Crítico de cinema e colunista de cultura de A Gazeta

"Fate: A Saga Winx": boa aventura da Netflix traz magias e dilemas

"Fate: A Saga Winx", da Netflix, adapta em formato live-action a animação "O Clube das Winx" com uma pegada mais voltada para o público adolescente

Vitória
Publicado em 22/01/2021 às 00h04
Atualizado em 22/01/2021 às 00h04
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Série "Fate: A Saga Winx", da Netflix. Crédito: Jonathan Hession/Netflix

Em mais de 200 episódios divididos em oito temporadas (todas disponíveis na Netflix), a animação ítalo-americana “O Clube das Winx” acompanha as aventuras de um grupo de fadas alunas de Alfea, uma escola de fadas, magos, paladinos e guerreiros responsáveis por proteger o mundo de bruxas e outras ameaças. Comandadas pela poderosa Bloom, as fadas do clube vêm de planetas diferentes, cada um com seu poder, e protagonizam aventuras com estética e narrativa voltas principalmente para o público infantojuvenil.

Acontece que essa audiência cresce e acaba perdendo o interesse em uma obra que talvez já não dialogue tanto com a recém-chegada adolescência. Para esse público, a Netflix lança nesta sexta-feira (22) “Fate: A Saga Winx”, adaptação live-action da animação de sucesso que, além transformar Bloom e cia. em personagens de carne e osso, também muda detalhes da trama para torná-la mais madura e até meio sombria.

Dividida em seis episódios de pouco menos de uma hora, a primeira temporada de “Fate: A Saga Winx” é uma apresentação. Bloom (Abigail Cowen) chega a Alfea para seu primeiro dia de aula. Chegando lá, ela logo conhece Stella (Hannah van der Westhuysen), Musa (Elisha Applebaum), Aisha (Precious Mustapha) e Terra (Eliot Salt). Diferentemente do que acontece na animação, as fadas vêm de reinos, e não de mundos. Alfea se situa no Outro Mundo, mas ele diz respeito mais ao mundo mágico do que a outro planeta. Qualquer semelhança com a saga de Harry Potter não é mera coincidência.

Bloom é uma fada poderosa, mas de pais humanos, algo raro. Ela não conhecia nada sobre magia, fadas e o Outro Mundo até pouco antes do início da série. Por isso, é pelo olhar dela que conhecemos Alfea, as outras fadas, as estruturas e regras daquele mundo mágico. “Fate: A Saga Winx” também adapta o visual das fadas para algo muito mais próximo à realidade e até faz graça com a ausência de asas delas.

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Série "Fate: A Saga Winx", da Netflix. Crédito: Jonathan Hession/Netflix

Com uma primeira temporada curta, “Fate: A Saga Winx” acerta ao não demorar para revelar sua ameaça. Desde o primeiro momento, o público entende que o perigo ronda aqueles personagens. É interessante como o clima de ameaça e urgência permeia os primeiros episódios, mas os monstros não são revelados logo de caras - vemos partes deles ou os encontramos em ambientes escuros em sequências rápidas, ou seja, o mistério sobre os Queimados é mantido e gradualmente vamos descobrindo o que são, de onde vêm, e por aí vai.

Como toda boa série voltada para adolescentes, “Fate: A Saga Winx” traz diversas questões da idade. Logo são formados triângulos amorosos e discussões sobre autoestima e sexualidade ganham a tela - o texto até brinca com isso quando o núcleo adulto, de pouco destaque, conversa enquanto os adolescentes se divertem em uma grande festa. Na época deles, afinal, as coisas não eram tão diferentes assim.

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Série "Fate: A Saga Winx", da Netflix. Crédito: Jonathan Hession/Netflix

A estrutura de filme de colegial americano está presente: os populares, os nerds, os atletas, os esquisitos… É interessante ver, ainda assim, como esses grupos já se misturam com mais facilidade, sinal dos novos tempos. Apesar de a história ser centrada em Bloom, afinal é ela que representa o espectador na trama, as outras fadas também têm espaço de desenvolvimento, algumas mais do que outras.

Com bom nível de produção “Fate: A Saga Winx” não faz feio no departamento de efeitos visuais, algo que pode facilmente sair do controle em obras do tipo. Os poderes são simples (fogo, água, terra, empatia, luz…), mas filmados de maneira sempre interessante. As atrizes, apesar de estarem todas entre os 22 e 27 anos e interpretarem jovens de 16 a 18, cumprem bem seus papéis com o nível de entrega requerido. Elas compram as ideias da narrativa e tornam mais fácil que nos relacionemos com seus dilemas. O elenco masculino também vai bem, destaque para Danny Griffin, que vive Sky, e David Duggan, que dá vida a David.

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Série "Fate: A Saga Winx", da Netflix. Crédito: Jonathan Hession/Netflix

Apesar de ágil e enxuta, a série pode afastar parte da audiência quando aposta muito no clima escolar e deixa a aventura um pouco de lado - não é que essas tramas sejam ruins, elas apenas repetem histórias já filmadas à exaustão. Desde o início o público já entende os relacionamentos que serão desenvolvidos e alguns dilemas por quais os jovens passarão.

“Fate: A Saga Winx” tem tudo para agradar os fãs já crescidos de “O Clube das Winx”, mas também funciona para quem nunca ouviu falar da animação. A série cria um mundo cheio de possibilidades e magia, um universo que ganha urgência com episódios enxutos na primeira temporada, que deve servir para preparar Alfea e para as fadas para ameaças ainda maiores adiante.

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