Crítico de cinema e apaixonado por cultura pop, Rafael Braz é Jornalista de A Gazeta desde 2008. Além disso é colunista de cultura, comentarista da Rádio CBN Vitória e comanda semanalmente o quadro Em Cartaz

"Quem Matou Sara?": 2ª temporada tem ainda mais reviravoltas

Sucesso mexicano da Netflix, "Quem Matou Sara" chega à segunda temporada com ainda mais viradas e tramas sem sentido. Série diverte justamente por isso

Vitória
Publicado em 19/05/2021 às 00h01
Série mexicana
Série mexicana "Quem Matou Sara?", da Netflix. Crédito: Netflix/Divulgação

Uma das grandes surpresas da Netflix este ano foi a série mexicana “Quem Matou Sara?”, lançada em março. Em 10 episódios, a série com pretensões de fazer algo no estilo Agatha Christie logo se revela uma grande novela mexicana, com vilões caricatos e reviravoltas absurdas que funcionam bem quando não se levam a sério. Ao fim da primeira temporada, uma nova reviravolta deixa claro haver muita lenha para queimar na história.

Para a surpresa e satisfação de quem ficou curiosíssimo com o(s) mistério(s), a segunda temporada da série mexicana chega à Netflix nesta quarta (19) pronta para responder várias interrogações plantadas ao longo da temporada anterior, mas também, claro, pronta para se tornar ainda mais um dramalhão mexicano e abandonar qualquer outra aspiração mais profunda.

“Quem Matou Sara?” retorna do ponto em que acaba o décimo episódio da primeira temporada, com aquele misterioso corpo no quintal da casa de Álex (Manolo Cardona). Logo de cara, o público é bombardeado com informações e muitas explicações, ou seja, tudo continua igual no universo narrativo da série criada por José Ignacio Valenzuela.

O texto deixa a narrativa sempre em movimento, com muitos novos dramas surgindo, mas com a morte de Sara (Ximena Lamadrid) seguindo como fio condutor. É interessante perceber como nenhum mistério além do que dá nome à série dura muito, pelo contrário, são todos rapidamente solucionados - se um novo corpo aparece, não demora para que algum flashback explique em detalhes o que aconteceu.

Série mexicana
Série mexicana "Quem Matou Sara?", da Netflix. Crédito: Netflix/Divulgação

Pelo menos nos três primeiros episódios (serão oito no total), os que foram liberados pela Netflix para a imprensa antes da estreia, nenhuma cena é desperdiçada. A nova temporada se envereda por alguns caminhos que antes pareciam gratuitos, como a trama de Clara (Fatima Molina), que se cruza a outra (sem spoilers) de maneira abrupta, quase como um susto para o espectador. O resultado é um texto superágil, mas também confuso e sem a oportunidade de respiro. Quando há muitas viradas e muita informação, fica difícil dar a algumas delas o peso que eles poderiam ter.

A trama continua enchendo o público de informações o tempo todo, algumas não fazem sentido algum, mas servem para impactar. Em sua segunda temporada, “Quem Matou Sara?” leva a sério a máxima de que tudo tem que ser maior e mais impactante na sequência - há mais traições, mais personagens, mais suspeitos e mais explosões.

A estrutura também segue a mesma, com muitos flashbacks para deixar tudo explicadinho - cada descoberta no presente é sucedida por uma viagem ao passado para mostrá-la, um show de exposição desnecessária. Nessas viagens, conhecemos mais sobre Sara e também sobre os Lazcano. A única pessoa aparentemente que não sabe de nada na série é Álex.

Com a segunda temporada estreando, já não vale questionar o estilo da série - goste ou não, ele não irá mudar. Ainda assim, vale questionar algumas escolhas narrativas. No início da nova temporada, o roteiro praticamente usa um acontecimento como gancho em dois episódios seguidos, causando uma frustração quase que imediata em quem clica para assistir ao próximo episódio e desperdiçando tempo que poderia ser aproveitado para desenvolver alguns personagens do núcleo principal que continuam bem vazios.

“Quem Matou Sara?” entrega, em seus novos episódios, justamente o que a tornou um sucesso na primeira temporada, um novelão mexicano com pegada de série e um texto que engana o espectador o tempo todo para potencializar suas inúmeras viradas. A grande sacada da série é fingir se levar a sério mesmo quando seu roteiro opta por caminhos bem absurdos, o que é bem frequente, e talvez sua graça resida justamente nessa característica.

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