Colunista de A Gazeta Orlando e mestre em ciencias politicas e faz analises diarias do cenario politico capixaba

Japão e EUA sinalizam que a economia mundial pode entrar em recessão

A "japonização" elevada à escala global e a inversão da curva de juros nos EUA merecem atenção

Publicado em 04/09/2019 às 10h31
Atualizado em 08/09/2019 às 03h59
Estados Unidos e Japão. Crédito: Divulgação
Estados Unidos e Japão. Crédito: Divulgação

Parece haver um consenso de que a economia mundial ingressa numa fase de desaquecimento que poderá até evoluir para uma recessão. O que seria indesejável e ruim, neste momento, para a economia brasileira, que poderia ter a janela externa fechada e, ainda, desencadear reações mais fortes e imediatas internamente.

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Na linha que se desenha, dois sinais chamam a atenção e servem de alerta: A “japonização” elevada à escala global e a inversão da curva de juros de curto e longo prazos nos Estados Unidos.

Evidentemente, esses dois sinais merecem, antes de tudo, serem decifrados. No primeiro caso, estamos falando de uma possível contaminação do ambiente econômico internacional pelo fenômeno observado no Japão e que já se estende por longos anos.

Tem a ver com a evidência, que parece se mostrar incontestável, da ineficácia de uma política monetária de juros baixos e até negativos em promover um crescimento mais duradouro da economia. Há mais de 20 anos a economia japonesa mantém-se quase estagnada.

Em situações de normalidade, e também em bases teóricas e empíricas, o que se esperaria é que juros baixos pudessem alimentar o consumo, pela via do crédito, e especialmente investimentos produtivos. Porém, não é isso o que vem acontecendo no Japão. A política de “easy money” não funcionou e continua a não funcionar. O temor é de que esse fenômeno, que é novo, já esteja em operação em países da Europa. Lá também os juros já chegam a patamares muito baixos, e em alguns casos até negativos. Ou seja, dinheiro não falta. Falta quem os tome e o faça crescer a partir da economia real.

O outro sinal, que também não deixa de levantar preocupações, diz respeito a um evento, não tão comum, caracterizado pela ocorrência do fenômeno de inversão das curvas de juros de curto e longo prazos de títulos do tesouro nos Estados Unidos. Segundo tese defendida pelo pesquisador americano Campbell Harvey, da Duke University, e descobridor do fenômeno, toda vez que isso ocorre acontece, na sequência, uma recessão. Sua tese, que foi publicada em 1986, foi testada durante mais de 30 anos. Inclusive comprovada na crise de 2008.

Pela tese em questão, a economia americana poderá entrar em fase de recessão brevemente ou nos próximos anos. A interpretação que se pode dar à inversão das curvas de juros é de que os agentes econômicos, ao perceberem a iminência de risco no curto prazo, passem a optar por maior segurança – neste caso, a “corrida de proteção” por títulos do tesouro americano de longo prazo, que ao serem mais demandados têm seus preços elevados e oferecem, consequentemente, ganhos futuros.

Na direção oposta caminham os títulos de curto prazo. Na normalidade americana do mercado de títulos do tesouro, juros de longo prazo são sempre superiores aos de curto prazo. São sinais de alerta que merecem atenção e não devem ser desprezados.

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