Taynã Feitosa é Sommelière e cervejeira apaixonada por uma boa cerveja e suas infinitas possibilidades. Também é jornalista, mercadóloga e cria conteúdo cervejeiro no @cervejademulher

Você sabe degustar cervejas especiais? Aprenda passo a passo

O desafio de perceber nuances sensoriais que são a identidade de uma cerveja especial começa na escolha do copo. A temperatura e o modo de servir também fazem diferença.

Publicado em 06/11/2019 às 11h05
 Crédito: Reprodução Shutterstock
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Boa parte das pessoas que conheço não estão acostumadas a entender cerveja como gastronomia. Entre essas tantas, algumas também não conseguem vislumbrar uma experiência de degustação completa com a bebida que, por sua popularidade, muitas vezes perde status diante de outra bebida fermentada famosa, o vinho. Mas te pergunto: você acredita que pode ter uma experiência incrível a cada gole durante uma degustação de cervejas?

Beber não é apenas ingerir. O desafio de perceber nuances sensoriais que são a identidade de uma cerveja (falando das especiais e artesanais) é, digamos, o pontapé inicial para querer degustá-la mais e mais. Falando diretamente, quando você aprende a degustar uma cerveja, é muito difícil seguir bebendo cerveja apenas por beber. Então, que tal se aventurar nas boas descobertas do mundo cervejeiro? Preparei a seguir um passo-a-passo para lhe mostrar que uma boa cerveja precisa de pouco para ser valorizada. Então, bora degustar!

UM OLHO NO COPO...

Você não precisa ter milhares de taças e copos diferentes para degustar sua cerveja. Prometo que em breve explico por aqui qual a função dos copos, mas já adianto: você pode investir em um copo longo, tipo Pilsner ou Weizen Glass, para Lagers e cervejas mais leves. Ou em um Tulipa, para cervejas tipo Ale em geral; em um Caldereta, que se parece muito com nosso copo americano, porém com maior capacidade e versatilidade. Higienize seu copo com água e detergente neutro e seque-o. Lembre-se: nada de levar o copo à geladeira ou ao congelador.

...E O OUTRO NA TEMPERATURA

Por falar em congelador, preste muita atenção na temperatura de serviço sugerida no rótulo da cerveja. No geral, as Lagers são consumidas em temperatura mais baixa e as Ales em temperaturas mais altas, mas nunca acima dos 15ºC. É claro que a temperatura varia durante a degustação, e esse ponto pode ser positivo, visto que muitas características sensoriais, principalmente de aroma, são percebidas em temperaturas mais altas. O mais importante é lembrar de nunca congelar a cerveja, pois nossas papilas gustativas perdem sua função em temperaturas abaixo de zero.

SIRVA-SE DA MANEIRA CERTA

A dica de ouro aqui é: vamos com calma. Segure seu copo ou sua taça em um ângulo de 45º e adicione a cerveja devagar. Quando chegar à metade do copo, deixe-o completamente em pé e termine o serviço. Assim, a formação de espuma da cerveja ficará na quantidade certa para cada estilo.

VISUALIZE A CERVEJA

Observe a cerveja no copo e note características como formação de espuma (quantidade, cor, tamanho das bolhas, tempo de duração), cor, brilho (a cerveja é brilhante e transparente ou é mais turva?) e densidade. A partir de então, você saberá o que esperar da sua cerveja. A coloração, por exemplo, indica quais maltes ou cereais complementares foram utilizados: uma cerveja amarela e clara remete ao uso de malte de cevada e a grãos como trigo. Já uma cerveja escura indica que o malte possui um teor de torrefação mais elevado e é mais escuro. Logo, essa cerveja pode ter notas de café torrado, cacau e chocolate.

META O NARIZ ONDE FOI CHAMADO

É chegada a hora de trabalhar com um dos sentidos que mais revela a composição de uma cerveja. O sistema olfativo é o melhor amigo dos sommeliers e um dos responsáveis por indicar qualidades e defeitos em uma bebida. Para que os aromas presentes na cerveja sejam liberados, rode gentilmente o copo e cheire em seguida. Nessa hora, o que chamamos de memória olfativa faz toda a diferença: se você tem boa memória para cheiros, poderá identificar facilmente os aromas que vêm do malte (casca de pão, biscoito, cereal, mel, caramelo, café, chocolate), dos lúpulos (especiarias, frutas, flores, terra), das leveduras (frutas secas, condimentos, frutas maduras, ácido), da maturação e também de outros processos. 

DO GOLE AO PALATO

Hora de beber e de perceber o casamento perfeito do que foi notado nas etapas de degustação da cerveja. O sabor em si existe a partir do gosto, do aroma e da sensação. É a união dos sentidos. Nessa etapa, você vai perceber se os cheiros sentidos na cerveja também estão presentes no paladar. Vai notar a sensação de boca causada pela bebida (ela é refrescante? Aquece a boca? Tem um frizz? Deixa a boca aveludada ou tem um final seco?) e também os possíveis gostos: doce, amargo, salgado, azedo e umami.

Perceber as características passo a passo traz à tona a sensação única da experiência como um todo. Então, vale a pena pensar em harmonizações, que trazem novas possibilidades e cada vez mais conhecimento. Adianto para vocês: quem aprende a degustar nunca mais bebe da mesma maneira. Isso eu garanto!

Acompanhe mais informações e dicas de Taynã Feitosa no Instagram: @cervejademulher

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