É psicológa, pedagoga e teóloga com doutorado pela PUCSP. Se tornou uma cientista do comportamento para compreender o que move os relacionamentos humanos

A síndrome do ninho vazio

Quanto melhor pai (ou mãe) você for, mais independentes seus filhos serão de você!

Publicado em 27/10/2019 às 06h01
Atualizado em 27/03/2020 às 16h24
Casal contempla paisagem: síndrome do ninho vazio. Crédito: Unsplash
Casal contempla paisagem: síndrome do ninho vazio. Crédito: Unsplash

Síndrome do ninho vazio é um processo que aponta para o ciclo natural e implacável da existência. Os filhos crescem, deixam a família e vão trilhar suas caminhadas. Tornam-se independentes e decidem morar sozinhos, ou porque vão casar, ou vão cursar uma universidade ou buscar mais autonomia. A solidão física e emocional é a principal característica dos pais ou tutores quando seus filhos deixam seus lares. Essa etapa evolutiva pode fazer com que os pais se sintam profundamente abatidos, gerando tristeza, vazio, sensação de inutilidade, incapacidade de concentração, fadiga, preocupação excessiva e até sentimento de culpa, quando a relação entre pais e filhos foi frágil ou tensa.

Só que o fato de os filhos estarem distantes não significa a perda deles, e sim uma nova forma de convivência. A aceitação faz parte do recomeço, não só para eles, que sairão em busca de novos desafios e experiências, mas também para os pais, com um novo conceito de vida e de novas perspectivas. É tempo de renovar os planos de vida, tanto individuais quanto matrimoniais, enxergar nessa situação, que a princípio parece negativa, a oportunidade de dedicar mais tempo e energia a si mesmos em busca de novas experiências e satisfação pessoal.

A mãe (o pai) está feliz em ver seus filhos crescidos e autossustentáveis, mas sofre com a saída deles de dentro de casa. É tempo de converter toda a atenção dada a eles para si própria novamente. É tempo de reorganização dos afetos. É comum surgir o pensamento: será que criei bem meus filhos? Essa preocupação é recorrente em pais amorosos, mesmo os que não manifestavam seu amor com o toque, o carinho. Só que nem por isso eles são menos cheios de amor afetuoso, amigo, respeitoso e partícipe para com seus filhos. A falta do toque abre para a “des-pedida” que sempre hesita.

Quão adorável será ver aqueles homões na vida adulta, chamando você de paizinho ou mãezinha. Resultado de uma ação graciosa e empática, sem precondições. Por parte dos filhos, seria sadio não deixar que as responsabilidades do mundo chamado adulto furte os ambientes infinitos que produzem imagens reminiscências e memórias afetivas para a eternidade. Do contrário, sobra apenas a aridez desértica das lógicas que só enxergam o que parece ser e ter.

Quanto melhor pai (ou mãe) você for, mais independentes seus filhos serão de você! O maior legado dos pais é permitir que os filhos voem e escolham, por si mesmos, em autocompaixão, retornarem a vocês, como lugar de testamento e de baú das esperanças, em forma de sua maior herança. O amor sempre sabe o caminho de volta.

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