológica cotidiana, especialmente em tempos históricos e de abundância material, de modo a dissociar a morte como uma certeza humana. A alegação comum para isso é de que tal pensamento, sendo frequente, pode vir a desencadear uma série de danos emocionais, ou mesmo que é um sintoma certo de um processo depressivo. Romper este paradigma pode se apresentar como o início de escolhas para uma vida plena.

Caro leitor, como você tem vivido? A atual pandemia te trouxe algum desespero sob a possibilidade de morrer? O pensamento de que pode morrer trazido pelo atual momento pode te fazer viver a época mais plena de sua existência. Momentos como os atuais nos mostraram que coisas cotidianas subvalorizadas eram tão importantes que alguns estão a ponto de enlouquecer sem elas.

Quem diria que o simples ato de dar uma volta livremente e sem preocupações passaria de uma situação automática para uma expectativa ansiada pelos que seguem em isolamento social? Considerando tudo isso, será que talvez você não esteja subvalorizando o que é importante na sua vida?

Amigo, o futuro é uma suave ilusão que cheira à realidade, mas se desfaz como um castelo de cartas diante da morte. Ela não irá esperar o melhor momento para te fazer dizer a alguém que ama o quanto ama, a realizar um sonho insensato ou mesmo de se permitir não fazer nada, a não ser olhar o céu sob uma música favorita.

Se você consegue entender que não vai viver para sempre e se resigna diante desta irrevogável verdade, cuide de cada dia com uma profunda responsabilidade existencial, e não perca nenhuma das oportunidades de viver o que realmente importa: a sua única e completa vida.

Curiosamente o medo, no caso da morte, é um amigo que te ajuda a não desperdiçar um bem não retornável, não adquirido e não compensado: o tempo. Quem teme a morte num primeiro momento e entende sua finitude, como diz um antigo adágio popular, “vive melhor porque a morte ainda não chegou”.

Há um mundo além das necessidades que nos impuseram onde quando chegamos ao fim, descansamos por termos feito tudo que havíamos de ter feito... Porque acredite meu amigo, muito pior do que morrer é nunca ter vivido de verdade!

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