Crítico de cinema e apaixonado por cultura pop, Rafael Braz é Jornalista de A Gazeta desde 2008. Além disso é colunista de cultura, comentarista da Rádio CBN Vitória e comanda semanalmente o quadro Em Cartaz

"Amor com Fetiche": comédia da Netflix sobre BDSM é leve e divertida

Comédia romântica coreana da Netflix, "Amor com Fetiche" segue estrutura do gênero, mas ousa com leveza ao retratar um casal vivendo um relacionamento de dominação

Vitória
Publicado em 13/02/2022 às 17h18
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Filme "Amor com Fetiche", da Netflix. Crédito: Jun Hae-sun/Netflix

“Amor com Fetiche” é uma comédia romântica até bem comportada se levarmos em consideração seu título e sua premissa. Ainda assim, o novo filme coreano da Netflix é ousado não apenas ao falar de BDSM e fetiches sexuais, mas por normalizá-los de maneira leve e assertiva em uma sociedade ainda conservadora como a sul-coreana.

O filme de Park Hyeon-jin tem início quando Jung Ji-goo (Lee Joon-Young, ex-integrante da banda U-KISS) chega ao seu novo emprego. Seu nome logo vira motivo de piada para os colegas em função da diferença de apenas uma letra para Jung Ji-woo (Seohyun, da banda Girls Generation), com todo prevendo algumas confusões com os nomes.

A previsão é certeira. Sem perceber, Ji-woo recebe uma encomenda destinada a Ji-hoo e, ao abrir, se depara com uma coleira cheia de espetos para a utilização em práticas de submissão. O rapaz até tenta se explicar, inventa uma desculpa esfarrapada, mas não cola - sua colega havia descoberto o seu segredo mais íntimo. A jovem, porém, se interessa pelo tema e firma com Ji-hoo um contrato no qual ela seria sua mestre dominadora.

“Amor com Fetiche” passa longe da glamourização e da erotização da prática de BDSM. O filme em nada lembra, por exemplo, obras como “Cinquenta Tons de Cinza. Ao invés disso, o texto prioriza o respeito mútuo e a construção da intimidade e da cumplicidade entre os dois em uma relação pouco sexualizada. É até curioso como toda a relação é construída na intimidade antes de se tornar algo definitivamente mais carnal, uma característica comum nos doramas e nos k-drama.

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Filme "Amor com Fetiche", da Netflix. Crédito: Jun Hae-sun/Netflix

Desde o início, quando firmam o contrato, Ji-hoo deixa claro que jamais irá forçar sua dominadora em alguma prática em que não se sinta à vontade. A jovem, por sua vez, estuda a relação de um mestre com seu submisso para que ela seja respeitosa e prazerosa para ambos.

A diretora Park Hyeon-jin consgeue imprimir ao filme uma leveza que torna tudo divertido - sem os calabouços sexuais, “Amor com Fetiche” cria situações cômicas acerca do funcionamento dessas relações, às vezes intencionalmente beirando a vergonha alheia e nos fazendo dividir o constrangimento com os personagens.

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Filme "Amor com Fetiche", da Netflix. Crédito: Jun Hae-sun/Netflix

O filme usa a estrutura narrativa clássica das comédias românticas, com encontro, desenvolvimento, afastamento e conclusão. Sua virada final, porém, é forçada e repentina, reforçado muito pela falta de tensão sexual entre os dois protagonistas, que funcionam bem como amigos, mas nunca conseguem vender a relação como algo sensual.

Apesar das falhas, “Amor com Fetiche” é uma leve comédia romântica que busca arcos inovadores para falar sobre aceitação própria e do outro, de compreender as necessidades e os desejos do(a) parceiro(a). Com uma ousadia limitada, mas plenamente ciente de como representar uma relação BDSM, o filme acaba oferecendo uma diversão descompromissada e segura ao inserir novos elementos e frescor a uma fórmula consagrada.

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