O ex-secretário Estadual da Segurança Pública André Garcia criticou o plano piloto de segurança do governo federal e a atuação da Força Nacional em Cariacica. Para ele, o reforço da tropa de 100 homens e mulheres não fará diferença no cotidiano da cidade que tem os maiores índices de homicídio do Estado (88 em julho de 2019).
A ação da Força Nacional em Cariacica faz parte do Programa Nacional de Enfrentamento à Criminalidade Violenta, adotado pelo Ministério da Justiça cinco municípios das cinco regiões brasileiras e que têm problemas mais acentuados com os crimes contra a vida.
André Garcia aponta dificuldades para o sucesso do programa na terceira maior cidade do ES. "O governo federal está aplicando uma força com um quantitativo irrelevante no contexto local, mesmo em Cariacica, com 80 homens da PM de outros Estados que não conhecem o terreno. Os policiais vão ter que fazer um trabalho em quatro meses com um diagnóstico que ainda vai ser formulado com a expertise das forças locais", analisou o Garcia, que foi secretário de Segurança de Paulo Hartung em dois mandatos e secretário de Ações Estratégicas; da Justiça; e da Segurança Pública no primeiro mandato de Casagrande.
Sem impacto
O choque na segurança pública, anunciado pelo governo federal, também foi criticado por Garcia. "Eu acho que esse trabalho não vai impactar nem em Cariacica e muito menos isso se configura numa política nacional de segurança pública. O que o governo está chamando de choque na segurança pública, pra mim, está muito longe disso".
Para Garcia, uma política de segurança não funciona se não tiver continuidade, escala e estabilidade no financiamento."Sem isso, o que nós vamos ter é um conjunto de projetos piloto. E qual a expectativa que vamos ter com esse processo? Uma expectativa muito baixa", diz. "E começando com cinco municípios? Quantos municípios o país tem? Quais aqueles que precisam de uma intervenção maior? Por melhor que sejam, os 80 homens vão fazer alguma diferença nas ruas de Cariacica, sem conhecer o terreno?".
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Por fim, ele lamenta: "Ficamos com a sensação de que perdemos muita energia no passado e agora vamos com um projeto em cinco municípios do país, num cenário de recessão muito forte, com pouco recurso".
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