É empresário do setor imobiliário, membro do Conselho Superior da Ademi-ES, mestre em Change pelo Insead (França), professor convidado pela Fundação Dom Cabral e 24º brasileiro a atingir o cume do Everest.

Por que o Salão do Imóvel ainda é relevante?

Um olhar em retrospectiva do evento revela muito não apenas sobre o desenvolvimento do mercado imobiliário no Espírito Santo, mas também sua interface com o próprio desenvolvimento da economia do Estado e do país

Vitória
Publicado em 01/06/2022 às 01h59
Imagens de drone da Praia de Camburi
Neste ano, quase 63 mil pessoas acessaram o site do Salão pelo menos uma vez, número 55% maior que o do ano de 2020 (em 2021 não teve o evento em função da pandemia). Crédito: Luciney Araújo

A Associação das Empresas do Mercado Imobiliário do Estado do Espírito Santo (Ademi-ES) realizou entre os dias 29 de abril e 8 de maio a 28ª edição do Salão do Imóvel, evento este que está entre os mais longevos do país neste segmento.

Um olhar em retrospectiva do Salão revela muito não apenas sobre o desenvolvimento do mercado imobiliário no Espírito Santo, mas também sua interface com o próprio desenvolvimento da economia do Estado e do país, sobre as transformações sociais e urbanísticas sofridas pelos munícipios, sobre as mudanças comportamentais por parte dos clientes, a busca pelo profissionalismo das empresas, além, claro, de trazer algumas histórias deliciosas sobre pessoas e empresas que ajudaram a construir este mercado.

A primeira edição do que viria ser o Salão ocorreu em 1993, na Praça dos Namorados, ainda com o nome de Feirão do Imóvel, cujo mote da campanha era “imóvel pra xuxu a preço de banana”. Embora os resultados comerciais tenham sido satisfatórios, não era preciso ser um gênio da comunicação para concluir que não parecia uma boa ideia associar um bem durável como o imóvel a produtos perecíveis como frutas e legumes, de maneira que, já para a próxima edição, o evento ganhou o nome de Salão, que o acompanha desde então.

No ano seguinte, além do novo nome, o evento ganhou uma nova casa, o recém-inaugurado Shopping Vitória, e reposicionou-se como um espaço onde os clientes poderiam não apenas realizar bons negócios, mas também conhecer as novidades trazidas pelas construtoras. Para as empresas participantes o objetivo comercial mesclava-se, assim, com a visão institucional e consolidação da marca.

Vieram, ainda, uma edição na antiga loja da Dadalto, na avenida Princesa Isabel, e outras no Centro de Convenções até o evento estabelecer-se no Pavilhão de Carapina, entre 2007 e 2014. Era a primeira vez que o Salão ocorria fora da Capital. Mais que um novo local, esta mudança era o retrato do momento pujante que o setor vivia. O marco regulatório que viria promover o crédito para a produção e facilitá-lo para o cliente abriu o mercado imobiliário, antes restrito ao segmento de médio e alto padrão, para os chamados produtos “econômicos” e a Serra era a bola da vez. Os mega-stands e os corredores lotados de visitantes retratavam o entusiasmo daquele momento. Todo este crescimento trouxe uma nova demanda: o desenvolvimento profissional. Acoplado à realização do evento, passou a acontecer o Ciclo de Palestras. Estava formado o tripé que definiu o Salão pelos anos seguintes: comercial, institucional e qualificação profissional.

Nenhum evento, porém, consegue ser maior do que a própria realidade. A crise que se abateu sobre a economia em meados da década de 10 e a nova maneira do cliente buscar um imóvel e das empresas o divulgarem, através da internet e redes sociais, fez com que o Salão precisasse, mais uma vez, se reinventar. As edições seguintes passaram novamente pelo Shopping Vitória, fizeram um ‘pit stop’ no Shopping Vila Velha até atingir o formato atual, 100% virtual.

Neste ano, quase 63 mil pessoas acessaram o site do Salão pelo menos uma vez, número 55% maior que o do ano de 2020 (em 2021, em função da pandemia, o evento não foi realizado). Vitória respondeu por 49,1% deste total, seguida por Vila Velha, com 33,5% e Serra, 14,2%. Quanto à tipologia, os imóveis de 2 quartos lideram as buscas (48,6%), seguidos pelos de 3 quartos (35,4%) e 4 quartos (7,1%). Já em relação aos valores, os números corroboram que o momento, de fato, é dos imóveis de médio e alto padrão: de R$ 600 mil a R$ 1 milhão respondeu por 32,2% dos acessos e, acima de R$ 1 milhão, 16,3%.

Se o Salão do Imóvel funciona como uma fotografia do mercado imobiliário no seu momento atual, a imagem que ele nos revela ao fazermos esta breve retrospectiva, é repleta de reflexões. O Salão testemunhou o nascimento de empresas inovadoras que tornaram-se líderes, a morte de outras que sucumbiram a erros de gestão ou a decisões equivocadas e ao fortalecimento de várias que souberam adaptar-se aos desafios do tempo. Mas há, talvez, uma lição maior de sobrevivência a ser aprendida nestas quase 30 edições do evento: a força que um setor empresarial adquire quando os seus líderes atuam em associativismo, buscando soluções conjuntas, aprendendo com os erros e acertos uns dos outros, corrigindo rumos, superando crises e celebrando vitórias.

Vida longa ao Salão do Imóvel!

A Gazeta integra o

Saiba mais
imóveis Mercado imobiliário Imóveis Ademi

Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rápido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem.

Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta.

A Gazeta deseja enviar alertas sobre as principais notícias do Espirito Santo.