
O Brasil deu um salto espetacular no agronegócio nos últimos 50 anos. Somos os maiores exportadores de açúcar, soja, café, suco de laranja, celulose e carne bovina e de frango, conforme reportagem da revista “Exame”. Vários fatores contribuíram, incluindo novas tecnologias, boa parte desenvolvida no Brasil. Mas o conhecimento sobre a agricultura impacta mais a produção do que insumos.
É o que diz o fundador da Embrapa, Eliseu Alves: “Para produzir frutos ou grãos, uma semente precisa estar associada a conhecimentos como adubação, irrigação, manejo de solos, controle de pragas e doenças. O salto foi dado com a capacitação de nossos profissionais. Eles desenvolveram sistemas de gestão e produção, adaptaram, criaram novos insumos e fizeram a informação chegar ao campo”. O Incaper e a Biotecnologia da Ufes deram boa contribuição nesse processo.
De 1975 a 2015, a produção brasileira de grãos mais que sextuplicou, com um aumento de apenas 150% da área plantada. A oferta de carne de frango foi multiplicada por 22. O rendimento médio do arroz cresceu 315%.
Dois grandes movimentos tecnológicos dão novo impulso ao agronegócio: a biotecnologia e a digitalização. Edição genética, biologia sintética, satélites, drones, visão computacional, realidade virtual e aumentada, big data, analytics, inteligência artificial e sensores são tornados operacionais por milhares de startups, incluindo a surpreendente capixaba Olho do Dono, que pesa boi pela fotografia. Porém, não é o bastante.
A Holanda é menor que o Espírito Santo, mas é o 2º país em valor das exportações de produtos agropecuários (o Brasil é o 4º) e o 1º em ambiente para o comércio internacional (Brasil em 106º). Com inteligência, tecnologia e logística, a Holanda obtém US$ 114 mil dólares por hectare plantado - o Brasil extrai US$ 1.100 por área equivalente. Não planta café, mas exporta quase 20% das exportações brasileiras. Não tem cacau, mas é o maior processador mundial desse produto. Segundo o Fórum Econômico Mundial, a Holanda tem o 2º melhor serviço portuário (Singapura em 1º). O Porto de Roterdã (sócio do Porto Central), o maior da Europa, movimenta três vezes o volume do Porto de Santos.
Conclusão: sucesso no agronegócio não é só tecnologia, mas também logística, canais de distribuição, ambiente de negócio, inteligência, recursos humanos e conhecimento. E, cá entre nós, poderíamos aproveitar mais as relações comerciais com Singapura, dona do estaleiro Jurong, o melhor do Brasil, e com a Holanda, pelo Porto Central, dois projetos espetaculares no Espírito Santo e que precisam de maior apoio político.
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