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Gente madura tem saudade dos áureos tempos de Vitória

Sem exageros, esse pedaço da ilha de Vitória era lugar próprio para criar amizades e encontrar amores

Publicado em 22/08/2019 às 13h37
Atualizado em 29/09/2019 às 18h22
Saudades dos outros tempos de Vitória. Crédito: Amarildo
Saudades dos outros tempos de Vitória. Crédito: Amarildo

Newton Braga inventou a Festa de Cachoeiro há uns 80 anos para celebrar reencontros. Naquele tempo, quem tinha condições ia estudar no Rio e vinha passar as férias em casa. Como o dia de São Pedro, padroeiro da cidade, é 29 de junho, bem na boca das férias escolares, ele resolveu aproveitar a data e marcar a festa. Deu certo. Dá gosto de ver meus conterrâneos se abraçando, rindo e falando alto quando se encontram lá na terrinha.

Pois então. Amanhã acontecerá a sexta edição do Encontro dos Amigos da Praia do Canto, lá na Curva da Jurema. É um movimento idealizado por Marisa Guimarães, minha colega de piscina, para reunir em lugar aberto, perto do mar, pessoas das mais diferentes turmas e patotas de antigamente.

Não sei como a ideia vingou, mas deve ter sido por conta do saudosismo fundamentado que acomete muita gente madura como eu, que passou a sua juventude na Praia do Canto e, também, na Praia de Santa Helena e na Praia Comprida, que saiu do mapa.

Sem exageros, esse pedaço da ilha de Vitória era lugar próprio para criar amizades e encontrar amores, andar de bonde e de bicicleta sem freio, subir morro para ver o mundo do alto, pegar lagosta miúda, pescar carapau valente, remar mar adentro, velejar por curtição e em regatas oficiais, jogar pelada e vôlei na rua e frescobol nas areias da praia do Barracão, nadar contra o relógio no Praia Tênis Club, pegar onda em Camburi, não perder festa de debutante, esperar a vez na fila do galeto no Iate Club, ouvir músicas inspiradoras, namorar muito, dançar apertadinho e voltar pra casa a pé, sem medo.

É bom saber que será lançado um livro com histórias e relatos escritos por pessoas que tiveram o privilégio de morar naqueles bairros tão especiais, então livres de prédios enormes e trânsito pesado. Quero crer que a vida mansa, alegre e cordial que vivemos ali tenha sido idealizada pelo sanitarista Saturnino de Brito ao projetar, lá pelos idos de 1890, o chamado Novo Arrabalde, com ruas largas e traçado que valorizava as enormes formações rochosas existentes. Quem viveu, viveu.

 

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