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Parceiro de Amaro, Erick Musso prega "novo tempo" na política capixaba

Presidente da Assembleia é aliado de Amaro Neto, Pazolini, Vandinho Leite e Xambinho. Todos estão no mesmo movimento, que passa pela eleição a prefeitos em 2020 e a governador em 2022

Publicado em 13/08/2019 às 12h34
Atualizado em 11/12/2019 às 05h40
Coluna Vitor Vogas - 13/08/2019. Crédito: Amarildo
Coluna Vitor Vogas - 13/08/2019. Crédito: Amarildo

Certo dia, quatro sapos disputaram uma corrida. Três deles eram muito fortes, enquanto o quarto era bem fraquinho. No início da prova, os três fortões dispararam na frente. Mas, conforme a corrida evoluiu, o fraquinho os ultrapassou e foi abrindo vantagem. Desnorteados, os três mais fortes começaram a gritar para ele: “Você não pode! Você não pode!”

Após a corrida, derrotados, os três sapos fortes ficaram a se lamentar: “Um de nós três, sim, mas esse é inaceitável”. E foram lá falar com o vencedor. Praguejaram com ele, reclamaram, perguntaram-lhe qual era o seu segredo. Depois de algum tempo, perceberam que o outro não respondia. E descobriram o segredo: o sapinho era surdo.

Na noite desta segunda-feira (12), a fábula do sapo foi contada pelo presidente da Assembleia Legislativa, Erick Musso (PRB), para um público de correligionários, na Associação de Moradores de Laranjeiras, na Serra, durante o encontro do PRB para posse da nova direção municipal do partido. A metáfora de Erick foi dirigida para seus aliados, mas, principalmente, para ele mesmo. “Quando disserem que você não conseguirá, seja surdo”, concluiu.

A corrida de Erick é outra, e o que ele espera conseguir (sem dar ouvidos a quem diga o contrário) é galgar cargos ainda maiores na política estadual. Aos 32 anos, o presidente da Assembleia tem planos eleitorais que passam por 2022 ou 2026. É provável que, na próxima década, o eleitor capixaba veja o nome de Erick numa relação de candidatos a governador do Espírito Santo.

O presidente da Assembleia descarta participar das eleições municipais de 2020. No momento, afirma que pretende concorrer a deputado federal em 2022. Antes disso, deve buscar se reeleger como chefe do Legislativo estadual, em fevereiro de 2021. 

Mas a coluna apurou que, se as condições estiverem reunidas, ele pode até disputar o Palácio Anchieta já na próxima eleição estadual.

Para crescer na política, Erick não está sozinho. Conforme ele mesmo reiterou nesta segunda-feira, o deputado é peça-chave de um grupo que reúne aliados dentro e fora da Assembleia, com idades próximas (todos jovens para os padrões da política) e que tem como principal puxador de votos o deputado federal Amaro Neto, 42 anos, também filiado ao PRB.

Outros integrantes do grupo – todos citados por Erick como parte desse mesmo movimento – são os deputados estaduais Lorenzo Pazolini (sem partido), 37 anos; Vandinho Leite (PSDB), 41 anos; e Alexandre Xambinho (Rede), 32 anos. Exceto por Erick, todos eles são pré-candidatos a prefeito em 2020, na Serra ou em Vitória.

Sem plano de candidatura própria, o principal estrategista e operador político do grupo é o diretor-geral da Assembleia Legislativa, Roberto Carneiro. Presidente estadual do PRB, Carneiro é grande parceiro de Erick e Amaro. Na eleição de 2016, foi vice na chapa do apresentador de TV na eleição a prefeito de Vitória. Para as próximas disputas eleitorais, deve ater-se à atuação nos bastidores. No evento desta segunda-feira, Erick apresentou Carneiro como “um amigo maior que um irmão”.

Erick Musso em evento do PRB na Serra. Crédito: Letícia Gonçalves
Erick Musso em evento do PRB na Serra. Crédito: Letícia Gonçalves

“NOVO TEMPO”

Para Erick, a consolidação e a ascensão desse grupo no cenário capixaba representa uma “mudança geracional” e o início de “um novo tempo” na política do Espírito Santo. Ao menos foi assim que ele se referiu ao movimento, no evento do PRB da Serra:

“Anotem aí: dia 12 de agosto de 2019”, disse ele, olhando para a mesa do encontro, formada principalmente por aliados dele: “Essa fotografia que vocês estão vendo aqui é a fotografia de uma mudança geracional no Espírito Santo. São pessoas que, a quatro mãos, a oito mãos, a dez mãos, farão parte desse novo tempo. E, por onde temos passado, o convite que temos feito às pessoas é que elas sejam parte desse novo tempo”, discursou o presidente da Assembleia.

Ele ressalvou a ausência de “algumas peças”, citando nominalmente Amaro, Pazolini e Vandinho.

"NOVO MOMENTO"

Também presente no encontro e convidado por Erick e Carneiro para trocar a Rede pelo PRB, Xambinho discursou na mesma linha:

“Vivemos um novo momento na política do nosso país e do nosso Estado. Através do presidente da Assembleia, Erick Musso, um jovem como eu, de 32 anos, estamos construindo um novo projeto para o Espírito Santo, onde juntos vamos construir um novo tempo para a política capixaba.”

Realmente, o deputado Erick Musso tem tido uma trajetória bastante acelerada na política. Chegou muito jovem a um posto muito elevado no tabuleiro político estadual. E de fato cercou-se de aliados que por sua vez também ocupam posições estratégicas. A combinação desses fatores lhe permite mesmo sonhar alto.

Ele e seus pares só precisam tomar cuidado para que essa “corrida de sapos” não vire uma “corrida de saco”: aquela em que às vezes, por pressa e açodamento, os participantes tropeçam e caem no chão antes do fim do percurso.

ERIC VERSUS "JURASSIC"

O presidente da Assembleia foi apresentado pelo mestre de cerimônias do encontro do PRB como “o jovem mais querido da política capixaba” e “aquele que derrotou os dinossauros do Espírito Santo”.

A referência, claro, foi à chegada de Erick à presidência da Mesa Diretora da Assembleia, em fevereiro de 2017, desbancando, na guerra de bastidores, o veteraníssimo Theodorico Ferraço (DEM), no cargo havia cinco anos.

Em seu discurso, Erick narrou a sua trajetória até a presidência e chegou a destacar o fato de ter derrotado Theodorico. Ressaltou, porém, que chegou à presidência da Casa com humildade e fez questão de render homenagem a Theodorico, manifestando seu respeito por ele e destacando que o deputado de Cachoeiro tem “seis décadas de política”.

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