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Gasolina, dólar alto e crise argentina afetam o bolso do capixaba

Encher o tanque com 40 litros de gasolina custa 8,1% do salário médio no Brasil. Na Noruega, apenas 1,6%

Publicado em 29/08/2019 às 13h42
Atualizado em 29/09/2019 às 16h32
Carro sendo abastecido em Vila Velha. Crédito: Fernando Madeira
Carro sendo abastecido em Vila Velha. Crédito: Fernando Madeira

Estamos pagando alto preço pela crise Argentina. A decisão de Macri de pedir moratória ao Fundo Monetário Internacional respinga no Brasil, tende a pressionar mais o dólar, juntamente com incertezas na economia global.

> Crise argentina pode aumentar até preço do pão no ES. Entenda

O valor já aumentou mais de 5% neste mês e ronda a casa dos R$ 4,20, apesar do volume de dólar oferecido pelo Banco Central ao mercado. O BC está ‘lucrando’ ao vender as reservas internacionais com dólar caro, mas a população está perdendo dinheiro. A desvalorização do real gera inflação. Até o pãozinho tende a ficar mais caro, porque o trigo é importado.

Compensaria para o Espírito Santo, de certa forma, se a alta do dólar também empurrasse para cima o preço do café. Mas não é isso que acontece, porque os estoques mundiais são abundantes. Há excesso de oferta.

Também por conta do dólar, a Petrobras aumentou em 3,5%, desde ontem, o preço da gasolina nas refinarias. É uma pancada. Espera-se que esse porcentual não seja todo repassado às bombas. Equivale à inflação acumulada em 12 meses pelo IPCA na Região Metropolitana da Grande Vitória. A arrecadação do governo sobe, porque aproximadamente 44% do preço da gasolina é imposto.

Veja como é significativo o preço da gasolina no dia a dia dos brasileiros. Considerando o valor médio de R$ 4,60 nas bombas, encher o tanque com 40 litros de gasolina custa R$ 184, ou seja, 8,1% do salário médio no país (R$ 2.285). Para os noruegueses, um tanque com 40 litros representa apenas 1,6% do salário. Consequências na nossa economia: redução do poder de compra de grande parte da sociedade e asfixia do lucro de micro e pequenos empreendimentos.

É óbvio que o comércio exterior pode ser afetado pela crise argentina. Há incerteza sobre a demanda dos produtos embarcados no litoral capixaba para o mercado portenho, que renderam US$ 170 milhões, até julho. Tratam-se principalmente de minério de ferro, café, aço, material de construção e chocolate.

No mesmo período, as importações da Argentina pelo ES somaram R$ 267,5 milhões. Nossa balança está deficitária, mas isso não é o principal. Ruim mesmo é o encarecimento de produtos: comprime a margem de lucro de muitas empresas, dificulta vendas no comércio.

E a possível volta do kirchnerismo à Argentina, com a eleição de Alberto Fernández, que tem Christina Kirchner como vice, pode criar um clima de atrito com o Brasil capaz de contaminar o Mercosul, com inevitáveis prejuízos econômicos.

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