A jornalista Renata Rasseli cobre os eventos sociais, culturais e empresariais mais importantes do Estado. Sua marca é aliar notícias a tendências de moda, luxo, turismo e estilo de vida

"Tinha medo de perder vidas, de morrer, não", diz médica no combate à Covid

A  infectologista Luciana Passos se isolou da família e amigos pra tratar de pacientes da pandemia em hospital particular de Vitória

Publicado em 20/07/2020 às 11h00
Atualizado em 20/07/2020 às 12h13
Luciana Passos - médica infectologista e coordenadora da Comissão de Controle de Infecção Hospitalar da Unimed Vitória
Luciana Passos - médica infectologista e coordenadora da Comissão de Controle de Infecção Hospitalar da Unimed Vitória. Crédito: Divulgação

Na última sexta-feira (18), profissionais de saúde do hospital da Unimed Vitória, em Vitória, ES,  fizeram um ato simbólico para celebrar as 500 altas de paciente Covid -19. O ato, com o tema "500 vidas e histórias que continuam", emocionou médicos, enfermeiros e demais profissionais da área, que está há 120 dias na linha de frente do combate ao coronavírus no ES.

Entre tantos profissionais emocionados, uma médica chamou a atenção: a Dra. Luciana Passos, infectologista e coordenadora da Comissão de Controle de Infecção Hospitalar. Ela é a responsável por todos os protocolos contra Covid dentro da Unimed Vitória. Trabalhando de 12 a 14 horas horas por dia, Luciana teve medo, mas não de morrer. "Tive medo de ter falhado e de colocar colegas sob risco. Medo de ter orientado alguma conduta que deixasse o paciente mais vulnerável. Tinha medo de perder vidas. Mas medo de morrer nunca tive. Nem quando fiquei doente de Covid-19", conta.

Dra. Luciana Passos

Infectologista e coordenadora da Comissão de Controle de Infecção Hospitalar da Unimed Vitória

"No começo, eu não conseguia sair do hospital. Ficava lá de 12 a 14h por dia escrevendo protocolos, participando das reuniões, passando visitas para discutir casos dos nossos pacientes com os colegas. A sensação era de que, se eu fosse embora, iria perder o controle e perder pessoas. Voltava para casa sempre após 21h e chorava durante todos o trajeto."

 Desde o início da pandemia, Luciana estava certa "de que venceríamos".  "O medo era de transmitir esse vírus para alguém mais frágil, e por isso me afastei de todos. Família e amigos, só os do hospital. Chegando em casa, fazia todo ritual de cuidados, comia algo e estudava até a hora que meus olhos conseguiam ler".

Dra. Luciana Passos

Infectologista e coordenadora da Comissão de Controle de Infecção Hospitalar da Unimed Vitória

"Hoje sinto que valeu a pena. Continuo chorando ao voltar para casa. Choro porque ainda vejo pessoas morrendo, embora muito menos, graças a Deus. Choro porque ainda vejo pessoas desrespeitando a própria vida e a vida do outro, desafiando o vírus ao invés de enfrentá-lo de forma responsável. Sou uma chorona mesmo. Mas é a forma que encontro de lavar a alma..."
Hospital da Unimed Vitória celebra 500 altas de pacientes com Covid-19
Hospital da Unimed Vitória celebra 500 altas de pacientes com Covid-19. Crédito: Divulgação

A Gazeta integra o

Saiba mais
Coronavírus Coronavírus no ES Covid-19 Pandemia Isolamento social

Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rápido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem.

Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta.

A Gazeta deseja enviar alertas sobre as principais notícias do Espirito Santo.