Crítico de cinema e apaixonado por cultura pop, Rafael Braz é Jornalista de A Gazeta desde 2008. Além disso é colunista de cultura, comentarista da Rádio CBN Vitória e comanda semanalmente o quadro Em Cartaz

"Infiltrado": Jason Statham brilha em bom filme de ação

Em cartaz nos cinemas, "Infiltrado" ("Wrath of Man") marca a reunião de Jason Statham com o diretor Guy Ritchie. O resultado é um estiloso filme de ação

Vitória
Publicado em 26/08/2021 às 17h31
Jason Statham no filme
Jason Statham no filme "Infiltrado". Crédito: Imagem Filmes/Divulgação

O britânico Guy Ritchie ficou famoso com seus filmes sobre pequenos bandidos, frutos das classes operárias da Inglaterra, que acabavam se envolvendo em grandes esquemas com os quais não conseguiam lidar. Foi assim nos ótimos “Jogos, Trapaças e Dois Canos Fumegantes” (1998) e “Snatch: Porco e Diamantes” (2000), e também no razoável “Revolver” (2005). Nesses três filmes, uma constante, o ator Jason Statham.

Ritchie seguiu por outros caminhos, se tornou um diretor que alterna filmes menores como “RocknRolla” (2008) e blockbusters como “Sherlock Holmes” (2009) e “Alladin” (2019) - tem até espaço para alguns fiascos no meio, caso de “Rei Arthur: A Lenda da Espada” (2017). Já Statham se tornou um dos grandes astros do cinema de ação, transitando entre filmes “B” e super produções como a franquia “Velozes e Furiosos”.

“Infiltrado”, em cartaz no Estado”, é a reunião de Ritchie e Statham e um filme que une o que os dois têm de melhor. O roteiro, adaptado por Ritchie a partir do bom filme francês “Assalto ao Carro Forte” (2004), acompanha H (Statham) em seus primeiros dias como segurança de uma empresa de transporte de dinheiro e mercadorias valiosas. Pouco sabemos sobre o protagonista, com o texto deixando claro apenas que há algo por trás de seus interesses. Quando impede um assalto a um carro forte, H se torna uma celebridade no meio por sua calma e seu “talento” para a violência.

A primeira parte do filme pode ser um pouco vazia, uma vez que não entendemos exatamente o que está acontecendo. É durante o segundo ato que “Infiltrado” se sai melhor, com idas e vindas temporais que nos ajudam a montar o quebra-cabeças do roteiro de forma eficaz, com as informações necessárias para que entendamos a gravidade da situação que deve explodir no clímax.

Guy Ritchie usa sua criatividade narrativa para tornar “Infiltrado” um filme ágil e com uma tensão crescente. O trabalho do editor James Herbert, parceiro habitual do cineasta, é pontual, com a narrativa não-linear sendo construída e entregue da melhor maneira possível - quando finalmente entendemos a dimensão de tudo aquilo, a expectativa é crescente para o fim.

Jason Statham no filme
Jason Statham no filme "Infiltrado". Crédito: Imagem Filmes/Divulgação

“Infiltrado” tem problemas, alguns muito claros, como o subaproveitamento de todos os coadjuvantes e uma tentativa frustrada de imprimir um clima de “rua” e camaradagem entre os colegas de trabalho de H. Josh Hartnett e Holt McCallany são vítimas de péssimos diálogos e de um inexplicável sotaque do primeiro. Já Andy Garcia, um nome que ainda chama a atenção nos créditos, pouco aparece; seu personagem parece estar ali com a definida função de criar um universo, de dar a impressão de que essa história é somente uma de muitas a serem contadas.

Como tabuleiro armado para o embate final, “Infiltrado” entrega o que o público espera de um filme de ação. Os conflitos são ótimos, com um ótimo trabalho de som potencializando o barulho das armas e os gritos dos envolvidos. É interessante também como o texto não se preocupa em preservar ninguém, ou seja, todos podem morrer. Isso que ressalta ainda mais a falta de desenvolvimento dos coadjuvantes, pois não nos importamos com eles - apenas os personagens de Jeffrey Donovan e Scott Eastwood ganham certa profundidade ao lidar com as cicatrizes do serviço militar.

Jason Statham no filme
Scott Eastwood no filme "Infiltrado". Crédito: Imagem Filmes/Divulgação

Outro aspecto curioso é como o protagonista se comporta durante o terceiro ato. H deixa a truculência de lado e opta pela cautela, uma escolha inteligente, mas que tira o personagem de boa parte da ação. E o que, afinal, o público busca em filme de Jason Statham? Jason Statham em ação, óbvio.

“Infiltrado” é um filme de momentos distintos, mas um bom filme no geral. Ele é bem mais sisudo do que os outros trabalhos de Ritchie e poderia usar mais o tempo de humor de Statham - quando o faz, reforçado pela edição, o resultado é ótimo. Ao fim, é um bom filme de ação com capacidade de transcender o gênero graças à sua montagem e trabalhos técnicos.

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